Uma menina de 14 anos foi vítima de bullying e agressão física dentro da escola municipal Alice Canellas da Silveira, em Iguaba Grande. O caso aconteceu no dia 20 de junho na sala de aula e no pátio da unidade.
“Ela me contou que no dia 20, três meninos da sala dela, puxaram o cabelo, empurraram a mesa em cima dela e ficaram xingando ela de ‘cabelo de bombril’, ‘de demônio’, ‘de cabelo de gambá’. Tocou o sinal para ir embora e, como ela vem no ônibus escolar, ela ficou no pátio esperando ônibus chegar dentro da escola. Aí, esses meninos se juntaram a mais um menino e começaram a cercá-la e a puxar o cabelo dela. A agressão continuou dentro do ônibus também”, contou a mãe da menina, Maria Paula Pinto.
O caso foi registrado na delegacia da cidade no dia 21 de junho e a menina passou por exame de corpo de delito em Cabo Frio, onde a agressão foi constatada.
Ela recorreu à Defensoria Pública para trocar a filha de escola, que não teria oferecido qualquer apoio à jovem.
“Eu estive na delegacia e pude assistir as câmeras da escola. O vídeo está picotado, mas os pedaços que os policiais têm mostram claramente a agressão que minha filha sofreu dentro da escola Alice Canellas. Não mostra funcionários da escola, que estavam lá e não fizeram nada”, diz a mãe da menina.
Depois do episódio, a mãe ficou sabendo que a filha e o irmão dela, que estuda no mesmo lugar, já tinham avisado a escola sobre esses problemas.
“Meu filho veio relatar para mim que já tinha reclamado na direção. A minha filha também falou que já tinha reclamado sobre os meninos estarem fazendo isso. Ninguém da escola me procurou para me falar sobre isso”, diz ela que mandou mensagem para o prefeito, para secretário de Educação e para os órgãos competentes, mas não obteve nenhuma resposta.
Menina tenta apoio psicológico
Na escola municipal Alice Canellas da Silveira, a orientadora pedagógica fez uma ficha de encaminhamento da menina para um apoio psicológico, mas não há registro das agressões.
Segundo o relatório, “há relatos da aluna de automutilação tanto na escola, quanto em casa”, uma circunstância teria sido percebida por todos os professores, de acordo com o registro.
A mãe nega e reclama.
“No IML, conversei com a perita, ela olhou a minha filha e disse que não tem marcas no corpo dela, não tem evidência de automutilação nenhuma. Se fosse esse o caso que todos os professores perceberam, como é que não me chamaram imediatamente? Um caso tão urgente assim?”, questiona.
A mãe agora tente apoio psicológico por conta própria, no posto de saúde de Iguaba Grande, mas aguarda um retorno em lista de espera. A menina só consegue sair de casa para ir pra escola nova.
“Ela não está querendo sair de casa. Consegui tirar ela um pouco, ela teve uma crise de ansiedade, passou mal, passou muito mal na rua. Já acordou à noite chorando porque ela diz que lembra o que os meninos fizeram com ela. Fica se tremendo à toa, e não conseguimos psicólogo para ela. Estamos numa fila de espera”, diz.
O que diz a Prefeitura
A Prefeitura de Iguaba Grande, através da secretaria de Educação, diz que a unidade escolar, tão logo teve ciência, tomou todas as providências cabíveis para apurar os fatos, conforme o Regimento Escolar. Além disso, ainda segundo a prefeitura, a Direção Pedagógica conversou pessoalmente com os responsáveis legais, atendendo aos pedidos realizados para o melhor desfecho do caso.
*Matéria do G1 – Rio de Janeiro