Alunos da Escola Municipal Catharina da Silveira Cordeiro (integral), no bairro Monte Alegre, em Cabo Frio, estavam há duas semanas sem alimentação escolar, que é um direito garantido pela Constituição Federal, de manhã e à tarde. A motivação, segundo a diretora Patrícia Ozório, seria a diferença de valores propostos pela Prefeitura aos fornecedores.
Na manhã desta quarta-feira (8) foi realizada uma reunião na escola, que atende alunos do 1º ao 5º ano, onde, juntamente às mães, a direção estava em busca de uma solução. Ali, foi contado aos responsáveis que a verba passada pela prefeitura não estava sendo suficiente para a compra dos alimentos para o café da manhã e o lanche da tarde, já que são 355 estudantes.
De acordo com a diretora, produtos como leite, biscoito e suco, que são licitados pela prefeitura, não estavam chegando à instituição, fazendo que fosse necessária a utilização da complementação da verba do almoço para realizar a compra do material para o desjejum e o lanche.
Conforme vídeo compartilhado nas redes sociais por um grupo de mães, a situação só seria resolvida a partir do fim de junho, após uma nova licitação. Inconformadas com a situação, após a reunião, elas protestaram em frente à escola. Uma delas, em prantos, afirmou que, até o fim do mês, caso não se alimentasse em casa, o filho dela já estaria morto de fome. Além disso, disse que a situação prejudica a formação da criança. “Prefeito, Secretário de Educação, Secretário da Saúde, vocês esperam licitação? Os filhos de vocês esperam licitação (para comer)? Não! Porque estão na escola particular! Cada escola particular custa R$ 600, R$ 700… Eu não tenho, estou desempregada, não tenho leitura! Porque, se naquela época tivesse o que hoje tem… Hoje tem tudo! Só que vocês estão privando nossos filhos de se formarem amanhã, ou depois!”, desabafa, aflita.
Além disso, as responsáveis disseram que, caso não recebessem uma justificativa plausível acerca da situação, se reuniriam nesta quinta-feira (9) e partiriam para a frente da Prefeitura – ou da SEME -, onde seria realizado um protesto. “Vai ter alvoroço e a gente não quer isso. A gente só quer o que é de direito de nossos filhos”. Em seguida, a comissão de mães, juntamente a diretora, foram até a SEME (Secretaria Municipal de Educação de Cabo Frio), para que houvesse uma conversa entre as partes, no intuito de buscar uma solução rápida e pacífica.
Em reunião com a secretária da pasta, Elicéa da Silveira, foi esclarecido que os produtos não estavam chegando à escola porque os fornecedores não quiseram entregar para as escolas pelo preço dos produtos que consta na licitação de 2021, que é a vigente no momento, e sim pelo valor que, atualmente, é mais elevado, de 2022.
Depois disso, conforme a diretora, a “solução foi imediata”. Ela contou, ainda, que “o mercado vai fornecer os produtos (…) e uma outra escola que tem vai acertar, né? Arcar com a despesa, a SEME vai arcar com a despesa… Eu não sei como, mas a solução foi: após a ida à SEME, com a comissão de mães e eu mesma, amanhã, na parte da manhã, às 7h, já teremos lanche, o desjejum das crianças, normalizado”, conclui.
A reportagem entrou em contato com a Prefeitura e, até o momento, não recebeu retorno.
Ludmila Lopes
Graduada em Jornalismo pela Universidade Veiga de Almeida. Já atuou como apresentadora na Jovem TV Notícias, em 2021. Escreve pelo Portal RC24h há 4 anos e atua, desde 2022, como repórter no Jornal Razão, de Santa Catarina. É autora publicada, com duas obras de romance e quase 1 milhão de acessos nas plataformas digitais.
Vencedora do 6º Prêmio Prolagos de Jornalismo Ambiental, na categoria web. Pós-graduanda em Assessoria de Imprensa, Jornalismo Estratégico e Gestão de Crises pela Universidade Castelo Branco (UCB).