17/07/2025 — 14:27
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Ex-prefeito de Araruama, Chiquinho da Educação é acusado de tentar obstruir investigações sobre atentado contra empresário

Servidor diz que foi coagido a acusar inocentes em caso de tentativa de homicídio de Max dos Medicamentos. Nova fase do inquérito deve apurar falsidade ideológica e denunciação caluniosa

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O ex-prefeito de Araruama, Francisco Carlos Fernandes Ribeiro, conhecido como Chiquinho da Educação, está no centro de novas acusações que apontam tentativa de obstrução de Justiça no caso da tentativa de homicídio contra o empresário Max Maximino Claudino dos Santos — conhecido como Max dos Medicamentos — ocorrida em agosto de 2024. Segundo documentos registrados em cartório e na delegacia, o ex-prefeito e o advogado Rodrigo Bach Barreto teriam articulado a inclusão de nomes de inocentes nos autos da investigação.

As revelações vieram à tona após o servidor público Eduardo dos Santos Damas, atualmente preso no Presídio Evaristo de Moraes, no Rio de Janeiro, retificar seu depoimento anterior e afirmar que foi coagido a prestar falso testemunho. Em declaração formal, Eduardo relatou que, após a morte de seu filho em confronto com a polícia, foi abordado por Rodrigo Barreto, que lhe mostrou a foto do filho morto e propôs um acordo: ele deveria apontar empresários e políticos como responsáveis pelo crime, em troca de apoio jurídico, estabilidade funcional e ajuda financeira.

“Mesmo sem entender o que estava acontecendo (…), acabei cedendo à pressão psicológica. Rodrigo me induziu a relatar uma versão completamente fabricada, incluindo o nome do meu próprio filho como membro de um grupo de extermínio”, declarou Eduardo, em escritura registrada no 24º Ofício de Notas, no dia 8 de julho. Ainda segundo ele, a narrativa teria sido orientada diretamente por Chiquinho da Educação, identificado nos depoimentos como “01”, em troca de promessas como R$ 300 mil e permanência no cargo público.

Entre os nomes que Eduardo foi orientado a incluir como mandantes e executores do crime estão os empresários Polati e Bruno Cabeção, além de policiais e vereadores da cidade. No entanto, em novo termo prestado à 118ª Delegacia de Polícia (118ª DP), na última segunda-feira (14), acompanhado da nova advogada, Patrícia Carvalho Falcão, o servidor voltou atrás e declarou que não conhece e nunca ouviu “falar desses nomes. Tudo foi uma construção dele [Rodrigo] e de Chiquinho”.

Eduardo afirmou ainda que apenas três pessoas mencionadas nos depoimentos anteriores tinham algum grau de relação com ele — sendo um vizinho, um parente por afinidade e um comerciante local. Os demais seriam totalmente desconhecidos.

As novas declarações reforçam suspeitas já levantadas por investigadores sobre uma suposta tentativa de desviar o foco da investigação e envolver adversários políticos e empresários ligados a contratos públicos na cidade. O caso ganha contornos ainda mais graves ao envolver possível atuação de milicianos com ligações políticas na Câmara Municipal de Araruama.

Fontes ligadas à investigação confirmaram que tanto a Polícia Civil quanto o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro avaliam abrir uma nova frente de apuração para investigar os crimes de coação de testemunha, falsidade ideológica, obstrução de Justiça e denunciação caluniosa — este último com pena prevista de até oito anos de reclusão.

Enquanto isso, o inquérito entra em nova fase. A prioridade das autoridades agora é identificar quem participou da suposta fabricação de provas e verificar se houve uso da máquina pública para garantir benefícios ilegais a Eduardo. As revelações devem impulsionar medidas cautelares e pedidos judiciais por parte dos órgãos de controle.

Confira um dos documentos:

MTb 0022570/MG | Coordenadora de Reportagem  Site do(a) autor(a)

Pós-graduada em Jornalismo Investigativo pela Universidade Anhembi Morumbi; e graduada em Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo, pela Universidade Veiga de Almeida.

Atuou como produtora/repórter na Lagos TV, Coordenadora de Programação na InterTV - Afiliada da Rede Globo, apresentadora na Rádio Costa do Sol FM e editora no Blog Cutback. É repórter no Portal RC24h desde 2016 e coordenadora de reportagem desde 2023, além de ser repórter colaboradora no jornal O Dia/Meia Hora. Também é criadora de conteúdo para a Web 3.0 na Hive.

Vencedora do 3º Prêmio Prolagos de Jornalismo Ambiental, na categoria web.

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