Yuri de Moura Alexandre, autor das agressões contra o ator e influenciador digital Victor Meyniel, por ter tido a sexualidade ‘exposta’ no último sábado (2), era figura presente na Região dos Lagos, principalmente em boates LGBTQIA+, conforme relatos de pessoas que se relacionaram com ele. Yuri, que morava em Araruama, chegou a ser casado em 2020 com um homem natural de Cabo Frio.
Nas redes sociais do suposto ex-marido de Yuri, consta, ainda, que os dois mantiveram um relacionamento de nove anos e deram o primeiro beijo no “Gayosque Bambu”, em Cabo Frio.
Pessoas que já se relacionaram com Yuri, que preferiram não se identificar, relataram ao RC24h que, pouco antes de se mudar de Araruama, o estudante começou a mudar o comportamento, se tornando um “hétero top”, sem qualquer motivo aparente.
Afirmaram, ainda, que ficaram chocadas ao saberem das agressões ao Victor Meyniel, principalmente pelo motivo de ter a “sexualidade exposta”. “Andávamos de mãos dadas”, disse um rapaz.
Yuri confessou as agressões e foi autuado em flagrante pelos crimes de lesão corporal, injúria por preconceito (homofobia) e falsidade ideológica. Entretanto, com o objetivo de evitar a manutenção da prisão, na última segunda-feira (4), durante audiência de custódia, a defesa dele apresentou a certidão de casamento dele com o cabo-friense.
Apesar da tentativa, a prisão foi convertida em preventiva devido à violência das agressões.
Entenda o crime
Yuri e Victor se conheceram em uma boate na Zona Sul do Rio na última sexta-feira (1) e, após a festa, foram até o apartamento do agressor, onde passaram a noite. No local, de acordo com a defesa de Meyniel, os dois consumiram bebidas alcoólicas e trocaram beijos.
Entretanto, com a chegada de uma colega de Yuri por volta das 7h30, ainda segundo a defesa do ator, o comportamento do estudante de medicina teria mudado totalmente. Depois disso, ele teria expulsado o ator do local. Na portaria, quando Victor foi se despedir, o agressor teria sentido que a sexualidade havia sido “revelada” ao porteiro, o que culminou no espancamento do ator.
A situação tornou-se ainda mais revoltante após as imagens do caso serem divulgadas, mostrando que o porteiro foi completamente omisso à violência sofrida por Meyniel. A única atitude, conforme relato, foi, após um tempo, tirar o corpo do ator do caminho.
Inclusive, o porteiro foi autuado por omissão de socorro.
Defesa nega homofobia
Em comunicado divulgado nesta terça (5), a defesa de Alexandre, sob comando do advogado criminalista Lucas Oliveira, negou as acusações de homofobia e enfatizou que a identidade sexual do cliente, que já foi casado com uma pessoa do mesmo sexo, nunca foi ocultada.
Em nota, o advogado declarou: “Ao pensar como WILDE sofreu com seu julgamento no passado, tendo que esconder sua essência e, ao final, se ver obrigado a se desvelar e defender da opressão a sua forma de amar, é possível imaginar, como YURI está submetido ao mesmo inferno, na medida em que tem sua identidade sexual e pessoal apagada para se enquadrar na narrativa acusatória de ‘injúria homofóbica’.”
A defesa ainda afirma: “Talvez seja necessário que YURI, sendo gay, seja condenado por ‘injúria homofóbica’, com base em narrativa de apagamento de identidade para que, agora, a sociedade da época entenda que o pré-julgamento (raso) e o ódio nunca serão o caminho adequado. Há muito a se provar! ‘Evidências’ são alucinatórias”.
O advogado, por fim, mencionou que só foi comunicado sobre a prisão de Yuri quase seis horas após o fato e que foi barrado de colaborar na clarificação dos eventos. Em relação à lesão corporal, a defesa se referiu a um exame de corpo delito, afirmando que este prova que as lesões em Meyniel não foram graves, mesmo que o ator tenha sido agredido sem parar por 30 segundos.
Ludmila Lopes
Graduada em Jornalismo pela Universidade Veiga de Almeida. Já atuou como apresentadora na Jovem TV Notícias, em 2021. Escreve pelo Portal RC24h há 4 anos e atua, desde 2022, como repórter no Jornal Razão, de Santa Catarina. É autora publicada, com duas obras de romance e quase 1 milhão de acessos nas plataformas digitais.
Vencedora do 6º Prêmio Prolagos de Jornalismo Ambiental, na categoria web. Pós-graduanda em Assessoria de Imprensa, Jornalismo Estratégico e Gestão de Crises pela Universidade Castelo Branco (UCB).