O prefeito de Búzios, André Granado (MDB), está com dificuldades em conseguir recursos para o pagamento integral da folha de fim de ano, incluindo aí o 13º salário. Apesar de encontrar R$ 62 milhões em caixa quando retornou ao cargo (quatro meses após o último afastamento), cerca de duas semanas atrás, viu que a conta não fechava. Apesar do volume dos recursos disponíveis, a maioria é verba carimbada. 

O valor que ele poderia dispor para pagar seus funcionários era em torno de R$ 3,358 milhões, sendo que a folha salarial custaria R$ 11,6 milhões. As informações foram dadas no fim da manhã desta quinta-feira (5), quando ele - acompanhado do secretário de Fazenda, Kleber Ferreira - reuniu a imprensa em seu gabinete para uma coletiva, onde fez uma espécie de prestação de contas.

Além do pagamento dos servidores, a prefeitura ainda estava devendo a fornecedores. André disse que ao retornar à chefia do executivo encontrou um cenário bastante complicado: ambulâncias paralisadas devido à falta de pagamento de combustível; serviços de saúde prejudicados; débitos significativos nas contas de água, luz e telefone nos meses de julho a outubro; frota das secretarias sucateada; falta de reposição de estoques para a manutenção de serviços essenciais e coleta de lixo residencial não realizada corretamente por falta de pagamento.

INSTABILIDADE POLÍTICA

A instabilidade política no balneário contribuiu para o descontrole das contas, mas André disse que não era para ser assim, já que ele foi eleito junto com Henrique, com um projeto em comum.

Para o prefeito de Búzios, o descontrole das contas se deu por conta de uma "empolgação" de Henrique Gomes, que quando assumiu a prefeitura durante seu afastamento encontrou mais de R$ 57 milhões em caixa e "todas as contas em dia", segundo ele. "Ainda tinham R$ 9 milhões provisionados em fontes para o pagamento da folha salarial do mês seguinte e outros de R$ 5 milhões para o pagamento da 1ª parcela do décimo terceiro dos servidores", disse André.

O prefeito também comentou que no período de Henrique a folha inchou. É que o então prefeito fez uma reposição salarial de funcionários contratados em cargos de confiança, os quais viram o salário ser reduzido em 20%, em 2015, por conta da crise. "Além dos 20%, deu outros 16% de reajuste. Não houve um estudo de impacto financeiro, e ele sabia que isso iria acarretar falta de recursos em vários setores, como o pagamento de horas extras, por exemplo", disse.

Para tentar pagar tudo em dia, André pediu autorização de remanejamento de verbas à Câmara, ou seja, retirar recurso de algum setor para conseguir efetuar os pagamentos. Na terça (3), o legislativo municipal aprovou projeto para atender despesas com folha de pagamento no programa de Manutenção de unidades escolares no valor de R$ 2.073.529,43, através de recursos provenientes de excesso de arrecadação.

Já os funcionários contratados no governo Henrique Gomes vão ter um pouco mais de dificuldade de receber o último mês de salário (no caso 12 dias trabalhados em novembro). Estes não estão incluídos na folha "e terão que ingressar com processo administrativo receber os dias trabalhados, férias, 13º, etc", explicou André.

OBRAS E SUCESSOR EM 2020

Mas ele está confiante em conseguir reverter a situação e avisou que Búzios vai começar 2020 com muitas obras: as que estavam paradas serão retomadas e outras serão licitadas. Entre elas, construção do posto da Guarda Municipal; pavimentações (projetos que tem planilha pronta, em dezembro haverá serie de publicações e começar 2020 com obras); academia do idoso na Vila Caranga - essa possibilitada com recurso do Estado, clínica da mulher, entre outras (veja o vídeo com a íntegra da coletiva no final da matéria).

Também no ano que vem, André - que não pode disputar nova reeleição - afirmou que já vai dizer que será seu provável sucessor. "Depois do Carnaval vou anunciar o futuro prefeito de Búzios. Desculpe se estou sendo arrogante. Pode ser prefeito ou prefeita, nosso grupo tem pré-candidatos e pré-candidatas", disse, sem dar maiores pistas.

Assista ao vídeo da coletiva na íntegra: