Uma desova de tartaruga-marinha da espécie Caretta caretta (tartaruga-cabeçuda) foi encontrada na Praia Seca, em Araruama, na sexta-feira passada (13). Este é o primeiro registro de um evento desse tipo no local, o que foi considerado histórico por especialistas. A ação foi realizada pelo Instituto BW, dedicado à conservação e reabilitação de animais selvagens na Região dos Lagos e no Norte Fluminense.
O ninho, que continha 132 ovos, foi transferido para um ponto mais seguro. O monitoramento do local para garantir a segurança dos filhotes até a eclosão (que deve ocorrer de 45 a 65 dias) começou em seguida. Segundo o instituto, essa fêmea pode retornar mais três vezes para fazer mais desovas, cada uma com cerca de 120 ovos.
Embora o nascimento de tartarugas-marinhas na Praia Seca seja um evento inédito, não é uma novidade para o estado do Rio de Janeiro. O maior sítio de desova dessa espécie no Brasil está localizado no Norte Fluminense.
A médica veterinária Paula Baldassin, presidente do Instituto BW, comemorou a novidade, mas fez uma reflexão sobre os cuidados necessários para proteger as tartarugas. “Foi muito gratificante para a equipe, para todo mundo, e acende um alerta de que os bichos estão vindo para desovar. Mas como estamos cuidando das nossas praias?”
Segundo Baldassin, tem que haver um controle maior das redes de espera (de pescadores). “Não somos contra a pesca, muito pelo contrário, mas tem que ter um controle maior para que todo mundo consiga viver bem”, afirmou ela, que ainda lembrou que postes de iluminação também podem causar problemas, ao atrair os filhotes para a rua, já que nascem de madrugada e vão em direção à luz da lua.
Em ação conjunta, órgãos da APA da Massambaba, secretaria de Meio Ambiente de Araruama e o Instituto BW trabalharão para manter o local seguro durante todo o processo de reprodução.