A Justiça revogou, na última quarta-feira (2), a prisão preventiva de Anna Clara de Assis Barroso, acusada de participação na morte da jovem Nayra Jeovanna Coutinho de Souza, de 19 anos, em abril de 2023, em Arraial do Cabo, na Região dos Lagos. Anna Clara estava presa há mais de dois anos e agora irá responder ao processo em liberdade, mediante o cumprimento de medidas cautelares.
A decisão judicial levou em consideração fatores como a vulnerabilidade física e mental da acusada, além do tempo excessivo de prisão preventiva. De acordo com o advogado de defesa, Filipe Roulien Azeredo Guedes Camillo, Anna Clara está em situação de fragilidade desde o início do processo, agravada pelo uso abusivo de entorpecentes. Ele afirma ainda que a versão apresentada por sua cliente desde o início aponta para coação de terceiros no momento do crime.
“Anna Clara responderá ao processo em liberdade, com o compromisso de cumprir medidas cautelares determinadas pela Justiça, incluindo acompanhamento médico especializado”, afirmou o advogado. A defesa reforça que continuará colaborando com a Justiça de forma transparente.
Relembre o caso
A morte de Nayra Jeovanna comoveu a população da Região dos Lagos e teve ampla repercussão. No dia 12 de abril de 2023, a jovem foi encontrada com cerca de 70% do corpo queimado nas proximidades da Praia do Pneu, em Arraial do Cabo. Ainda com vida, ela conseguiu caminhar até um condomínio, onde foi socorrida por moradores e posteriormente levada de helicóptero para o Hospital Estadual Alberto Torres, em São Gonçalo. Nayra permaneceu internada por 11 dias, mas não resistiu aos ferimentos e morreu no dia 23 de abril.
Inicialmente, Anna Clara, amiga da vítima, apresentou-se à Delegacia de Araruama relatando que ambas haviam sido vítimas de um assalto. Segundo sua versão, elas teriam sido abordadas por dois homens em uma motocicleta, rendidas e obrigadas a seguir até um local ermo, onde teriam sido coagidas a ferirem uma à outra com facas. Após o ato, os criminosos teriam ateado fogo nas duas.
Contudo, o relato levantou suspeitas da polícia. A 132ª DP (Arraial do Cabo) identificou contradições e incongruências no depoimento de Anna Clara. A partir de laudos periciais e demais provas colhidas durante a investigação, os agentes concluíram que a versão apresentada não se sustentava e que os indícios apontavam para a participação direta da então amiga da vítima no crime. A prisão preventiva de Anna Clara foi decretada e cumprida em maio de 2023.
Segundo envolvido
Em julho do mesmo ano, a Polícia Civil prendeu um segundo suspeito envolvido no crime. O homem foi localizado em Maricá, onde trabalhava em uma obra, e foi encaminhado à 118ª DP de Araruama. Segundo as investigações, ele teria agido em parceria com Anna Clara no latrocínio — quando há roubo seguido de morte. Ele também foi indiciado e encaminhado ao sistema prisional.
A polícia afirmou, na época, que Anna Clara e Nayra eram amigas havia cerca de três anos e que haviam saído de Araruama com destino a Búzios. O crime teria ocorrido durante essa viagem.
Processo segue em andamento
Com a revogação da prisão, Anna Clara está obrigada a cumprir medidas cautelares, como comparecimento periódico à Justiça, proibição de contato com envolvidos no caso e acompanhamento médico especializado. A Justiça ainda irá julgar o mérito da acusação com base nas provas produzidas ao longo da instrução penal.
O caso segue sendo acompanhado por familiares da vítima, que seguem em busca de justiça, e por órgãos responsáveis pela apuração e julgamento dos fatos. A defesa da acusada reforça que confia no andamento do processo legal e no esclarecimento completo do ocorrido.
Pós-graduada em Jornalismo Investigativo pela Universidade Anhembi Morumbi; e graduada em Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo, pela Universidade Veiga de Almeida.
Atuou como produtora/repórter na Lagos TV, Coordenadora de Programação na InterTV - Afiliada da Rede Globo, apresentadora na Rádio Costa do Sol FM e editora no Blog Cutback. É repórter no Portal RC24h desde 2016 e coordenadora de reportagem desde 2023, além de ser repórter colaboradora no jornal O Dia/Meia Hora. Também é criadora de conteúdo para a Web 3.0 na Hive.
Vencedora do 3º Prêmio Prolagos de Jornalismo Ambiental, na categoria web.