Depois de figurar na paisagem como um “elefante branco” e
ter o local de sua construção contestado por ficar a menos de 500 metros de uma
estação de tratamento de esgoto, a UPA de São Pedro da Aldeia foi inaugurada
com toda pompa e cerimônia – após seis inaugurações adiadas – no dia 12 de
dezembro de 2013.
O que era para ser um alívio para os moradores locais e um
desafogo para o sistema de Saúde Pública da cidade, está se transformando numa
fonte de reclamações por parte de quem é atendido lá – e até pelos que não são
atendidos.
A demora no atendimento é a reclamação mais frequente. No último domingo, uma família procurou a
unidade para atendimento à uma criança de oito anos que se queixava de dores de
cabeça e apresentava vômitos constantes.
Segundo o pai da criança, que prefere não se identificar, o atendimento
começou bem, com a avaliação de uma enfermeira “graduada”, segundo a própria,
que encaminhou a criança para o atendimento médico. “Só que, mesmo com a
unidade praticamente vazia, a espera foi de duas horas, até que a médica
pudesse atender e, quando o fez, sem nenhuma cordialidade, praticamente
expulsou o pai do consultório, afirmando que apenas um acompanhante poderia
ficar com a criança”.
Segundo o pai, chega a ser “falta de sensibilidade, uma vez
que a preocupação é dos dois, pai e mãe, e esperar, do lado de fora, seu filho
passando mal ser avaliado, é angustiante”. Ele continua, dizendo que foi
indicada uma medicação injetável, que foi feita em uma enfermaria onde uma
outra criança agonizava, aos gritos, sendo atendida por enfermeiras: “meu
filho, de oito anos presenciou toda a agonia da outra crianças e, até hoje, me
pergunta sobre o que estava acontecendo e se o menino em questão havia morrido”.
Omissão
Outro caso em que a equipe do RC24H chegou a noticiar, foi o
atropelamento de uma senhora, por um ônibus, no ponto que fica exatamente em
frente à UPA. Enquanto populares se desesperavam
ajudando a vítima, nosso repórter foi até a UPA – que fica a menos de 50 metros
de onde a mulher estava caída – pedir uma cadeira de rodas ou que a ambulância,
que estava parada no local, resgatasse a senhora e ouviu a seguinte frase do
segurança: “nós só prestamos atendimento “da porta pra dentro, não podemos
buscar ninguém, nem emprestar a cadeira de rodas”.
O resultado foi que a ambulância do Corpo de Bombeiros
chegou ao local e levou a vítima para o Pronto Socorro de São Pedro da Aldeia,
a cerca de 5 quilômetros da UPA.
Uma das pessoas que ajudavam a senhora – que, felizmente
teve apenas escoriações e uma suspeita de fratura em um dos pés – foi perspicaz
ao afirmar aos Bombeiros: “se fosse um caso grave, ela poderia morrer no
trajeto, tendo uma UPA ao lado”. O militar
apenas balançou positivamente a cabeça....
No site do governo http://www.pac.gov.br/comunidade-cidada/upa-unidade-de-pronto-atendimento
, a definição de UPA é a seguinte: “Unidades de Pronto Atendimento (UPA)
funcionam 24 horas por dia, sete dias por semana e podem resolver grande parte
das urgências e emergências, como pressão e febre alta, fraturas, cortes,
infarto e derrame. Com isso ajudam a diminuir as filas nos prontos-socorros dos
hospitais. A UPA inova ao oferecer estrutura simplificada, com raio-X,
eletrocardiografia, pediatria, laboratório de exames e leitos de observação.
Nas localidades que contam com UPA, 97% dos casos são solucionados na própria
unidade. Quando o paciente chega às unidades, os médicos prestam socorro,
controlam o problema e detalham o diagnóstico. Eles analisam se é necessário
encaminhar o paciente a um hospital ou mantê-lo em observação por 24 horas.
As UPAs fazem parte da Política Nacional de Urgência e
Emergência, lançada pelo Ministério da Saúde em 2003, que estrutura e organiza
a rede de urgência e emergência no país, com o objetivo de integrar a atenção
às urgências.”
De quem é a responsabilidade?
Ao que parece, a de São Pedro da Aldeia não está inserida
nesse contexto.
A equipe do RC24H entrou em contato com a assessoria de imprensa da prefeitura de São Pedro da Aldeia que, em nota, afirmou que a administração da unidade do município é de responsabilidade do governo do Estado e informou o telefone 2621-1063 para maiores esclarecimentos.
Foram feitas 13 ligações e o telefone informado estava sempre ocupado.