Surto de Covid preocupa trabalhadores de plataforma de petróleo na Bacia de Campos

Denúncia aponta que plataforma já tem mais da metade da sua ocupação de casos infectados e confirmados, e aqueles que não contraíram a doença, continuam expostos ao risco


Um surto de Covid-19 na plataforma de P-08, operada pela Trident Energy, na Bacia de Campos, preocupa os trabalhadores do local. De acordo com o relato de um profissional, que preferiu não se identificar, a plataforma já tem mais da metade da sua ocupação de casos infectados e confirmados, e aqueles que não contraíram a doença, continuam expostos ao risco.

Ainda segundo o relato, por conta do afastamento de alguns casos confirmados, faltam profissionais na manutenção da limpeza e de outras funções na plataforma, como padeiro, comissária, operadores de produção e gerentes. Isso faz com que itens essenciais em meio à pandemia, como sabonete e álcool, também não recebam reposição.

“Onde vai parar isso? Pessoas já estão mal no hospital e outras confinadas em hotéis em Macaé se tratando, e o resto que não pegou ainda está a bordo, testes são realizados de dois em dois dias e sempre tem gente, as vezes 11 pessoas, as vezes 6 como hoje”, lamenta o profissional, que afirma que em 18 anos de embarque, nunca teve um psicológico tão abalado.

Todas as semanas, desde o início da pandemia, a categoria petroleira é assombrada com um novo surto de Covid nas plataformas. O Sindipetro-NF orienta os petroleiros e petroleiras a incluírem, nas observações anexadas ao ASO (Atestado de Saúde Ocupacional), o registro de que estão expostos ao risco de contaminação pelo novo coronavírus.

De acordo com o coordenador do Departamento de Saúde da entidade, Alexandre Vieira, o registro da informação é um direito do trabalhador e da trabalhadora, assim como o de qualquer outro risco a que estiver exposto.

“Pelo ACT [Acordo Coletivo de Trabalho, Cláusula 67, parágrafo 3º], é direito fazer uma observação no seu ASO para registrar ao que está exposto. O que o médico tem que fazer é dar resposta ao que for apontado. Inclusive, se ele não fizer nada, não der atenção, pode gerar denúncia do sindicato ao MPT [Ministério Público do Trabalho], de que as pessoas estão vendo que estão sujeitas ao risco e o médico do PCMSO [Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional] não está fazendo nada”, afirma Vieira.

Vieira explica que o pedido dos trabalhadores está em consonância com vários estudos científicos sobre falsos negativos. Uma pesquisa publicada no site de medicina em seus anais de Coronavírus em agosto de 2020 sobre a Variação na taxa de falsos negativos de testes SARS-CoV-2 mostrou que durante os quatro dias de infecção, antes do tempo típico de início dos sintomas (o quinto dia), ??a probabilidade de um resultado falso-negativo em uma pessoa infectada diminui de 100% (IC de 95%, 100% a 100%) no primeiro dia, para 67 % no quarto dia.  A conclusão da pesquisa é de que “deve-se ter cuidado ao interpretar os testes RT-PCR para infecção por SARS-CoV-2 – particularmente no início do curso da infecção – ao usar esses resultados como base para remover as precauções destinadas a prevenir a transmissão progressiva. Se a suspeita clínica for alta, a infecção não deve ser descartada com base apenas na RT-PCR, e a situação clínica e epidemiológica deve ser cuidadosamente considerada”.

A redação do Portal RC24h tentou contato, mas té o encerramento desta matéria, a empresa Trident Energy não se pronunciou sobre a denúncia.

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