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Búzios é o segundo município com maior número de estações para recarga de veículos elétricos no estado, diz estudo

Levantamento inédito da Universidade Veiga de Almeida revela desigualdade na infraestrutura de eletropostos no estado do Rio de Janeiro

Um levantamento inédito feito por pesquisadores do Mestrado Profissional em Ciências do Meio Ambiente da Universidade Veiga de Almeida (UVA) mostrou que o município de Armação dos Búzios é o segundo maior em número de estações para recarga de carros elétricos em todo o estado do Rio de Janeiro. A cidade também concentra 55% dos eletropostos da região das Baixadas Litorâneas.

O estudo identificou 16 estações de carregamento projetadas para veículos elétricos e híbridos plug-in instaladas em Búzios utilizando a base de dados do aplicativo internacional PlugShare, ferramenta comunitária que permite aos motoristas de veículos elétricos localizarem estações de recarga.

Ao todo, os dez municípios das Baixadas Litorâneas têm 29 das 399 estações de carregamento do estado do Rio de Janeiro, o equivalente a 7% do total. Cabo Frio é o segundo município da região com o maior número de eletropostos, com seis. Na sequência, aparecem as cidades de Rio das Ostras, com dois, e Araruama, Arraial do Cabo, Iguaba Grande, São Pedro da Aldeia e Silva Jardim, todas com apenas um.

Já Saquarema e Casimiro de Abreu não possuem nenhuma estação. Além delas, outras 49 cidades fluminenses também não possuem nenhum eletroposto, o que limita os usuários de carros elétricos dessas áreas a dependerem quase exclusivamente da recarga residencial.

“A cidade de Búzios é a principal beneficiária dos investimentos em infraestrutura de recarga de carros elétricos da região, que podem desempenhar um papel crucial na mitigação das emissões de gases de efeito estufa de origem veicular. Isso reflete maior demanda e poder aquisitivo, mas também expõe uma desigualdade significativa em relação a demais cidades do estado e a necessidade urgente de expansão dessa infraestrutura para suportar a crescente demanda por veículos elétricos”, avalia o coordenador do Mestrado Profissional em Ciências do Meio Ambiente da UVA e líder da pesquisa, Ricardo Soares. 

Figura 1. Localização georreferenciadas dos eletropostos públicos e privados no estado do Rio de Janeiro, segunda a base de dados do aplicativo Plugshare.

Entre os dez municípios com mais eletropostos, predominam cidades da Região Metropolitana (Niterói, Petrópolis e Rio de Janeiro), regiões próximas a outros estados do Sudeste (Angra dos Reis, Campos dos Goytacazes, Itatiaia, Paraty e Teresópolis) ou com apelo turístico de alto poder aquisitivo na Região dos Lagos (Armação dos Búzios e Cabo Frio).

A concentração de quase 70% dos eletropostos públicos e privados na Região Metropolitana evidencia um gargalo crítico na infraestrutura para veículos elétricos, avalia Augusto Ahn Ka, pesquisador da UVA e um dos autores do estudo.

“Com a crescente presença de montadoras chinesas no Brasil, que têm aumentado a oferta e o acesso a veículos elétricos, a demanda por eletropostos se torna ainda mais urgente. A expansão dessa rede é essencial para suportar o crescimento da frota de veículos elétricos, incentivar a adoção dessa tecnologia sustentável e reduzir a dependência de veículos que utilizam combustíveis fósseis”, completa.

Para Pablo Vimercati Simas, pesquisador da UVA e também coautor da pesquisa, a falta de estações de recarga em outras regiões do estado pode induzir os proprietários de carros elétricos a possuírem um segundo veículo movido a combustíveis fósseis para longas viagens, relegando os carros elétricos ao papel de veículos para trajetos curtos.

“Esse cenário reforça a necessidade de políticas públicas e investimentos privados para expandir a rede de eletropostos além dos grandes centros urbanos, garantindo que a infraestrutura acompanhe o ritmo de crescimento dos veículos elétricos. Sem essa expansão, a adoção ampla e eficaz de veículos elétricos no Brasil pode enfrentar obstáculos significativos, como o desencorajamento de futuros compradores que temeriam a ‘ansiedade de recarga’ — a preocupação de ficar sem acesso a uma fonte de eletricidade e sofrer uma ‘pane elétrica’, similar à ‘pane seca’ dos veículos a combustão”, diz Simas.

Em uma segunda etapa, o grupo de pesquisa pretende ampliar a análise para outros estados, o que permitirá uma compreensão mais ampla e detalhada da distribuição de eletropostos em nível nacional. O mapeamento contínuo pode ajudar a identificar áreas que necessitam de investimentos e apoiar políticas públicas que promovam a expansão da infraestrutura de recarga. Apesar de o PlugShare depender da participação dos usuários para manter a precisão e a atualização dos dados, é crescente o número de publicações científicas que utilizam essa base de dados para indicar a densidade de eletropostos em diferentes regiões.

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