Após relatos de insalubridade na UPA 24h do Parque Burle, em Cabo Frio, profissionais resolveram provar que, de fato, suas denúncias eram reais, tendo em vista que a Prefeitura negou o problema. Registros feitos na última semana mostram, por exemplo, presença de baratas no refeitório e sala de raio-X.
A última denúncia foi feita no dia 1º de março. O relato apontava, além de desfalques nos salários dos contratados da saúde, infestações de ratos e baratas. Prontamente, a prefeitura da cidade enviou a seguinte nota:
A Prefeitura de Cabo Frio informa que o servidor que detectar problemas no pagamento do salário deve procurar o departamento de Recursos Humanos da Secretaria Municipal de Saúde para verificar o ocorrido.
Quanto às condições de limpeza e higiene da UPA Parque Burle, a Prefeitura esclarece que a situação mencionada não procede. As equipes do setor de Vigilância Sanitária realizam periodicamente a dedetização das unidades de saúde do município, além da higienização constante dos locais mencionados, tendo como acompanhamento e fiscalização diária da Comissão de Controle de Infecção em Estabelecimentos de Saúde (COMCIES) de Cabo Frio”.
O funcionário que, assim como anteriormente, preferiu omitir sua identidade por medo de retaliações, afirma que não é bem assim. “Após a reportagem, eles começaram a matar os bichos, e a gente, com tanto cloro”, disse.
Contudo, pontua que os insetos e animais não foram eliminados por completo.
E, além deste problema, outros foram apontados, como: pia do banheiro de funcionários imprópria para o uso; materiais sucateados nos fundos da UPA, e parte aberta onde cai água do banheiro (foco de baratas e ratos); repouso dos funcionários precário (colchões rasgados e ar-condicionado sujo); bolsas dos trabalhadores no chão (por falta de local para serem colocadas).
Além disso, funcionários pontuaram, ainda, falta de segurança para os mesmos, tendo em vista que, conforme a denúncia, furtos frequentes são registrados.
“Acontecem constantemente furtos nas bolsas dos profissionais, roubam de tudo! Ninguém toma providências para colocar câmeras no local. Já levaram dinheiro, toalha, perfumes, kit de higiene, balas… Por falta de lugar, as bolsas ficam no banheiro ou no quarto”, explicou o denunciante.
FÉRIAS SUSPENSAS
Ainda de acordo com as denúncias, os contratados da saúde de Cabo Frio têm enfrentado problemas quando se tratam de direitos trabalhistas. Uma situação tem gerado indignação entre os profissionais, que afirmam que estão tendo suas férias negadas pela Prefeitura.
Segundo relatos de coordenadores das unidades de saúde, as férias dos contratados estão suspensas e a justificativa é que a renovação do contrato mudou a matrícula dos funcionários, retirando-lhes o direito às férias e ao 13º salário.
Foi pontuado, ainda, que a mudança apenas foi comunicada, sem nenhum tipo de documento de registro.
Alguns agentes de saúde foram obrigados a interromper suas férias e retornar imediatamente ao trabalho, mesmo tendo programado suas folgas com antecedência.
O QUE DIZ A PREFEITURA
Diante dos fatos, o Portal RC24h entrou novamente em contato com a prefeitura de Cabo Frio, que enviou as seguintes notas:
“A Prefeitura de Cabo Frio informa que as situações relatadas no 1º item (insalubridade) não procedem. As equipes do setor de Vigilância Sanitária realizam periodicamente a dedetização das unidades de saúde do município, além da higienização constante dos locais mencionados, tendo como acompanhamento e fiscalização diária da Comissão de Controle de Infecção em Estabelecimentos de Saúde (COMCIES) de Cabo Frio.
Com relação ao 2º item (suspensão das férias), a Prefeitura informa que não procede a informação de que funcionários tiveram as férias suspensas. O servidor pode tirar férias desde que possua o período aquisitivo e solicite com antecedência mínima de 30 dias, respeitando a escala anual do setor. O servidor que teve as férias suspensas deve comunicar ao RH da Secretaria Municipal de Saúde, informando qual o setor ele faz parte, para que o caso seja apurado”.
Ludmila Lopes
Graduada em Jornalismo pela Universidade Veiga de Almeida. Já atuou como apresentadora na Jovem TV Notícias, em 2021. Escreve pelo Portal RC24h há 4 anos e atua, desde 2022, como repórter no Jornal Razão, de Santa Catarina. É autora publicada, com duas obras de romance e quase 1 milhão de acessos nas plataformas digitais.
Vencedora do 6º Prêmio Prolagos de Jornalismo Ambiental, na categoria web. Pós-graduanda em Assessoria de Imprensa, Jornalismo Estratégico e Gestão de Crises pela Universidade Castelo Branco (UCB).