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22/11/2024 — 19:28
  (Horário de Brasília)

‘Faraó dos Bitcoins’ encomendava morte de traders concorrentes, diz polícia

Reportagem do portal O DIA teve acesso às conversas onde Glaidson Acácio encomendava o assassinato de Wesley Pessano. Mensagens foram trocadas em abril e maio, poucos meses antes do assassinato do trader

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Policiais da 125ª DP (São Pedro da Aldeia) concluíram que Glaidson Acácio dos Santos, o Faraó dos Bitcoins, encomendava as mortes de seus concorrentes no mercado de captação de clientes para investimentos em criptoativos. Neste sábado (18), foi cumprido mandado de prisão preventiva contra ele da Operação Sarcófago, que visava capturar integrantes da organização criminosa responsável pela morte do trader de criptomoedas Wesley Pessano, de 19 anos, em julho. No último dia 14, o investidor já havia se tornado réu por ter comandado a tentativa de homicídio contra outro trader, Nilson Alves da Silva, o Nilsinho.

Glaidson foi preso pela Polícia Federal (PF) na Operação Kryptos, em 25 de agosto, por crimes envolvendo fraudes financeiras e esquema de pirâmide.

Os agentes conseguiram chegar a essa conclusão após a prisão de Ananias da Cruz Vieira, em novembro, no Espírito Santo, e o relatório produzido pela PF a partir da análise dos celulares do Faraó dos Bitcoins. Conversas em aplicativos de mensagens revelaram que o Faraó enviava mensagens para Daniel Aleixo Guimarães, o Dani Boy, encomendando homicídios, tentativas de homicídio e intimidações contra os seus concorrentes, por interesse econômico.

Reportagem do portal O DIA teve acesso às conversas onde Santos encomendava um crime contra Pessano. Nos diálogos, Santos reclama da atuação do concorrente para Dani Boy, se demonstrando incomodado com o crescimento dele no mercado financeiro de criptoativos e diz que não pode deixar isso acontecer. As mensagens foram trocadas em abril e maio, poucos meses antes do assassinato de Pessano.

“Tem um trade, aqui de Cabo Frio, Sr. Pessano, q tá (sic) tentando os meus investidores. Não posso deixar isso acontecer. (…) Quero decisão. No jardim. Você consegue? Segunda-feira. Faz e acertamos, primeiro faz”, escreveu Santos.

Em seguida, Santos chega a pedir que o sócio, como ele se refere a Dani Boy, realize “uma grande obra” e que seu pagamento seria um carro. Para a polícia, Glaidson demonstra cobrar urgência ao colocar um prazo para que o serviço fosse feito contra o concorrente de Jardim Esperança, bairro de Cabo Frio.

“Aquela grande obra que você sabe fazer e os engenheiros do sul. Faz no Jardim Esperança”, pede o Faraó dos Bitcoins, que tem “alinhando”, como resposta do comparsa. Logo em seguida, Santos pede “Faz bonitão”, e Dani Boy pergunta “meu carro, já encomendou?”. Faraó responde pedindo primeiro que o serviço seja feio na data e local pedido por ele e que depois o pagamento seria feito. “Jardim esperança é segunda-feira. Isso é mole pra mim. Tá meu sócio (sic)”.

Pessano era concorrente direto da GAS Consultoria Bitcoin, empresa do Faraó. Enquanto Santos garantia uma rentabilidade mensal de, pelo menos, 10%, o jovem prometia aos seus clientes 36% de juros mensais com os investimentos. Ele foi executado a tiros em São Pedro da Aldeia.

Operação Sarcófago

Neste sábado (18), os agentes tinham o objetivo de cumprir mandados de prisão preventiva e busca e apreensão contra Dani Boy, e seu irmão Filipe Aleixo Guimarães, que foi encontrado em uma casa em Jacarepaguá.

Os policiais da 125ª DP apuraram que Dani Boy, que ainda não foi capturado, era um dos homens de confiança do Faraó dos Bitcoins na organização criminosa montada para intimidar e matar a concorrência. Ele teria chegado a abrir uma empresa de fachada junto com Filipe. O empreendimento, batizado de G.A.I, teve um capital inicial de R$ 5 milhões e simulava a prestação de serviços de inteligência, segurança e transporte de valores, mas na verdade os serviços prestados por eles se tratavam de um grupo de extermínio.

Os investigadores descobriram que Dani Boy era o responsável por receber as ordens do Faraó e planejar os crimes, contratando os criminosos que iriam praticar os homicídios, ataques e ameaças, e vendo o melhor local e data para que o serviço fosse feito.

Já Filipe, que não tinha antecedentes criminais, dava suporte aos comparsas presos e foragidos, segundo a polícia. Os agentes acreditam que ele tenha entrado na organização criminosa por conta do irmão.

Dani Boy já possuía passagens pela polícia e chegou a ser preso por homicídio contra o ex-prefeito da cidade Macuco, Rogério Bianchini, em 2015.

Redação
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