27/08/2025 — 13:58
  (Horário de Brasília)

Famílias contam versões diferentes sobre briga entre alunos em escola de Cabo Frio

Adolescente foi apreendido após agredir colega; enquanto mãe da aluna fala em lesão corporal, parentes do rapaz dizem que ele tentou evitar o confronto

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As famílias dos dois adolescentes envolvidos em uma briga dentro da Escola Municipal Professor Edilson Duarte, no bairro Jardim Caiçara, em Cabo Frio, apresentaram versões diferentes sobre o caso ocorrido nesta segunda-feira (4), durante o horário escolar. De um lado, a mãe da aluna afirma que a filha foi vítima de uma agressão grave por parte de um colega de turma. Do outro, os parentes do adolescente alegam que ele tentou evitar o confronto e foi atacado assim que saiu do banheiro.

Segundo a mãe, a filha havia feito um desenho de uma personagem de anime no quadro. O colega teria apagado o desenho e, em seguida, teria afirmado para outra aluna que a menina estaria portando uma navalha e que pretendia cortá-la. “Ele queria causar uma briga interna entre duas meninas. Mas como não conseguiu, minha filha foi tirar satisfação com ele, sim, pra saber o porquê dele inventar que ela tinha uma navalha”, contou.

A adolescente, segundo a mãe, nunca teve amizade nem desavenças anteriores com o menino. “Nunca tinham conversado, mesmo sendo da mesma turma”, afirmou. Ela conta que, durante a discussão, a estudante deu um soco no colega. Após isso, ainda segundo o relato, o garoto teria reagido puxando a jovem pelos cabelos, derrubando-a no chão e agredindo com mais violência.

O momento mais grave, conforme ela, ocorreu quando a filha já estava no chão e recebeu um pisão no rosto. “Nada justifica o (…) soco que ela deu nele, mas não justifica você querer dizer que você se defendeu [pisando] na cara do outro, sendo que ela já estava no chão; o pisão na cara é configurado lesão corporal, ele teve intenção de fazer sim”, afirmou.

A mãe também criticou os supostos argumentos apresentados por familiares do garoto, que teriam alegado que o jovem faz tratamento psicológico no CAPSi e toma medicação controlada. Para ela, “isso não isenta o agressor da responsabilidade”.

A mulher ainda expressou preocupação com a possibilidade de que, futuramente, o comportamento agressivo se repita. “Pra amanhã ele não aparecer num jornal que ele matou a mãe, que ele matou a mulher que ele casou. Ele é agressor. O agressor não se torna agressor. Ele já nasce agressor”, disse.

O adolescente foi apreendido pela Polícia Civil, por agentes da 126ª Delegacia de Polícia (126ª DP), durante cumprimento do convênio RAS, parceria entre a corporação e a Prefeitura de Cabo Frio. A vítima foi levada ao Instituto Médico Legal (IML), onde o exame de corpo de delito confirmou as lesões sofridas.

Um segundo vídeo, divulgado posteriormente, mostra a adolescente com um objeto na mão momentos antes da briga. Testemunhas alegaram que poderia se tratar de um canivete. No entanto, a mãe nega que a menina estivesse portando qualquer objeto cortante.

A mulher destacou que não defende a atitude da filha e que não deseja mal ao menino, mas que “espera que a justiça seja feita”.

Família do menino rebate

Já a família do adolescente apreendido após a briga afirma que o jovem tentou evitar o confronto e foi atacado pela colega assim que saiu do banheiro da unidade.

Segundo os familiares, a gravação amplamente divulgada mostra apenas parte da situação e não revela o início do conflito. “Até o momento eu só tinha visto o vídeo editado. Só colocaram a parte em que ele aparece chutando ela. A verdade está no vídeo completo”, relatou a família.

De acordo com a versão apresentada, o adolescente estava trancado no banheiro quando foi abordado por uma funcionária da escola, que o orientou a sair. Eles alegam que o jovem já havia informado aos servidores da unidade que a colega ameaçava agredi-lo. “Ele avisou antes que a menina queria bater nele. A funcionária disse que podia sair, que ela não ia bater. Assim que ele saiu, ela voou em cima”, relatou a família.

Os responsáveis afirmam ainda que o estudante, em nenhum momento, demonstrou intenção de brigar, e que as imagens mais completas mostram ele se esquivando antes de revidar. “Ele não queria brigar. Ele estava se esquivando. A menina foi para cima dele”, disseram.

Após a briga, o adolescente deixou a escola. De acordo com a família, ele foi direto a um abrigo buscar ajuda. “Ele saiu da escola e foi até o abrigo pedir ajuda, ele não correu, ele foi direto pro abrigo. Foi o abrigo que entrou em contato com a gente pra gente poder comparecer lá.”

Segundo o parente, o abrigo teria acionado o CAPSi para acompanhamento do caso. “O abrigo falou que ia levar ele (…) pra poder comparecer pra conversar. Mas ele não correu, ele foi direto pro abrigo, ele ainda fez isso.”

Sobre a colega, o familiar cita que houve ameaça e que outros alunos teriam comentado sobre a presença de um objeto cortante. “Olha só, então a menina alegou que ia matar ele, né? Que ela falou: ‘vou te matar’ na hora. Mas é coisa de criança, de adolescente, na raiva, né? Mas os alunos… os alunos nos comentários — que isso aí vocês podem ver mesmo na publicação de vocês — os alunos estão falando aí que ela tava com canivete, entendeu? Tava com canivete antes.”

Em relação ao estado de saúde mental do adolescente, a família nega que ele tenha transtornos. “Ele toma remédio de ansiedade”.

Apesar do relato, assim como a mãe da aluna envolvida, os pais reconhecem que o adolescente também errou. “Não tô defendendo meu filho. Ele tá errado de chutar a menina. Que não pode chutar mulher. Homem não pode chutar ninguém. Agressão, zero. Entendeu? Mas ela não soltou ele.”

O adolescente segue apreendido e será ouvido pelo Ministério Público, conforme previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

Ludmila Lopes

Graduada em Jornalismo pela Universidade Veiga de Almeida. Já atuou como apresentadora na Jovem TV Notícias, em 2021. Escreve pelo Portal RC24h há 4 anos e atua, desde 2022, como repórter no Jornal Razão, de Santa Catarina. É autora publicada, com duas obras de romance e quase 1 milhão de acessos nas plataformas digitais.

Vencedora do 6º Prêmio Prolagos de Jornalismo Ambiental, na categoria web.

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