Ferro-velho em Araruama funciona em endereço de empresa que vendeu máscaras superfaturadas para a Prefeitura do Rio

RioSaúde disse que fornecedora das máscaras participou de uma contratação direta e apresentou o menor preço para máscara tripla, no valor de R$ 4,80. Outra empresa que vendeu medicamentos e capotes também é apontada por sobrepreço pelo Tribunal de Contas do Município


Uma das empresas que venderam máscaras para a prefeitura do Rio (capital) durante combate à pandemia do novo coronavírus tem endereço fantasma em Araruama, como mostrou reportagem do RJ2 nesta quinta-feira (25).

O Tribunal de Contas do Município do Rio (TCM) apontou possível superfaturamento em compras do município.

De acordo com a denúncia, a empresa RL Lagos negociou máscaras no valor de R$ 4 milhões, um sobrepreço de 4.700%, segundo o TCM.

De acordo com técnicos do tribunal, os itens saíam por R$ 0,10 antes da pandemia, mas no contrato com a prefeitura saíram por R$ 4, 80. Mais de 840 mil máscaras foram vendidas pela empresa.

Na Receita Federal, a RL Lagos informou um endereço onde funciona um ferro-velho. No local, há latinhas, carros, material para reciclar e nada de material hospitalar. A empresa tem nome fantasia de Cirúrgica Araruama e, no site, o endereço é o mesmo que estava na Receita Federal.

Moradores, que vivem no local há cerca de 30 anos, afirmam que não conhecem a empresa e que o terreno nunca teve esse tipo de estabelecimento. Eles disseram que não sabem onde a RL Lagos fabrica ou estoca as máscaras.

Por telefone, um homem que se identificou como advogado da empresa afirmou ao RJ2 que eles funcionam no mesmo endereço e prometeu mandar foto do estabelecimento, mas disse que só poderia enviar na semana seguinte.

De acordo com o TCM, existem sinais de superfaturamento nessas compras. Além disso, o tribunal apontou que o sobrepreço na compra de medicamentos e equipamentos de proteção pode ser acima de R$ 150 milhões.

 

Mais sobrepreço

A empresa Preciosa Distribuidora de Medicamentos vendeu remédios para pressão com indícios de faturamento, segundo o TCM, mas o representante legal da empresa negou a venda de medicamentos para a prefeitura.

O TCM afirma que 4 milhões de comprimidos de Carvedilol foram vendidos a R$ 0,25 cada e a compra deu R$ 1 milhão. Antes da pandemia do novo coronavírus, o medicamento era vendido a R$ 0,08, um valor 200% menor.

A prefeitura também comprou da Preciosa 1,5 milhão de comprimidos de Propanolou. Cada um foi vendido por R$ 0,22 e o valor total saiu por R$ 300 mil. Segundo o tribunal, antes da pandemia, a empresa vendia o comprido por R$ 0,01, o que significa que a prefeitura gastou 2.100% a mais.

De acordo com os documentos, a empresa também teria vendido o medicamento Propanolso para hipertensão com sobrepreço de 2.100%.

Além dos remédios, o município também adquiriu 100 mil capotes – capas de proteção – a R$ 27 cada, quase 700% a mais do que a Preciosa vendia antes da disseminação do novo coronavírus.

“O que foi vendido foi capote e abaixo do mercado. Medicamentos a preciosa jamais vendeu pra prefeitura. Quinze por cento abaixo de valor de mercado”, declarou Fabiano Reis, assessor jurídico da Preciosa.

O município já empenhou os valores das duas empresas. A LR Lagos deve receber em breve mais R$ 600 mil. Já a Preciosa já recebeu o pagamento de uma parte do contrato no valor de R$ 3,7 milhões.

 

O que diz a prefeitura

Com relação a empresa Preciosa, a secretaria tem a informar que a empresa participou de cotação de preços aqui na secretaria para a entrega do medicamento Propanolol, só que ela acabou não apresentando o preço abaixo do valor praticado pela tabela SEMED. Por conta disso, ela foi desclassificada.

Com relação a empresa RL Lagos, a RioSaúde tem a esclarecer que ela participou de uma contratação direta, apresentou o menor preço para máscara tripla, no valor de R$ 4,80.

 

*Com informações do G1

Categorias: Araruama Política

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