'Falecido', 'Político Eleito', 'Servidor Público' e até 'Presidente': série de erros e saques fraudulentos dificultam recebimento do Auxílio Emergencial

Militares e jovens de classe média receberam valor sem ter direito e até o filho do jornalista William Bonner teve o CPF usado de forma irregular por estelionatários em busca dos R$600 do governo


O pagamento da segunda parcela do Auxílio Emergencial de R$600 do governo federal pela Caixa Econômica Federal começou no início dessa semana e, mais uma vez, tem sido alvo de reclamações e diversas denúncias por parte da população.

Na última semana, a CEF recebeu novo lote de beneficiários da Dataprev, referente à análise de pedidos ainda aguardando resultado para receber a primeira parcela do "coronavoucher". Com esse novo lote, surgiram novos problemas.

O primeiro caso recebido pelo Portal RC24h, noticiado na segunda-feira (18) foi de um taxista de Cabo Frio que teve o auxílio negado. O motivo: "político eleito no exercício do mandato"

Após a publicação da matéria, diversos internautas começaram a se queixar de problemas parecidos.

Um trabalhador autônomo de 24 anos, morador de Cabo Frio, que preferiu não ter o nome exposto, contou ao RC24h que acessou o site da Caixa para acompanhar a solicitação do benefício e foi surpreendido com uma mensagem dizendo que o CPF pertencia a um "cidadão com registro de falecimento".

Para ter certeza que não fez nada errado, ele realizou uma consulta na página da Receita Federal e constatou que o CPF está regular.

Essa foi a segunda análise solicitada pelo trabalhador. Na primeira vez, o auxílio foi "negado por dados inconclusivos".

Outros leitores do Portal RC24h disseram ter tido ou que parentes tiveram o mesmo problema.

Conforme a Dataprev, uma das bases federais usadas para óbitos é o Sistema de Controle de Óbitos.

Já a CEF alega que a responsabilidade do CPF é da Receita Federal e que "é preciso atentar para que nenhum número seja digitado errado na solicitação do benefício".

Internautas também relataram ter o auxílio negado porque um outro membro da família da havia recebido o valor, mesmo sem que isso tenha, de fato, acontecido.

Ex-servidores públicos também tem tido dificuldade no recebimento do auxílio. Os dados demoram a ser enviados e processados pelo Dataprev e o benefício acaba sendo negado por ainda constar como 'servidor público'.

 

Conforme o Ministério da Cidadania, muitos ex-servidores públicos consta ainda como empregados porque as informações da Rais 2019, utilizadas pelo Dataprev, ainda não estão disponíveis, por isso, os dados utilizados pelo Ministério para análise e concessão dos benefícios estão defasados. 

Ainda segundo o governo, a Rais é processada uma vez por ano, entre maio e junho. Até lá, não irá contar a data de saída dos funcionários no exercício do ano anterior ou no ano corrente.

A Caixa Econômica informou que a análise das informações é feita pela Dataprev, que é a instituição do governo federal responsável por verificar se o cidadão cumpre os requisitos necessários. "Uma vez concluída a análise e retornando como 'aprovada', a liberação do recurso é realizada pela Caixa", disse o banco, em nota.


SAQUE REALIZADO POR PESSOA DESCONHECIDA

No início do mês, uma mulher de 37 anos, moradora de Cabo Frio, teve o valor do auxílio sacado por uma pessoa desconhecida. (https://rc24h.com.br/noticia/ver/40519)

Vanessa Alvarenga contou ao Portal RC24h, que descobriu que os R$ 1800 ao qual tinha direito, já havia sido retirado da conta em abril.


FILHO DE BONNER É VÍTIMA DE FRAUDE POR AUXÍLIO

O jornalista William Bonner, apresentador do Jornal Nacional, fez uma série de publicações no Twitter para denunciar que estelionatários tem usado o CPF do filho para realizar fraudes, entre elas, os criminosos usaram os dados para pedir o Auxílio Emergencial.

Bonner explicou que os dados do filho foram usados para “a abertura de empresas ou a contratação de serviços de TV por assinatura, entre outras”. “Constituí advogados para encerrar todas as falcatruas, devidamente denunciadas à polícia, com queixas registradas em boletins de ocorrência”.

Ele afirmou que os estelionatários pediram o auxílio emergencial com os dados do filho. “Meu filho não pediu auxílio nenhum, não autorizou ninguém a fazer isso por ele. Mais uma fraude, obviamente”, afirma.


ESTUDANTE DESCOBRE SER 'PRESIDENTE DO BRASIL'

Uma universitária de 31 anos, moradora de Vila Velha, no Espírito Santo, descobriu que na carteira de trabalho constava o cargo de "presidente da República" após dar entrada no Auxílio Emergencial, conforme matéria publicada pelo UOL.

O benefício de Adeyula Dias Barbosa Rodrigues foi negado pelo motivo, mas ela está desempregada desde agosto do ano passado e sobrevive de ajuda da mãe e do companheiro.

 

MILITARES E JOVENS DE CLASSE MÉDIA RECEBEM INDEVIDAMENTE

Conforme matéria publicada pelo O Globo, o governo identificou que filhos de famílias de classe média (maiores de 18 anos), estudantes universitários, mulheres de empresários e servidores públicos aposentados e seus dependentes receberam o benefício sem ter direito.

A irregularidade foi possibilitada pela falta de checagem mais rigorosa dos dados sobre a renda familiar, um dos critérios para ter acesso à ajuda federal. Segundo integrantes do governo, fraudadores omitiram a renda do domicílio no cadastro feito na Caixa Econômica Federal.

A informação não foi checada porque a Dataprev, responsável pelo cruzamento de dados e autorização do pagamento, não utilizou a base de dependentes dos contribuintes que declaram Imposto de Renda (IR) para saber, por exemplo, se o requerente é filho de um servidor público.

Foi analisado apenas o CPF da pessoa e se ela não tinha declarado renda superior a R$ 28,5 mil em 2018, um dos requisitos definidos na lei que criou o benefício.

O Ministério da Defesa já havia informado que 73.242 militares das Forças Armadas receberam indevidamente o auxílio emergencial  de R$ 600.

A área técnica do Tribunal de Contas da União (TCU) vai pedir uma auditoria sobre a concessão do auxílio.

São militares da ativa, da reserva, pensionistas, dependentes e anistiados que fizeram o cadastro no aplicativo da Caixa Econômica Federal. O pagamento da segunda parcela será bloqueado automaticamente, informou a Defesa.

Em nota, a pasta informou que os comandos das três Forças (Aeronáutica, Marinha e Exército) abriram processo para investigar a participação de cada um de seus integrantes em possíveis irregularidades e que os valores recebidos de forma indevida serão devolvidos à União.


MINISTÉRIO DA CIDADANIA LANÇA PORTAL PARA DEVOLUÇÃO DE AUXÍLIO RECEBIDO INDEVIDAMENTE

O Ministério da Cidadania lançou na segunda-feira (18) um portal para facilitar a devolução dos auxílios emergenciais recebidos indevidamente.

A devolução dos valores recebidos indevidamente pode ser feita através do endereço devolucaoauxilioemergencial.cidadania.gov.br/devolucao. Basta que o beneficiário informe o número do CPF. O sistema irá gerar uma guia com o valor que foi recebido pelo cidadão.

O pagamento pode ser feito nos canais de atendimento do Banco do Brasil, como a internet, terminais de autoatendimento, além dos guichês de caixa das agências.

Categorias: Economia

Fotos da notícia




Outras notícias