Narcisa Maria da Conceição, moradora de Cabo Frio, afirma que a neta, de 11 anos, passou por uma situação vexatória, seguida por um caso de racismo, na escola Beija-Flor na última semana. De acordo com o relato compartilhado nas redes sociais, a garota e um colega de turma, ambos negros, teriam sido associados a um suposto odor ruim que preenchia a sala de aula. Em nota, a escola negou a prática de racismo, mas não comentou a atividade considerada vergonhosa pela avó.
De acordo com Narcisa, toda a situação teria acontecido após a neta, que estuda no sexto ano, retornar do recreio. Ela afirma que a diretora, que também é professora de português, teria entrado na sala de aula e afirmado que o local estaria fedendo a “pum, chulé e suor”.
O odor, ainda segundo Narcisa, teria se intensificado por conta da falta de refrigeração na sala. Então, para lidar com a situação, a professora teria optado por ministrar uma aula de higiene para os alunos. Para ajudá-la, ainda conforme relato, a docente teria chamado o filho, estudante do Ensino Médio da escola.
Já na sala, o filho da mulher teria reafirmado que o ambiente estava com “odor de cecê”. Foi então que, segundo Narcisa, a situação vexatória teve início.
“Aí o que ela fez? A didática dela: pegou os alunos, pegou um aluno do Ensino Médio, que por um acaso é filho dela, (…) algum aluno lá, que não me lembro agora direito, para cheirar os meninos, e, não satisfeita, chamou uma funcionária para cheirar as axilas das meninas. Então, meninas cheiradas; meninos, todos cheirados. A minha neta não queria ser cheirada, nem outra colega lá, mas eles cheiraram mesmo assim. Não é, que invadiu a intimidade do aluno quando foi cheirar embaixo do sovaco, mas cheirou, mas para quê? O objetivo, não é?”, compartilhou a avó da aluna.
Narcisa respondeu a própria pergunta: para identificar o ‘mau cheiroso’. A mulher declarou, em tom de revolta, que, por fim, a neta dela e um outro garoto, ambos negros, teriam sido declarados os ‘fedorentos’.
“Apesar dela ter dito que era a blusa que estava fedendo, não era, mas a blusa não flutua, a blusa está no corpo de alguém, então, e um outro menino, que aqui eu não vou nomear, porque não interessa, que os dois, por um acaso são negros, não é? Que eram os fedorentos da sala. Aí foi aquela chacota, aquela bagunça, aquela bagunça e vocês imaginam. Minha neta não sabia se ria ou se chorava, por causa da situação vexatória”, explicou a avó, afirmando, ainda, que nenhum adulto gostaria de passar por isso, quem dirá crianças de 11 anos.
A avó da garota pontuou, ainda, que ela teve uma grande perda durante o período da Covid-19 e que, por isso, passava por terapia. “Foi dispensada da psicóloga, do tratamento que estava fazendo e escangalhou todo o trabalho, porque ela chegou em casa totalmente desestruturada. A menina está de uma forma que não quer nem passar na rua da escola. A gente vinha (andando) e quando chegou perto da rua da escola, ela já começou a tremer, sem querer passar por ali”, conta a avó, mencionando o que a atitude de um professor pode fazer com uma criança.
Narcisa contou também que a neta estuda no colégio desde os 5 anos e “se apavora” só de pensar nas coisas que podem ter acontecido no local e nunca ficou sabendo. “Agora ela tem 11 anos, ela pode falar”.
Diante da gravidade da denúncia, o Portal RC24h entrou em contato com a escola, que enviou a seguinte nota:
“O Jardim Escola Beija-Flor é uma instituição que sempre se pautou pela inclusão, diversidade e respeito às diferenças. É importante esclarecer que as alegações de racismo contra a nossa escola são infundadas e completamente contrárias aos nossos princípios.
Desde a nossa fundação, o Jardim Escola Beija-Flor tem promovido um ambiente acolhedor e inclusivo para todas as crianças, independentemente de sua origem étnica, cor de pele ou qualquer outra característica. Nossos educadores são treinados para valorizar e respeitar a diversidade cultural, promovendo a convivência harmoniosa entre as crianças.
Rejeitamos veementemente qualquer acusação de discriminação racial. Trabalhamos ativamente para educar nossos alunos sobre a importância da igualdade e do respeito mútuo. Realizamos atividades e projetos que celebram as diferentes culturas presentes em nossa comunidade escolar.
É lamentável que tenhamos sido alvo de acusações infundadas, que apenas causam prejuízos à reputação da nossa escola e à educação das crianças. Estamos comprometidos em continuar promovendo um ambiente de aprendizado seguro, inclusivo e livre de preconceitos, onde todas as crianças possam crescer e se desenvolver em um clima de respeito mútuo.
Encorajamos a comunidade a conhecer de perto o trabalho que realizamos e a conversar com nossos educadores, pais e alunos para compreenderem que o Jardim Escola Beija-Flor é uma instituição comprometida com a igualdade, a diversidade e a promoção do respeito entre todas as pessoas. As acusações infundadas de racismo não passam de maldade e não representam a verdade sobre nossa escola.
A direção”
Ludmila Lopes
Graduada em Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo, pela Universidade Veiga de Almeida.
Já atuou como apresentadora na Jovem TV Notícias, em 2021. Escreve pelo Portal RC24h há três anos e atua, desde julho de 2022, como repórter do Jornal Razão, de Santa Catarina.
É autora publicada, com duas obras de romance e mais de 500 mil acessos nas plataformas digitais.