Atletas de Araruama são mantidos em quarentena no Peru

Equipe brasileira de muay thai está em Lima, onde disputaria o Pan-Americano da modalidade, mas pandemia do Covid-19 cancelou evento e impediu retorno dos atletas, que contam com poucos recursos


A pandemia do Covid-19, que causou o cancelamento de diversos eventos esportivos em todo o mundo, fez também o Pan-Americano de Muay Thai, que aconteceria de 16 a 22 de março, em Lima, no Peru, ser cancelado. Com isso, a seleção brasileira da modalidade, que conta com atletas de Araruama e Casimiro de Abreu, agora passa por sérios transtornos. A delegação, formada por seis pessoas, sendo dois menores de idade, chegou no dia 12 ao país e foi obrigada a ficar de quarentena no país, já que os voos estão cancelados até o fim do mês, porém possuem recursos escassos.

Na noite desta terça (17), a equipe foi recebida pelo embaixador do Brasil no Peru, Rodrigo de Lima Baena Soares. A embaixada está em contato com as companhias aéreas para agilizar os trâmites e conseguir o retorno da delegação ao país o quanto antes.

"Recebemos contato de Brasília, do Emanuel, Secretario Nacional de Alto Rendimento, através da presidência da República será resolvida essa questão. Acionamos eles, nos deram parecer, estamos enviando a documentação de todo o pessoal para eles. Está tudo extremamente bem encaminhado" - afirmou Carlos.

A equipe chegou em Lima com recursos para ficar de 12 a 16 e contava com um apoiador para bancar a permanência no Peru durante a competição. O drama começou já no dia seguinte, com o cancelamento do torneio e, consequentemente, da verba que receberiam. Com poucos recursos, tentaram antecipar o voo, marcado para o dia 23, mas não conseguiram. Posteriormente, o aeroporto foi fechado, e a delegação encontrou a Embaixada Brasileira fechada. O único contato foi através de mensagens.

Além da questão financeira, outra preocupação é com relação aos dois atletas menores de idade, João Pedro Cardoso da Silva, de 17 anos, e Shaylana Cecília Carvalho da Silva, de 16 anos, que possuem autorização para viajar para fora do Brasil até o dia 24. Entretanto, a expectativa de retorno neste momento é para 1º de abril, quando já terá terminado o período de quarentena.

A delegação da seleção brasileira é toda do estado do Rio de Janeiro (quatro de Araruama, um de Petrópolis e um de Casemiro de Abreu. Todos eles fazem parte do projeto social "Super Atletas", cuja responsável é Hellen Bastos Teixeira, que também é diretora da "Youth Comission Brazil", da Confederação Brasileira de Muay Thai Tradicional (CBMTT), Segundo ela, que não viajou para Lima, a Prefeitura de Araruama entrou em contato para oferecer ajuda.

"Eles saíram daqui com recursos para até o dia 16. Entre 16 e 22 estariam recebendo recurso do apoiador que eles têm, sendo que o apoiador não cumpriu porque o evento foi cancelado. Eles tinham recurso até o dia 16. Sabendo do cancelamento, solicitamos que eles reduzissem os gastos para estender o máximo possível, mas está bem no fim. Eles devem ter que ficar até o final de março, sendo que a passagem, que está programada para o dia 23, agora está cancelada. Companhias aéreas não dão resposta sobre o assunto. Não temos acesso às informações. Até o momento não sabemos como será feito, especialmente porque a autorização de viagem dos jovens era até o dia 24. Não sabemos como será eles no exterior sem autorização, com a Embaixada fechada. A Confederação está fazendo o possível para remanejar esses recursos, só que o Brasil basicamente parou. Estamos numa situação que os próprios empresários não têm... Um dos apoiadores dessa viagem era o proprietário de uma escola, só que fecharam todas as escolas. Até as particulares estão sem recebimento. A situação está super complicada. A Prefeitura de Araruama fez contato com a gente e acho que darão suporte" - contou, ao Combate.com.

Treinador da equipe, Álvaro Gama também relatou que as dificuldades são diversas: mercados lotados, dificuldade para trocar dinheiro, já que as casas de câmbio estão fechadas, além da preocupação natural com o fim dos recursos.

"Ninguém pode sair de casa a não ser para ir para hospital, farmácia ou mercado por 15 dias. Mercado com filas enormes. Tínhamos o dinheiro inicial para estar aqui, mas as coisas começaram a aumentar. A gente ia para um alojamento mais barato, mas tivemos que entrar no que estivesse disponível para não ficar na rua. Estamos a cinco minutos do consulado do Brasil, em um bairro chamado Miraflores, em Lima. Não estou conseguindo trocar dinheiro. Quando fui trocar, já botaram o valor lá embaixo. Pela crise, as pessoas se aproveitam. Já troquei o dinheiro muito desvalorizado, o restante não estou conseguindo trocar porque as casas de câmbio estão fechadas. É o restante do nosso dinheiro para pagar diárias e alimentação e não tem nenhuma resposta. Hoje tivemos resposta por intermédio de terceiros que parece que o Brasil está correndo atrás para trazer a gente de volta. Mas o Consulado vai começar a entrar em contato com as empresas aéreas para ver como consegue fazer isso. O Consulado não atendeu a gente, só por meio de mensagens e mandando aquelas bem generalizadas" - desabafou.

Shaylana Cecília, de 16 anos, também lamentou a situação e revelou que esta foi a primeira vez que viajou para fora do Brasil.

"Não caiu a ficha que o evento foi cancelado, até porque o motivo de estarmos aqui é esse. Estou triste, é a primeira vez que venho para fora do país, mas agradeço a todos que estão aqui comigo. Por enquanto está tudo certo, mas nossa preocupação é daqui uns dias, porque não sabemos quando voltaremos pra casa" - concluiu.

 

DELEGAÇÃO DA SELEÇÃO BRASILEIRA DE MUAY THAI EM LIMA:

- Álvaro Ferdinando Pinho Gama, 43 anos, treinador
- João Pedro Cardoso da Silva, 17 anos
- Shaylana Cecília Carvalho da Silva, 16 anos
- Leila Maria Cardoso da Silva, 20 anos
- Isaque Higor da Silva Ramos, 22 anos
- Douglas Magno Gonçalves Vieira, 27 anos

 

*Matéria do Combate/GloboEsporte.com

Categorias: Esporte Covid-19

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