CABO FRIO - Repasse milionário para clínicas e projeto social desativado causa polêmica na cidade

Enquanto diversos profissionais da Saúde afirmam que não receberem seus salários ou que os valores vieram com descontos de até R$1 mil, empresários do setor e vereador Rafael Peçanha fizeram denúncias sobre gastos exorbitantes da Prefeitura


Empresários da área médica de Cabo Frio levantaram uma nova polêmica com relação a saúde da cidade ao questionarem o valor que a Prefeitura teria repassado recentemente para algumas clínicas do município, pois consideram que certas quantias são exorbitantes para os respectivos serviços prestados. 

De acordo com os valores que constam no Portal da Transparência da Prefeitura, uma clínica de radiologia teria recebido mais de R$ 234 mil, enquanto um centro de diagnóstico recebeu mais de R$ 325 mil.

Conforme detalhado por um médico do município, os valores são referentes à exames de Raio-X, mamografia e tomografia computadorizada, e levando em conta os preços atuais praticados no setor, seriam suficientes para fazer aproximadamente 3 mil exames de imagem.

De acordo com a tabela do Sistema Único de Saúde (SUS), cada exame custa entre R$ 80 e R$ 100, enquanto um Raio-X não chega nem a R$ 10” – detalhou o profissional da Saúde.

Em termos de comparação, os valores repassados para a clínica de radiologia e o centro de imagens são muito mais expressivos do que o que foi repassado para, por exemplo, o Hospital Santa Izabel, que recebeu R$ 34 mil; e até mesmo o Hemolagos, que recebeu cerca de R$ 53 mil.

Os valores foram levantados no Portal da Transparência da Prefeitura de Cabo Frio após diversos profissionais da Saúde do município alegarem, no último final de semana, que não receberem seus salários ou que os valores vieram com descontos de até R$1 mil, o que despertou a curiosidade dos servidores sobre a forma como o orçamento da saúde estava sendo gerido pelo governo municipal.

 

VEREADOR DENUNCIA INVESTIMENTO MILIONÁRIO EM PROJETO SOCIAL QUE ESTÁ DESATIVADO HÁ ANOS

Em meio a tantas polêmicas na Saúde de Cabo Frio divulgadas nas últimas semanas, o vereador Rafael Peçanha (PDT) apresentou mais uma bomba ao revelar a intenção da Prefeitura em gastar mais de R$ 8 milhões no Café do Trabalhador, projeto social que está desativado há anos na cidade.

Após o vereador publicar tal informação nas redes sociais, o governo respondeu que o empenho havia sido cancelado em função dos decretos sobre o coronavírus.

No entanto, Rafael rebateu a resposta da Prefeitura e postou o comprovante de dois pagamentos do processo registrados no Portal da Transparência, entre 8 de abril e 4 de maio, em plena pandemia, totalizando R$ 33.943.

A fonte é o próprio Portal da Transparência da prefeitura de Cabo Frio. Rafael classificou o governo municipal como uma "máquina de mentir".

"O governo Adriano é uma máquina de mentir. Se o empenho do Café do Trabalhador foi cancelado, segundo diz a nota oficial da prefeitura em resposta ao meu post de denúncia, então como foram feitos dois pagamentos entre 8 de abril e 4 de maio, em plena pandemia, totalizando R$ 33.943? Eis as provas, diretamente do portal da transparência da própria prefeitura" - declarou o vereador.

Prefeitura diz que informação não procede 

Em resposta ao Portal RC24h, a Prefeitura de Cabo Frio disse que a informação não procede. De acordo com nota, o valor citado pelo vereador é referente a todos os empenhos municipais no período pesquisado. "Como já informamos anteriormente, devido à queda na arrecadação, com a menor renda mensal dos últimos anos, algumas medidas foram tomadas, dentre elas, o cancelamento de contratos e licitações".

Anda segundo a Prefeitura, referente ao prédio citado, há um projeto, divulgado em março deste ano, em que em parceria com a Firjan, o local seria utilizado como espaço de qualificação profissional, com 13 cursos direcionados para jovens e adultos.

O valor estimado é de R$1,2 milhão, cerca de R$120 mil por mês, incluindo os professores e materiais necessários. O processo está suspenso pelo motivo já citado e até o momento, nenhuma parcela foi paga.

O segundo processo é da reforma do prédio, orçada em aproximadamente R$200 mil. Parte da obra foi feita e a obra está paralisada por conta da pandemia e da ausência de recursos financeiros.

Por fim, a Prefeitura ressalta que todas as informações podem ser acessadas pelos cidadãos no Portal da Transparência.

 

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