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29/11/2024 — 09:49
  (Horário de Brasília)

Criança autista é suspensa após crise em Cabo Frio: “foi exposta ao barulho, apesar da escola saber da sensibilidade”

Segundo denúncia, no mês passado, a unidade particular teria solicitado um relatório para o retorno da menor às aulas, mas para que o mesmo seja feito, a psicóloga pediu parecer da escola. Até o momento, a unidade não teria fornecido e a criança segue em casa

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Denúncias de familiares apontam que uma criança de oito anos, autista e em fase de alfabetização, teria sido ‘suspensa’ da escola Bessa Barreto, em Cabo Frio, após uma crise em um evento na quadra, em outubro, que teria provocado desconforto devido ao barulho excessivo. Agora, conforme relatos, para justificar o afastamento, a unidade estaria alegando que a menina “oferece perigo aos alunos e professores”.

Para o retorno da menina às aulas, a escola solicitou um relatório psicológico. Contudo, para que o mesmo fosse confeccionado, a profissional do Centro de Atenção Psicossocial Infantil (CAPSi), que é onde ela faz acompanhamento, teria solicitado um parecer da unidade. Contudo, ainda de acordo com a denúncia, um mês depois, nada foi feito e, apesar da família pagar a mensalidade de R$ 690,00, regularmente, a criança segue impedida de frequentar as aulas.

Ainda de acordo com os relatos, o desconforto da criança, que teve a identidade resguardada por medo de retaliações, teria chegado ao limite durante uma gincana, num evento de liderança de torcida, que envolvia alto nível de ruído. Vale pontuar que este tipo de situação é desafiadora para muitas pessoas com autismo, já que o barulho pode acarretar crises.

Após o incidente, a responsável pela criança, que preferiu não se identificar, teria sido informada sobre o estado “desequilibrado” da filha e instruída a buscá-la imediatamente. Depois disso, a criança teria sido suspensa.

Vale pontuar que, após a atividade, a menina teria começado a apresentar resistência e medo para retornar à escola. Conforme a família, a indignação sobre o fato é que a escola teria sido informada sobre a sensibilidade da pequena em relação a sons estridentes, mesmo assim foi exposta à atividade. “A acompanhante dela tinha que fazer um outro trabalho com ela, tinha que estar em um outro ambiente com ela”, afirma.

A denúncia aponta que a unidade solicita, desde o início do ano, que a criança faça tratamento de terapia ACA (Análise do Comportamento Aplicada). Como o acompanhamento é, no momento, financeiramente inacessível para a família, a menina está na fila da APAE e recebe assistência psicológica, psiquiátrica e fonoaudiológica do CAPSi.

Para que a criança possa retornar às aulas, conforme a mãe, a escola solicitou um relatório psicológico. Contudo, para que o mesmo fosse confeccionado, a profissional do CAPSi, que é onde ela faz acompanhamento, teria solicitado um parecer da unidade. No caso, ainda de acordo com a denúncia, a coordenadora da escola teria afirmado que iria presencialmente conversar com a psicóloga, entretanto, após um mês, nada teria acontecido.

Segundo o advogado Thiago Vasconcelos, que é a presidente da comissão de direito do consumidor da Câmara de vereadores de Cabo Frio, além de ser parlamentar do município, se ficar comprovado que a escola está ‘omitindo’ o relatório, que é um ponto crucial para que um tratamento crucial seja oferecido à menor, cabe à família solicitar uma reparação moral. Isso porque, segundo afirma, “a doutrina médica atualmente prega que a criança autista deveria estar, sim, em sala de aula, no convívio com outras crianças para a socialização”.

Para a família, a gota d’água foi nesta terça-feira (21), quando a responsável pela menor não teria sido informada com antecedência sobre realização das fotos de formatura, sendo impossibilitada de participar. Inclusive, a responsável pela menor afirma que apenas ficou sabendo que o evento aconteceria através de outros pais.

