Fazer um intercâmbio e estudar no exterior é o sonho de muitos jovens brasileiros. Aqueles que conseguem realizar, se preparam por meses e investem alto para agarrar a oportunidade de estudar em outro país, mas a pandemia do coronavírus interrompeu o sonho de muitos estudantes.
Foi o caso da cabo-friense Maria Clara Rigueira, a adolescente de 16 anos foi pega de surpresa com o cancelamento do programa de intercâmbio que fazia nos Estados Unidos desde agosto de 2019. Com o fim das aulas presenciais, por conta da quarentena e do isolamento social, ela teve que voltar ao Brasil às pressas.
Voltar em março não estava nos planos da jovem que iria concluir o 1º ano do ensino médio no programa ‘Hi School’ em junho. Além de ter o sonho interrompido, Maria Clara viveu um drama na tentativa de voltar para casa. Com o cancelamento do programa, o visto de estudante também foi interrompido e ela teve um prazo de uma semana para sair dos EUA, correndo o risco de perder o seguro de saúde em solo americano. “Eu tive 7 dias pra achar uma nova passagem para o Brasil e foi muito difícil”, diz a intercambista.
Maria Clara vivia no estado de Montana, que é um dos 50 estados dos Estados Unidos. O primeiro caso de Covid-19 confirmado no local foi no início de março. Montana fica aproximadamente a 3 mil Km de Nova York, que é o estado mais afetado pela crise, com mais de mil dos 6 mil casos confirmados do país. Os EUA se tornaram o epicentro da doença, com o maior número de casos no mundo e já somam mais de 3.100 mortes.
A adolescente já tinha passagem comprada e tudo certo para o retorno em junho, mas com a urgência, a família se viu em desespero. “Foram inúmeras tentativas, os voos cancelavam, ela ia sair por Miami, mas acabou saindo pelo Texas porque era a única empresa que ainda estava realizando voo internacional e, mesmo assim, só até São Paulo. De lá, ela ainda teve que fazer uma conexão para o Rio de Janeiro, mas teve mais um voo cancelado e ficou o dia inteiro aguardando o próximo. Foi uma angústia.”, conta a mãe da jovem, Dani Rigueira.
Depois de 48 horas em trânsito e muita exposição ao vírus, principalmente passando pelo aeroporto de São Paulo, atual epicentro da doença no Brasil, a estudante só conseguiu chegar em Cabo Frio 00h desta terça (31).
Mesmo em casa, o abraço de saudade da família vai ter que esperar, isso porque Maria Clara ainda tem que ficar duas semanas em quarentena, totalmente isolada dentro do quarto, para a segurança dos familiares, seguindo as orientações sanitárias para proteger parentes, amigos e a população em geral. “Ela está em bem em casa, em isolamento. Deixamos a comida na porta pra ela pegar, a gente faz contato com ela por vídeo para ter a maior segurança possível porque a gente ainda precisa sair de casa para comprar algumas coisas. Para a segurança de todo mundo, nossos vizinhos, nossos familiares, nossa comunidade a gente fez essa dolorosa escolha de colocá-la em isolamento até porque a gente precisa ter certeza de que ela não teve nenhum contágio”, completa a mãe da jovem.
