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segunda-feira, setembro 16, 2024
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Gran Cine Bardot reabre as portas nesta sexta-feira (30) em Búzios

A partir desta sexta-feira (30), o icônico cinema retoma sua programação como sala multiuso, abrigando diversas atividades culturais e um centro de estudos

Após um ano de espera, o Gran Cine Bardot, um dos mais importantes espaços culturais da região dos Lagos e do Norte Fluminense, reabre suas portas nesta sexta-feira (30), repaginado. Depois de uma grande reforma, o cinema passa a funcionar como uma sala multiuso, trazendo uma programação diversificada, que inclui exibição de filmes, apresentação de teatro, oficinas e workshops. Um retorno que simboliza não só a volta deste importante espaço de cultura de Búzios, mas também, o início de uma nova fase, que promete integrar ainda mais a comunidade local, os turistas e visitantes com a indústria do audiovisual e as artes em geral.

Com projeto arquitetônico assinado por Pablo Benetti, o mesmo que o concebeu há 30 anos (responsável pela construção do Estação Botafogo e do Teatro Poeira, entre outros importantes espaços do Rio de Janeiro), a partir de agora, o Gran Cine Bardot deixa de ser apenas um cinema para se tornar um estúdio de formação cultural com apresentações teatrais de pequeno e médio porte (inicialmente voltadas para o público adulto) e uma programação abrangente e contínua.

“Sinto que agora o Cine Bardot passa a cumprir plenamente o seu papel, sendo ocupado diariamente com novas atividades para a população, reafirmando a nossa orientação que sempre foi de proporcionar e desenvolver cultura em Búzios”, diz Ana Paz, fundadora do cinema ao lado do marido Mario José Paz.

Com um acervo de mais de seis mil títulos, o novo programa também vai contar com um Cineclube, que oferece sessões de cinema gratuitas regulares para a comunidade, em circuitos voltados tanto para o público infantil quanto para adultos, organizados em ciclos temáticos, como mostras de diretores fundamentais e temas específicos.

Outra novidade são as Oficinas de Audiovisual, Teatro, Corpo e Literatura, todas voltadas para iniciantes. Nas oficinas de audiovisual, os alunos aprendem a filmar usando câmeras de celular, com foco em técnicas básicas como plano sequência, edição, montagem e sincronização de áudio. As oficinas de teatro se concentram em jogos de improvisação e construção de pequenas cenas, enquanto as de corpo abordam consciência corporal e presença cênica. A de literatura, por sua vez, tem enfoque em dramaturgia e roteiro. As vagas serão divididas igualmente entre estudantes da Rede Pública de Ensino (gratuitas) e o público geral (pagas), a partir de 17 anos.

Com o intuito de aprofundar ainda mais as habilidades dos participantes e dialogar com profissionais e artistas de outros lugares, a grade também inclui workshops variados, que pretendem se articular com as oficinas. “Se um período da oficina de teatro estiver focado em técnicas de interpretação do teatro norte-americano, um workshop pode, por exemplo, trazer um especialista para ampliar esse conhecimento”, explica Francisco Paz, filho de Mario e Ana, que passa a assumir a coordenação do espaço.

Já a partir desta sexta (30), o cinema começa a exibir sua grade normal de filmes, trazendo para a população de Búzios o que há de melhor no circuito brasileiro de cinema, incluindo obras nacionais e internacionais, adultas e infantis (com versões dubladas e legendadas). “O Cine Bardot continua sendo um cinema de arte, priorizando a qualidade artística e cinematográfica, ao invés do retorno comercial da sala. Mas, ele também amplia a sua programação no sentido de trazer filmes blockbusters, por exemplo, além de sessões dubladas para atender um público que não está acostumado a ver cinema com legendas”, explica Francisco.

Além das atividades já mencionadas, há planos de trazer música, stand-up comedy e outras artes performáticas, transformando o espaço em um catalisador de artistas, estudantes e amantes das artes.

“Queremos trazer para Búzios uma programação de qualidade que estimule a interiorização da cultura. Não podemos seguir nesse êxodo cultural que o Brasil vive desde sempre, em que os jovens precisam sair de onde moram para se desenvolver artística e culturalmente, ou que um morador precise se deslocar e viajar até a capital para ter acesso a algum bem cultural. Devemos levar para o interior não só a possibilidade de formação como também de fruição das artes, para que todos tenham uma oferta similar a dos grandes centros”, diz Francisco.

BÚZIOS FILM COMMISSION

Juntamente com a reabertura do Gran Cine Bardot, a Prefeitura de Búzios vai anunciar a criação da Búzios Film Commission (Escritório Municipal de Apoio a Produção Audiovisual), vinculada à Secretaria Municipal de Cultura da Prefeitura de Armação dos Búzios. O principal objetivo é atender todas as demandas de produções audiovisuais realizadas na cidade, promovendo o desenvolvimento do turismo regional, além de gerar emprego e renda para artistas, técnicos e prestadores de serviço na cidade, provocando um impacto positivo em outros setores, como o turismo e o comércio local.  

O primeiro passo estratégico internacional é a assinatura de um Memorando de Entendimento (MdE) entre a Búzios Film Commission e a Buenos Aires Film Commission, que será oficializada na cerimônia de abertura, 29 de agosto, com a presença de Carolina Cordero, Diretora Geral de Desenvolvimento Cultural e Criativo do Ministério de Cultura da Cidade de Buenos Aires.

