Médicos e funcionários da UPA pediátrica de São Pedro da Aldeia que tiveram seus contratos finalizados após o processo que determinou uma nova gestora para a unidade, reclamam de calote da antiga empresa terceirizada que administrava o local, uma organização social (OSs) do Rio Grande do Sul que é filiada à Cruz Vermelha.
De acordo com o relato, ex-médicos e servidores da unidade ficaram sem receber dois meses de salário, uma parcela do 13º, não assinaram rescisão de contrato e, consequentemente, não conseguiram a liberação do FGTS.
A Secretaria Estadual de Saúde afirmou ao Portal RC24h que cumpriu a parte que lhe cabia, que era repassar a verba à OSs, e que agora cabe à terceirizada cumprir com todas as obrigações trabalhistas firmadas em contrato. Além disso, a Secretaria Estadual afirmou que já efetuou o repasse para a empresa que assumiu a gestão da UPA aldeense referente ao mês de dezembro, e que a quantia deve bater na conta nesta sexta-feira (20).
Nesta quinta-feira (19), circulou a informação de que os novos médicos e servidores da UPA teriam entrado em greve e restringiram o atendimento ao tomarem conhecimento do calote da antiga gestão, fato que foi negado pela Saúde Estadual e pela secretária de Saúde de São Pedro da Aldeia, Francislene Casemiro:
“A gestão da UPA cabe ao Estado, mas estamos cientes de toda essa situação envolvendo a antiga terceirizada. O governo do estado cumpriu com todas as suas obrigações de repasses, tanto com a antiga, quanto com a atual empresa responsável por gerir a unidade. Em relação a esse boato de paralisação, posso garantir que é mentira e toda a unidade está funcionando plenamente. Entramos em contato com a Secretaria Estadual de Saúde nesta quinta (19) e eles nos garantiram que efetuaram o repasse para a terceirizada e tudo está correndo conforme o estipulado” – garantiu Francislene.
EX-MÉDICOS E SERVIDORES TEMEM PASSAR O NATAL SEM RECEBER SEUS DIREITOS
Os médicos e funcionários que tiveram o contrato finalizado com a troca de gestora da UPA afirmam que estão angustiados com todo esse impasse, e contam com o apoio do Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (CREMERJ), que já está ciente de toda a situação e tenta intervir para que ninguém fique sem receber seus direitos:
“Trabalhei na UPA por mais de três anos e, no dia 30 de novembro, eu e outros colegas fomos demitidos com a garantia de que receberíamos a nossa rescisão até o dia 10, mas até agora isso não aconteceu e nem nos deram nenhuma previsão. Além disso, também não recebemos o pagamento de novembro, uma parte do 13º salário ao qual temos direito e a liberação do nosso FGTS. Temos o respaldo técnico e jurídico do nosso conselho, e eles já nos orientaram que nossa postura está sendo a correta. Estamos cientes que a Cruz Vermelha recebeu o repasse do estado na última sexta-feira (13), então não há justificativa para esse atraso e principalmente esse tratamento indiferente” – declarou um médico que aguarda para receber seus direitos.
Em função da ineficácia do atendimento médico de outras cidades, a UPA de São Pedro passou a ser uma das unidades de saúde mais procuradas por moradores de municípios vizinhos nos últimos meses e, mesmo sobrecarregada, o atendimento da Unidade de Pronto Atendimento aldeense sempre foi bastante elogiado pela população, fato observado por uma médica da UPA que também pediu para ter a identidade preservada:
“Isso é um verdadeiro descaso. Sempre priorizamos um atendimento de ponta, sempre demos o melhor de nós. Tanto que ganhamos diversos prêmios de qualidade em reconhecimento ao serviço prestado na UPA de São Pedro. Atendemos a pediatria de toda a Região dos Lagos e, mesmo sobrecarregados, nos tornamos referência” – lamentou.
