O ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal Silvinei Vasques foi preso preventivamente na manhã desta quarta-feira (9), em uma operação sobre interferência no segundo turno das eleições de 2022.
A prisão ocorreu em Florianópolis. Os mandados foram autorizados pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
Em 30 de outubro, dia do segundo turno, a PRF realizou blitze que interferiram na movimentação de eleitores, sobretudo no Nordeste, onde Lula (PT) tinha vantagem sobre Jair Bolsonaro (PL) nas pesquisas de intenção de voto.
Na véspera, o diretor-geral da PRF havia declarado voto em Bolsonaro. Vasques é réu por improbidade administrativa nesse episódio.
No domingo do segundo turno, Alexandre de Moraes determinou a suspensão imediata das blitze, sob pena de prisão de Vasques. A ordem, no entanto, foi desrespeitada pela PRF.
A defesa de Silvinei Vasques ainda não se pronunciou. Ouvido pela CPI dos Atos Golpistas em junho, o ex-diretor da PRF negou irregularidades na atuação da corporação.
A PRF também ainda não se pronunciou sobre o caso.
Há ainda 10 mandados de busca e apreensão sendo cumpridos no Rio Grande do Sul, no Distrito Federal, em Santa Catarina e no Rio Grande do Norte contra diretores da PRF na gestão Silvinei. Não há mandados de prisão contra eles.
São alvos, além de Silvinei:
– Luis Carlos Reischak, ex-diretor de Inteligência;
– Rodrigo Hoppe, ex-diretor de Inteligência Substituto;
– Wendel Benevides, ex-corregedor-geral;
– Bruno Nonato, ex-PRF e hoje na Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT);
– Anderson Frazão, ex-coordenador-geral de Gestão Operacional;
– Djairlon Henrique Moura, ex-diretor de Operações; e
– Antonio Melo Schlichting Junior, ex-coordenador-geral de Combate ao Crime.
Ainda como parte da operação, batizada de Constituição Cidadã, a Polícia Federal deve ouvir 47 membros da PRF.
Segundo a PF, os crimes investigados incluem:
– Prevaricação (que é quando um servidor público deixa de exercer o seu dever),
– Violência política (impedir, com emprego de violência física, sexual ou psicológica, o exercício de direitos políticos), e
– Impedir ou atrapalhar a votação (crime previsto no Código Eleitoral).
Silvinei negou irregularidades à CPI
Silvinei Vasques foi o primeiro depoente a comparecer à CPI dos Atos Golpistas criada pelo Congresso para apurar os episódios de terrorismo que depredaram as sedes dos três poderes em Brasília, no dia 8 de janeiro deste ano.
Relatora da CPI, a senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) disse considerar que essas operações da PRF seriam um “ponto de partida” das irregularidades na eleição que levaram aos acampamentos golpistas e, por fim, aos atos de vandalismo.
No depoimento à CPI, Vasques negou que tenha havido qualquer omissão ou irregularidade na atuação da PRF.
“Nossos policiais estavam lá para garantir a segurança. Nesse dia, não foi registrado nenhum acidente grave com ônibus e vans”, disse, sobre o dia do segundo turno.
O ex-diretor também alegou que seria impossível articular uma atuação irregular em todo o país.
“Grande parte dos nossos policiais eram eleitores do presidente Lula. Não há, não é possível cometer esse crime. Não como parar 13 mil policiais sem ter uma conversa por Whatsapp, Telegram, sem um e-mail enviado. Nenhum participou ou ouviu alguma coisa. Não tem como fazer uma operação dessa e envolver 13 mil policiais sem ter uma simples conversa de corredor”, disse.
*Fonte:G1.