A residência do médico cardiologista Walter Rau da Silva Vieira, localizada no bairro Canaã, em Arraial do Cabo, foi o centro de uma das cenas mais chocantes já descritas por agentes da 132ª Delegacia de Polícia (132ª DP). Durante o cumprimento de mandado de busca e apreensão na terça-feira (29), os policiais encontraram um ambiente insalubre e perturbador — uma verdadeira câmara de horrores.
No local, onze animais foram resgatados com vida — sete cães e quatro gatos —, todos mantidos em espaços fechados, sem ventilação, em meio a fezes, urina e comida estragada. Os gatos estavam trancados no banheiro da suíte, rodeados por fezes, forte odor e restos de ração em decomposição.
No entanto, o que mais chamou a atenção das equipes foi o conteúdo de um freezer localizado dentro da casa: vários sacos plásticos contendo animais mortos, entre eles filhotes e cães adultos. A Polícia Civil acionou imediatamente a perícia técnica para a coleta e análise do material, que deve esclarecer as causas das mortes e há quanto tempo os corpos estavam ali.
Além disso, foram apreendidos anestésicos de uso odontológico, frascos suspeitos e uma quantidade de erva seca semelhante à maconha, cuja posse será investigada. O uso de sedativos em contexto clandestino levanta suspeitas de outras práticas ilegais, inclusive experimentação animal ou sacrifícios sem controle sanitário.
Mas o que causou ainda mais revolta foi a declaração espontânea feita por Walter no momento da prisão. Segundo as autoridades, ele teria admitido que preparava os animais, se alimentava deles e servia a carne a amigos. A fala será investigada, podendo agravar as acusações e levar à reclassificação do caso, que já é tratado como crime hediondo.
A residência foi interditada para que a perícia possa concluir os trabalhos com segurança. O local apresentava forte odor de decomposição e presença de insetos, o que reforça a gravidade do estado de insalubridade.
Walter Rau da Silva Vieira foi preso em flagrante e segue detido na 132ª DP. Ele responderá, inicialmente, por maus-tratos a cães e gatos, conforme o §1º-A do artigo 32 da Lei nº 9.605/1998, que prevê pena de dois a cinco anos de reclusão, além de multa e proibição da guarda de animais. Novas tipificações podem ser incluídas à medida que a investigação evolui.
Pós-graduada em Jornalismo Investigativo pela Universidade Anhembi Morumbi; e graduada em Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo, pela Universidade Veiga de Almeida.
Atuou como produtora/repórter na Lagos TV, Coordenadora de Programação na InterTV - Afiliada da Rede Globo, apresentadora na Rádio Costa do Sol FM e editora no Blog Cutback. É repórter no Portal RC24h desde 2016 e coordenadora de reportagem desde 2023, além de ser repórter colaboradora no jornal O Dia/Meia Hora. Também é criadora de conteúdo para a Web 3.0 na Hive.
Vencedora do 3º Prêmio Prolagos de Jornalismo Ambiental, na categoria web.
