Elizabete Oliveira de Souza, de 40 anos, tem passado por dias difíceis desde a última quarta-feira (6). Isso acontece porque, devido a um acidente de trânsito em uma curva na descida da Ponte Márcio Correia, a moradora de Cabo Frio fraturou duas partes do corpo e agora necessita de uma cirurgia. O problema é que, conforme denúncias, o Hospital Estadual Roberto Chabo, local onde o procedimento seria realizado, estaria negando atendimento.
De acordo com o filho de Elizabete, Matheus Souza, o acidente aconteceu por volta das 6h30, quando a mãe, que pilotava uma motocicleta, estava indo para o trabalho. Para ele, a queda foi provocada por “falta de manutenção da via”.
“O acidente aconteceu na descida da Ponte Feliciano Sodré (Márcio Correia), sentido Itajuru. Na curva da descida há um bueiro (boca de lobo) abaixo do nível da pista, onde desestabilizou a moto e minha mãe perdeu o controle”, explicou.
Por conta da queda, Elizabete fraturou o cotovelo e o joelho. A partir disso, a vítima está há seis dias internada no Hospital São José Operário, no bairro São Cristóvão. Inclusive, segundo Matheus, ela apenas foi transferida para a enfermaria na noite deste domingo (10), porque, antes disso, a unidade apenas contava com vagas no setor de trauma.
Lá, ainda conforme o filho, Elizabete já passou por diversos exames – inclusive o de risco cirúrgico. Ela, inclusive, estaria na regulação de vagas, aguardando transferência para o procedimento. Matheus afirma, ainda, que teria saído uma vaga no Hospital Estadual Roberto Chabo, entretanto, a unidade teria “se recusado a atendê-la”.
Em busca de ajuda, Matheus compartilhou o caso nas redes sociais, onde acumula centenas de curtidas. Lá, ele relatou que, além de Elizabete, outras pessoas também estariam internadas no São José Operário, com a mesma dificuldade em conseguir transferência, com a necessidade de realizar procedimentos cirúrgicos, para o Hospital Estadual de Araruama.
“(…) Também se encontra uma senhora de 86 anos há mais de um mês aguardando por uma vaga para cirurgia do fêmur, uma moça de 40 e poucos anos também aguardando uma cirurgia no pé há mais de 15 dias, e o hospital simplesmente não tem insumos para atender a essas pessoas, simplesmente os deixam lá, sentindo dor, abandonados sendo previsão de alta, ou de uma suposta data para cirurgia…”, desabafou.
Outras denúncias
No final de novembro, outra denúncia relacionada à falta de insumos para a realização de procedimentos de cirurgias no Hospital Estadual de Araruama veio à tona. No caso, Renato Almeida da Silva, de 40 anos, necessitava de um procedimento para a reconstrução do rádio e e para o ligamento do cotovelo. À época, a esposa dele, Rafaela Alcântara, contou ao RC24h que, sem aviso prévio, a unidade teria cancelado a cirurgia por “falta de material”.
Diante dos fatos, à época, o RC24h entrou em contato com a Secretaria de Saúde do Rio de Janeiro, questionando sobre a previsão de aquisição de material e tempo de espera dos pacientes. Em resposta, a pasta havia esclarecido que, devido à onda de calor, a unidade hospitalar recebeu um número maior de pacientes no centro de trauma, o que ocasionou ocupação total dos leitos.
Enfatizou que não falta material para a realização de nenhuma cirurgia e que o procedimento do paciente seria desmarcada. Por fim, depois da repercussão do caso, a cirurgia foi realizada.
Tem vaga?
Diante da nova denúncia, o Portal entrou novamente em contato com a Secretaria de Saúde do Rio de Janeiro, pedindo esclarecimentos sobre a situação de Elizabete. Em nota, foi enviada a seguinte resposta:
“A Secretaria de Estado de Saúde, por meio da Central Estadual de Regulação (CER), informa que a Sra. Elizabete Oliveira de Souza está com vaga liberada no Hospital Vereador Melchiades Calazans (HTO Baixada), em Nilópolis, para transferência imediata. De acordo com os protocolos do Sistema Estadual de Regulação (SER), agora cabe à unidade em que a paciente está internada realizar a transferência”.
A reportagem também contatou a prefeitura da cidade, tendo em vista que o acidente teria sido provocado por conta da falta de manutenção das vias públicas do município. Em nota, foi informado que, na tarde desta segunda-feira (11), foi enviada uma equipe ao local para verificar o relatado e providenciar o devido reparo.
O RC24h também questionou se Cabo Frio conta com cirurgiões ortopedistas, tendo em vista que a demanda é grande. Em resposta, o município afirmou que na rede municipal, atualmente, não há profissional na área e que a paciente está regulada aguardando uma vaga para a cirurgia na área, enfatizando que “a regulação para unidade de referência é responsabilidade do Estado”.
Confira a nota na íntegra:
“A Prefeitura de Cabo Frio informa que a paciente citada está regulada aguardando uma vaga para cirurgia ortopédica. Informa ainda que a regulação para unidade de referência é responsabilidade do Estado.
Quanto à manutenção da pista, a Secretaria Municipal de Obras e Serviços Públicos enviou uma equipe ao local, na tarde desta segunda-feira (11), para verificar o relatado e providenciar o reparo necessário”.
Ludmila Lopes
Graduada em Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo, pela Universidade Veiga de Almeida.
Já atuou como apresentadora na Jovem TV Notícias, em 2021. Escreve pelo Portal RC24h há três anos e atua, desde julho de 2022, como repórter do Jornal Razão, de Santa Catarina.
É autora publicada, com duas obras de romance e mais de 500 mil acessos nas plataformas digitais.