Conforme relato, a mãe teria entrado em contato com a escola, que informou que a criança deveria comparecer à unidade às 13h50, porque os alunos iriam ao local que as fotografias seriam realizadas a partir das 14h. Entretanto, comparecendo à unidade, os estudantes já teriam saído. “Passaram o horário errado”, explicou a família, pontuando que a criança não participaria da formatura, apenas das fotos.

Diante dos fatos, o RC24h entrou em contato com a escola, que informou que “passou o caso para a direção e está providenciando uma nota de resposta com as comprovações necessárias de que a aluna, até o presente momento, não faz nenhum tipo de acompanhamento multidisciplinar”.

Além disso, a unidade afirma que “este caso se arrasta desde a data de 27 de março de 2023, quando a presença da mãe teria sido solicitada para explicar as questões que envolvem a aluna”.

Vale pontuar que a família apresentou laudo que comprova que a criança é autista juntamente com a solicitação da psicóloga, afirmando que a menor faz acompanhamento desde 2022, requerendo um parecer da unidade escolar.

Em contato com o Portal RC24h, a escola enviou a seguinte nota:

Temos em nossos registros todas as vezes que solicitamos a mãe a comprovação de que a aluna fazia acompanhamento multidisciplinar e a mesma nunca nos comprovou exceto de forma verbal que a aluna fazia acompanhamento. Nunca trouxe um documento comprovando tal apoio à criança que também é exigido por Lei. A escola está prestes a informar ao conselho tutelar sobre a conduta da mãe. A escola atende a qualquer aluno, seja ele com necessidades específicas ou não. Além de oferecer profissional de apoio especializado.

A mesma passou por momentos delicados e a escola sempre esteve ao lado dando apoio e suporte, porém recentemente a aluna chegava na escola extremamente irritada e com comportamento diferente do que apresentava no incio do ano letivo, sempre relatando problemas com a mãe. Seja agressão de forma física, ou outro motivo, segundo relato da própria aluna.

A aluna recentemente apresentou comportamento tão agressivo a ponto de agredir a professora e os demais amigos, com isso a mãe foi chamada e pedimos pela derradeira vez que levasse ela ao psicólogo e psiquiatra para que fosse emitido um laudo dizendo que a aluna estava apta a frequentar as aulas. Apenas por questão de respaldo para nossa escola, pois como dito, ela estava agredindo as professoras e demais colegas, o que estava gerando desconforto aos profissionais e também aos amigos de classe. Então precisávamos de um laudo médico dizendo que ela está apta a frequentar o ambiente escolar devido as particularidades da mesma.

Por entendermos que a inclusão é justamente inserir o aluno(a) às atividades que a escola proporciona, sim! Ela participou da gincana, participou da disputa de corrida com os amigos e a mesma ficou bem empolgada por realizar a atividades junto dos amigos. Conforme fotos e vídeos enviados.

Temos de regra em nosso contrato que alunos com particularidades, no caso dela autismo, precisa estar em acompanhamento multidisciplinar para que possamos ter exito no desenvolvimento do aluno. É um trabalho em conjunto que envolve diversos profissionais, não só a escola.

Sobre as fotos da formatura apenas os alunos que optaram em participar realizaram as fotos. E a mesma optou em não participar. Portanto existe uma incoerência muito grande na fala da mãe.

Ressaltamos que até a presente data nenhum documento foi apresentado a escola informando que a aluna se encontra em tratamento multidisciplinar, nem tão pouco aguardando para que inicie o tratamento.

O relatório de desenvolvimento da aluna está disponível na escola desde o dia 20 de Agosto, quando todos os relatórios de todos os alunos ficaram disponíveis para os pais”.

** As imagens da criança não serão divulgadas para preservá-la.

Ludmila Lopes

Graduada em Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo, pela Universidade Veiga de Almeida.

Já atuou como apresentadora na Jovem TV Notícias, em 2021. Escreve pelo Portal RC24h há três anos e atua, desde julho de 2022, como repórter do Jornal Razão, de Santa Catarina.

É autora publicada, com duas obras de romance e mais de 500 mil acessos nas plataformas digitais.

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