22/07/2025 — 00:06
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Após cinco anos de processo, júri absolve PMs acusados de matar integrante do MST em São Pedro da Aldeia

Veredito unânime encerra julgamento considerado o mais longo da história da comarca; defesa alegou legítima defesa e apontou omissão na investigação sobre terceiro envolvido

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Após 40 horas de sessão no Fórum de São Pedro da Aldeia, o Tribunal do Júri decidiu, por unanimidade, absolver os três policiais militares acusados da morte de Carlos Augusto Gomes, conhecido como “Mineiro”, integrante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). O julgamento, considerado o mais longo da história da comarca, encerra um processo que se arrastava desde 2020 e ganhou projeção nacional por envolver disputa agrária, ação armada e acusações de execução.

A morte de Mineiro ocorreu em julho de 2020, durante um confronto armado no Acampamento Emiliano Zapata, localizado em parte da Fazenda Negreiros, área de disputa entre posseiros e o proprietário do terreno. Segundo a Polícia Civil, o crime teria sido motivado por um conflito fundiário iniciado cerca de 15 anos antes, quando parte da fazenda foi desapropriada pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e ocupada por famílias assentadas.

Na ocasião, o proprietário das terras, Matheus Canellas Ramos, foi ao local acompanhado dos policiais militares Renato da Silva Bráz e Ênio Alves Leão, todos fora de serviço. A investigação apontou que os três participaram de um ataque ao acampamento, no qual uma casa foi incendiada e Mineiro foi alvejado por quatro disparos de arma de fogo. O Ministério Público sustentava que o crime foi uma execução motivada por retaliação à ocupação da área.

Durante o julgamento, porém, a defesa dos PMs sustentou a tese de legítima defesa e apontou fragilidades na denúncia. Um dos policiais passou 40 dias em coma após o episódio. A estratégia dos advogados incluiu ainda a menção a um terceiro homem, identificado apenas como “Tião”, que teria papel direto no confronto e nunca foi formalmente investigado. A ausência de provas técnicas conclusivas e contradições nos depoimentos das testemunhas levaram o júri à absolvição dos militares.

Inicialmente, os três acusados chegaram a ser presos temporariamente. O fazendeiro foi detido em seu apartamento, onde foram encontradas armas de fogo, munições, capuz, colete e um adesivo com o distintivo da Polícia Federal. Já os PMs foram presos no Hospital Estadual Roberto Chabo (HERC), em Araruama, feridos após o confronto. Ao longo da tramitação do processo, todos acabaram sendo libertados por decisões judiciais.

MTb 0022570/MG | Coordenadora de Reportagem  Site do(a) autor(a)

Pós-graduada em Jornalismo Investigativo pela Universidade Anhembi Morumbi; e graduada em Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo, pela Universidade Veiga de Almeida.

Atuou como produtora/repórter na Lagos TV, Coordenadora de Programação na InterTV - Afiliada da Rede Globo, apresentadora na Rádio Costa do Sol FM e editora no Blog Cutback. É repórter no Portal RC24h desde 2016 e coordenadora de reportagem desde 2023, além de ser repórter colaboradora no jornal O Dia/Meia Hora. Também é criadora de conteúdo para a Web 3.0 na Hive.

Vencedora do 3º Prêmio Prolagos de Jornalismo Ambiental, na categoria web.

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