“A Búzios Film Commission, incentivada pelo Presidente da LATC, Steve Solot, coloca mais uma vez Búzios dentro da indústria nacional e internacional do audiovisual. Isto é coerente com a posição que a cidade ocupa como terceiro destino turístico do Brasil”

HISTÓRIA E LEGADO

Completando 30 anos, o Gran Cine Bardot foi concebido por Mário José Paz e Ana Paz, que sentiram a necessidade de ter um cinema na cidade onde moravam, já que não existia nenhum. Com investimento próprio, criaram o espaço, anexo à pousada da família Vila do Mar, construída em 1980.

A inauguração, em 1994, foi marcada junto com a realização do primeiro Búzios Cine Festival que, desde então, se tornou um evento emblemático na cidade. Ao longo de suas 27 edições, o Búzios Cine Festival exibiu aproximadamente 530 filmes inéditos, distribuídos entre a sala do Gran Cine Bardot (cerca de 325 filmes), a Praça Santos Dummont (aproximadamente 150 filmes) e o Cine Teatro da Rasa (cerca de 55 filmes). Esses filmes atraíram um público estimado em 200.000 pessoas, consolidando o festival como um dos eventos culturais mais importantes da região.

O festival foi palco de lançamentos nacionais de inúmeros filmes marcantes, como “007 – Um Novo Dia para Morrer”, “Minha Mãe é Uma Peça 2”, “O Segredo de Seus Olhos”, “O Filho da Noiva” e “Priscila, a Rainha do Deserto”, atraindo grandes nomes do cinema mundial, como os diretores Carlos Saura e Bernardo Bertolucci, e atores renomados como Javier Bardem, Ricardo Darín e Isabelle Huppert. Do Brasil, sempre participaram figuras de primeira linha como Cacá Diegues, Zelito Vianna, Daniel Filho, Paulo José, Lázaro Ramos, José Wilker, Zezé Polessa, Fernanda Torres, Andrucha Waddington, Tony Ramos e Vera Fischer, entre tantos outros.

Além disso, dentro do festival, acontecia o “Show Búzios” onde todos os distribuidores, exibidores, produtores, artistas e diretores se reuniam para confraternizar e fazer negócios na cidade. Com 17 edições, o evento tornou-se o maior encontro do mercado audiovisual brasileiro.

O Gran Cine Bardot também desempenhou um papel fundamental na formação da cidade, sendo o local de posse do primeiro prefeito e da primeira Câmara de Vereadores, antes mesmo da emancipação oficial de Búzios em 1995. Foi a partir do Gran Cine Bardot, sob a liderança de Mario José Paz, que outros espaços culturais foram construídos na cidade, como a Casa De Cultura, onde hoje funciona o Espaço Circolo Social, o Espaço Zanine e o Cine Teatro Da Rasa. Outro importante legado deixado pelo cinema são as famosas esculturas em bronze criadas pela artista Christina Motta, como da Brigitte Bardot, na Orla Bardot, e dos Três Pescadores, na Praia da Armação, que tanto encantam os milhares de turistas que passam pela cidade.

SOBRE OS FUNDADORES

MARIO JOSÉ PAZ é brasileiro naturalizado; advogado formado pela Universidade Católica de Rosário, Argentina; ator graduado pela CAL, Rio de Janeiro; empresário de turismo; e produtor cultural.

Morador de Búzios desde o fim dos anos 70, é dono da Pousada Vila Do Mar, construída em 1980, onde depois, em 1994, fundou em anexo o Gran Cine Bardot. Desde então, realiza o Festival Internacional de Cinema que está na sua 27ª edição. Criou e presidiu a Fundação Cultural de Búzios. Em sua gestão construiu a Casa De Cultura, onde hoje funciona o Espaço Círculo Social e o Espaço Zanine. Foi presidente da Associação Comercial e diretor da Associação de Hotéis de Búzios. Conseguiu patrocínio na iniciativa privada e construiu o Cine Teatro Da Rasa.

No Rio, trabalhou como ator em cinema com os diretores Daniel Filho, Lucia Murat e Wolf Maia e no exterior com Gabriel Rettes (México), Luis Barone e Marcos Carnevale (Argentina). No teatro, trabalhou com Amir Haddad, Paulo José, Ticiana Studart, Marcos Palmeira, entre outros. Representou o Festivaival de Búzios nos Festivais de Cinema de: Havana, Chicago, Lima e Cartagena. Organizou e administra o Dvd Cine Bardot, uma coleção de 6 mil títulos. Trabalhou como ator na TV Globo e participou nas novelas Viver a Vida, Malhação, O Astro, Caminhos das Índias e A Vida Da Gente

ANA PAZ cursou jornalismo na PUC Rio e é atriz graduada pela CAL. Trabalhou como protagonista sob a direção de Massoud Saidpur, Moacyr Góes, Eduardo Tolentino, Celina Sodré e Márcio Vianna em textos de Pirandello, Ionesco, Büchner, Shakespeare, Artaud entre outros. Dirigiu a peça CORA CORALINA, indicada pelo Jornal O Globo entre os dez melhores espetáculos do ano. Em ópera, foi assistente de direção de Eduardo Alvares e produziu peças de teatro no Rio e SP, tendo recebido o prêmio APCA e CONTIGO de melhor espetáculo, e duas indicações para o prêmio SHELL. A peça de teatro ROSA, que também produziu e dirigiu, recebeu indicação ao Prêmio Shell e APTR de Melhor Atriz no Rio e Qualidade Brasil e APCA em São Paulo. Produziu e atuou no longa-metragem argentino CORAZÓN DE LEÓN, maior bilheteria do ano no país.

Sabrina Sá
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