Moradores do Morro da Cabo Cabocla, em Arraial do Cabo, estão enfrentando um problema que, segundo relatos, tem se agravado nos últimos anos: a invasão de ouriços-cacheiros no bairro. Com isso, no último domingo (26), a cadela de Dona Rosa, ao enfrentar o animal, acabou se ferindo com vários espinhos pelo rosto e corpo.
A denúncia foi feita pela filha da tutora, Luiza Silva. Conforme afirma, a situação não é nova. Em outra ocasião, a mãe dela, com ajuda de familiares, conseguiu retirar os espinhos. Antes disso, a mulher conseguiu levar Mohana ao veterinário, que realizou a retirada.
Infelizmente, desta vez, Dona Rosa não está com condições financeiras de arcar com a consulta veterinária para o animal. A indignação da família, segundo a filha dela, é que, mesmo contactando as autoridades diversas vezes para que a situação fosse regulada, ninguém compareceu.
Ela também compartilhou que, antes de Mohana ficar neste estado, a família tentou falar com o IBAMA, Corpo de Bombeiros e, até mesmo, a prefeitura. Ainda conforme relato, órgãos em prol dos animais apenas compareceram à residência após a cadela ter capturado o ouriço.
“Mohana se encontra em estado crítico desde domingo, com espinhos, febre e, certamente, muita dor! Após inúmeras reclamações sobre os ouriços causando problemas nas vizinhanças, e já sendo a terceira vez que ela fica com o corpo cheio de espinhos em confronto com os ouriços (instinto animal), o IBAMA não tomou nenhuma providência! Neste último fim de semana, ela conseguiu capturar o ouriço, sem saber novamente o risco que corria. Depois de fazer o trabalho do Corpo de Bombeiros e do IBAMA, eles compareceram à casa dos meus pais para capturar o ouriço (após o ouriço-cacheiro já estar morto)! Eles não deram assistência à cadela, disseram que enviariam um veterinário para ajudar, mas até agora nada!”, disse Luiza, indignada.
Por fim, diante da situação, Dona Rosa decidiu pegar dinheiro emprestado para que Mohana recebesse assistência. A família afirma que o problema perdura por aproximadamente cinco anos e, caso não tenha auxílio das autoridades, “algo pior pode acontecer”.
O Portal RC24h entrou em contato com a prefeitura de Arraial do Cabo que, perante o exposto, enviou uma equipe da Secretaria de Meio Ambiente para resolver a situação. Contudo, como Dona Rosa já contactou uma veterinária, preferiu que a profissional prosseguisse com os cuidados de Mohana.
Luiza pontuou que a mãe, juntamente a familiares, teria tentado ajuda antes, ainda no domingo. Contudo, não havia obtido retorno e, por isso, decidiu por conta própria.
A prefeitura disse, ainda, que, em casos como esse, o morador pode buscar ajuda na secretaria de Meio Ambiente, que fica localizada na Rua Tokio, Praia dos Anjos.
O Portal também tentou contato com o IBAMA e o Corpo de Bombeiros.
Em nota, o IBAMA enviou a seguinte resposta:
“O recolhimento de animais silvestres em residências ou condomínios é realizado, em regra, pelo Batalhão Ambiental da Polícia Militar e pelo Corpo de Bombeiros. Esses animais são recebidos nos Centros de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) do Ibama, onde passam por triagem e reabilitação, quando necessário, para serem devolvidos à natureza.
Residências localizadas em zonas rurais ou sob influência direta de áreas naturais estão sujeitas a eventuais interações entre animais domésticos e silvestres. Por isso, é recomendável que o proprietário ou proprietária adote medidas para evitar que a fauna silvestre seja atraída para a residência, como acondicionar o lixo em recipientes com tampas de difícil abertura, realizar podas e promover a limpeza do terreno, entre outras.Secretarias Municipais de Meio Ambiente, ou órgãos locais equivalentes, também costumam oferecer orientações para suavizar os efeitos de interações entre animais domésticos e silvestres”.
O Corpo de Bombeiros ainda não retornou.
Entenda o perigo de ouriços-cacheiros
A presença de ouriços-cacheiros nas vizinhanças representa um risco para crianças e animais domésticos, que podem sofrer ferimentos ao interagir com os ouriços.
Ouriços-cacheiros, embora pareçam inofensivos, são animais selvagens e possuem mecanismos de defesa naturais, como seus espinhos afiados. Quando se sentem ameaçados, os ouriços se enrolam em uma bola, expondo os espinhos, o que pode causar ferimentos graves em quem tenta tocá-los.
Crianças pequenas, movidas pela curiosidade, podem se aproximar dos ouriços sem perceber o perigo, resultando em ferimentos nas mãos, braços e rosto. Além disso, animais de estimação, como cães e gatos, também correm riscos ao tentar interagir com os ouriços-cacheiros, podendo ser feridos pelos espinhos.
As autoridades e órgãos responsáveis pela preservação da fauna, como o IBAMA, devem ser acionados para lidar com a invasão de ouriços-cacheiros em áreas residenciais. Contudo, os moradores também podem tomar medidas preventivas, como manter os quintais limpos e livres de lixo e restos de comida, que atraem esses animais.
Animais domésticos podem morrer com espinho dos ouriços-cacheiros?
Sim, animais domésticos, como cães e gatos, podem sofrer ferimentos graves e até morrer devido aos espinhos dos ouriços-cacheiros.
Quando um animal de estimação entra em confronto com um ouriço, é comum que os espinhos se alojem na pele do animal, causando dor e desconforto. Os espinhos também podem penetrar mais profundamente, atingindo músculos e órgãos internos, dependendo da intensidade do contato.
Se os espinhos não forem removidos corretamente e em tempo hábil, podem causar infecções, inflamações e, em casos mais graves, levar à morte do animal. Além disso, animais domésticos também podem sofrer reações alérgicas e choque anafilático devido aos espinhos, o que é potencialmente fatal.
Por isso, é crucial que os donos de animais de estimação estejam atentos à presença de ouriços-cacheiros em sua área e tomem precauções para evitar que seus pets entrem em contato com esses animais. Caso um animal de estimação seja ferido por espinhos de ouriço-cacheiro, é importante procurar atendimento veterinário o mais rápido possível para garantir a remoção adequada dos espinhos e o tratamento das possíveis complicações.
Ludmila Lopes
Graduada em Jornalismo pela Universidade Veiga de Almeida. Já atuou como apresentadora na Jovem TV Notícias, em 2021. Escreve pelo Portal RC24h há 4 anos e atua, desde 2022, como repórter no Jornal Razão, de Santa Catarina. É autora publicada, com duas obras de romance e quase 1 milhão de acessos nas plataformas digitais.
Vencedora do 6º Prêmio Prolagos de Jornalismo Ambiental, na categoria web. Pós-graduanda em Assessoria de Imprensa, Jornalismo Estratégico e Gestão de Crises pela Universidade Castelo Branco (UCB).