Depois de quase 40 anos sem ser vista, planta é redescoberta na Região dos Lagos

A quaresmeira Pleroma hirsutissimum, criticamente ameaçada de extinção, foi reencontrada no Parque Estadual da Costa do Sol


Depois de 38 anos sem nenhum registro na natureza, a planta Pleroma hirsutissimum, uma espécie de quaresmeira que só ocorre nos municípios de Cabo Frio e Arraial do Cabo, foi reencontrada pela equipe do Plano de Ação Nacional (PAN) para Conservação da Flora Endêmica Ameaçada de Extinção do Estado do Rio de Janeiro. A descoberta foi feita dentro do Parque Estadual da Costa do Sol e surpreendeu pesquisadores, que imaginavam que a planta já estava extinta, uma vez que foi registrada pela última vez na natureza em 1982.

A planta pode atingir um metro de comprimento e exibe belas flores roxas durante sua época de floração. Endêmica das restingas nos dois municípios da Região dos Lagos, a Pleroma hirsutissimum sofre com a destruição do seu habitat pela expansão imobiliária e com impactos ambientais provocados pelo turismo desordenado. E apesar da boa notícia ao reencontrá-la, a conservação da quaresmeira segue como motivo de alerta. A espécie é classificada como Criticamente Ameaçada de Extinção pelo Livro Vermelho da Flora Endêmica do Estado do Rio de Janeiro (2018).

“Este achado é de extrema relevância para a flora do estado do Rio de Janeiro, uma vez que quando redescobrimos uma planta, podemos promover ações diretas em prol da conservação da espécie”, conta Inara Batista, consultora coordenadora do PAN Flora Endêmica do Rio de Janeiro pela WWF-Brasil/SEAS-RJ, e que liderou a descoberta, junto com o servidor da Secretaria de Estado do Ambiente e Sustentabilidade (SEAS-RJ), Marcos Loureiro. A confirmação sobre a identidade da espécie foi feita pelo pesquisador do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Paulo Guimarães.

A expedição que registrou a quaresmeira foi realizada em novembro de 2020, como parte do Programa Nacional para a Conservação de Espécies Ameaçadas de Extinção (Pró-Espécies): Todos contra a extinção. O objetivo do projeto é proteger cerca de 300 espécies criticamente ameaçadas que não contam com nenhum instrumento de conservação. Além do Parque Estadual Costa do Sol, outras três unidades de conservação e áreas urbanas do Rio de Janeiro foram visitadas pela equipe, que tinha como objetivo coletar sementes e produzir mudas de espécies nativas do estado.

Em outra descoberta surpreendente durante as expedições, os pesquisadores, com apoio do coordenador de Biodiversidade da SEAS, Francisco Carrera, registraram uma espécie de cacto — o Rhipsalis pentaptera — que está criticamente ameaçado de extinção, em plena área urbanizada no bairro de São Conrado, na cidade do Rio de Janeiro. Atualmente, a espécie é mais encontrada em hortos, jardins botânicos e coleções particulares do que em seu habitat natural — que corresponde a um pequeno território nas áreas da baixada de restinga carioca, especialmente em São Conrado, perto das encostas da Pedra da Gávea. A principal ameaça ao cacto é justamente a expansão urbana, que já descaracterizou quase completamente o seu pequeno ambiente natural.

A implementação do PAN Flora Endêmica do Rio de Janeiro é coordenada pela SEAS-RJ em parceria com o Instituto Estadual do Ambiente (Inea), o Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, por meio do Centro Nacional de Conservação da Flora (CNCFlora), e consultoria do WWF-Brasil.

 

*Com inormações dO Eco.

Categorias: Meio Ambiente Região dos Lagos

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