Há quatro anos, o médico cabo-friense Carlos Victor da Rocha Mendes começava a esboçar o primeiro livro. A obra “Abanheém”, que será lançada nesta quinta-feira (30), às 19h, no Charitas, não poderia ter sido escrita do dia para a noite. Afinal, são mais de 600 páginas que conduzem a uma viagem por cinco séculos de histórias de Cabo Frio, dos Tamoios até o ano de 2018. A publicação tem prefácio do escritor José Correia Baptista e conta ainda com 369 imagens coordenadas por Evangelos e Achilles Pagalidis.
Misto de ficção, história e romance, “Abanheém” é narrado por uma personagem ao mesmo tempo estranha e familiar. O nome Abanheém significa “o que entende a língua da gente” e foi dado pelos Tamoios. Optando por se fixar na região por se identificar com os indígenas e com a terra em que habitavam, o protagonista chega à Cabo Frio vindo de algum ponto do universo. Sempre com a alma Tamoia no sentido de existir e de pensar, o narrador observa, por 500 anos, fatos que vão revelando a formação da cidade, da região e do povo, com seus acertos e seus equívocos. Humor e incômodos também pontuam a publicação, garantindo sorrisos quando o leitor se dá conta da capacidade humana em saber driblar o peso da vida.
“Há muito, imaginei analisar os ciclos econômicos de nossa cidade. Analisar os fatos que aconteceram e acontecem em relação à gestão pública e privada na nossa economia. Vários aspectos ainda dificultam a construção de uma viabilidade econômica em Cabo Frio. Fomos permissivos no manuseio inadequado da nossa história, explorando nossas riquezas de maneira espoliativa e predatória. Desde o Pau Brasil, passando pelo sal (ouro branco), barrilha, pesca, royalties do petróleo (ouro negro) até a ocupação predatória do solo. Todos foram e são inadequadamente utilizados. Esse é o objetivo do livro: levantar discussões sobre nosso passado e construir um novo futuro. Quero gerar críticas e observações para buscar um pensamento que leve a um futuro sustentável. Abanheém (o que entende a língua da gente) é um personagem fictício que cruzou nossa história e deixa importantes reflexões”, conta Carlos Victor.
Além de viajar ao longo da história, da cultura, do folclore e da gastronomia cabo-frienses, Abanheém faz observações e, a partir das imagens ilustrativas, busca motivar e despertar a noção de amor e de identidade pelo lugar que habitamos, reavaliando os passos dados até aqui. As lições aprendidas com o povo Tamoio se fazem presentes por meio de valores como liberdade, honestidade, cuidados com o meio ambiente e com o outro.
“As histórias que Abanheém costura nos ligam não só aos sentimentos que ele carrega – e com os quais nos identificamos -, mas também às muitas formas que a vida da cidade vai tomando. É um livro que nos leva a uma reflexão sobre os destinos que se configuraram e o futuro que podemos almejar e construir nessa estrada que a história parece tecer. Abanheém deixa para o autor um material que espera que o amigo faça o melhor uso, a fim de levantar uma consciência crítica sobre as nossas responsabilidades com a vida coletiva e o futuro da cidade e de sua gente”, ressalta José Correia Baptista em seu prefácio.