SERÁ QUE CABE? / Chegada do verão com faixa de areia reduzida deixa cabofrienses preocupados

Além diminuição da faixa de areia, o vazamento de óleo nas praias do Nordeste e a visibilidade nacional que a cidade ganhou com a conquista da Bandeira Azul pela Praia do Peró, levaram hoteleiros e ambientalistas a prever uma superlotação de praias da cidade, que não têm estrutura para receber excesso de visitantes


Desde julho, quando uma grande ressaca atingiu a Praia do Forte, em Cabo Frio, a faixa de areia do local diminuiu de tamanho, principalmente na área mais movimentada da praia, que fica na frente do hotel Malibu. Especialistas têm opiniões diferentes sobre prazo e se a faixa um dia vai voltar ao tamanho normal e a incerteza tem preocupado principalmente quem depende do movimento de turistas no verão para aumentar a renda e se manter durante o resto do ano.

O fato é que essa faixa de areia reduzida tem causado alguns transtornos. Os donos de quiosques que ficam na areia, agora têm menos espaço para montar mesas; os ambulantes têm espaço reduzido para circular pelo local; quem pratica atividade física, como vôlei e circuito funcional, fica sem espaço e tem que se deslocar. E, claro, para o turista e morador que também ficam sem muita opção para colocar sua canga, cadeira e guarda-sol na areia.

Somado a isto, tem uma alta temporada promissora se aproximando. Com a chegada do óleo nas praias do Nordeste, boa parte dos turistas que iriam para aquela região deve optar pelas praias do litoral fluminense, com o aumento deste fluxo a preocupação com a superlotação da cidade aumenta.

Quem tem quiosque na areia da praia já sentiu o prejuízo com a interrupção do trabalho nas férias de julho e com os feriados que vieram depois delas. Carlos Almeida, gerente de uma barraca que fica há mais de 40 anos na parte mais prejudicada pela ressaca, é um dos preocupados com a situação. “Devido a essa depressão que fica aqui na frente da barraca a água está vindo aqui no muro todos os dias, então se não jogarem uma areia, não tomarem uma providência vai ficar muito complicado. A praia já não suportaria com a quantidade normal de clientes, agregando com os turistas do Nordeste vai ficar muito cheio. No verão vai ser muito difícil de trabalhar aqui, já chegamos a colocar 90 barracas e estipularam apenas 25, mas nem 25 estamos conseguindo colocar e ainda temos que recolher mais cedo porque quando a maré acaba de vez o espaço”.

Os ambulantes que precisam circular com seus carrinhos ainda tem que disputar o espaço com os quiosqueiros e banhistas. “até pra gente chegar na praia fica difícil. A gente não tem mais lugar pra passar, tem que ficar tirando as cadeiras e as pessoas reclamam. No verão vai dar pra trabalhar, mas pra gente vai ser muito complicado se continuar assim, é muita gente e muita barraca também. Tem barraca que já abusa, coloca bem perto da praia e a gente fica sem ter como passar”, conta o vendedor de açaí Alcemir da Silva, que veio de São Gonçalo há oito meses para trabalhar na Praia do Forte.

Para o turista que é acostumado a vir para Cabo Frio, o cenário é lamentável. “Nós sempre fomos turistas de Cabo Frio e há alguns anos eu tenho um apartamento próximo a essa maravilha, que ta prejudicada por problemas da natureza, e que é o cartão de visitas da Região dos Lagos. Medidas devem ser tomadas pelo poder público no sentido de ver o que pode ser feito para restabelecer essa beleza, que é um benefício para todos. Nós somos de Volta Redonda e temos uma adoração pela Praia do Forte, tenho até planos de viver aqui. É preponderante que tenha um empenho para recuperar a praia”, afirma Gladson Coutinho. “Essa praia tem um fluxo de turismo que é extraordinário, imagina se a evasão do nordeste venha para cá, nós não vamos ter condições de absorver isso aqui. Uma situação que já vem se mostrando há um certo tempo que a infraestrutura do município não suporta o fluxo de turismo que tem no período de verão e agora piora com essa situação toda”, completa o aposentado.

“Simplesmente observar”

De acordo com o secretário de Meio Ambiente da cidade, que também é biólogo, a solução no momento é observar. “A tendência natural é que essas marés altas diminuam, mas o mundo está sofrendo uma mudança climática então a gente não tem uma previsão técnica pra dizer que volta daqui a um, dois meses. Nós estamos aguardando a resposta da natureza e se esse fato persistir por muitos meses, deve-se contratar um parecer de um hidrólogo para avaliar qual a intervenção que deve ser feita. Devemos simplesmente observar, a tendência natural é que retorne em médio prazo”, afirma Mário Flávio.

Questionado sobre a idéia que circula entre alguns ambulantes, de tirar a areia de um ponto da praia para colocar nos pontos mais críticos, Mário esclareceu que a hipótese é completamente inexistente. “Não existe a possibilidade de tirar a areia de qualquer outro lugar para colocar aqui, isso é crime ambiental. Essa praia é tombada pelo IPHAN então essa possibilidade não existe. Temos que observar e aguardar”, completa o secretário.

Peró pode se tornar o refúgio

Com a redução da faixa de areia, muitos turistas que iriam para a Praia do forte nesse verão vão optar em ficar na Praia do Peró, mas a falta de infraestrutura, especialmente das vias de acesso ao local, preocupam moradores do local.

Com a divulgação gerada pelo hasteamento da Bandeira Azul, o Conselho Municipal de Turismo tem cobrado um plano operacional da prefeitura para a alta temporada. “A preocupação aumentou com a visibilidade que o Peró ganhou com a Bandeira Azul, com a diminuição da faixa de areia da Praia do Forte e com o vazamento de óleo no Nordeste, que desviou muitos turistas para a Região dos Lagos. Cópias do documento foram encaminhadas ao Ministério Público (estadual e federal), Corpo de Bombeiros, Polícia Militar e Inea."

A principal reivindicação é a elaboração de um Plano Operacional para a Costa do Peró (Conchas, Peró e Pontal) para a alta temporada. Dois pontos foram destacados: a necessidade de maior mobilização da Guarda Municipal para controlar o acesso e disciplinar o trânsito e ordenamento da ocupação do espaço público, em especial nas áreas de lazer e de preservação. No feriado prolongado da Proclamação da República, o Peró foi invadido por ônibus e vans sem autorização para circular em Cabo Frio.

Em reunião com o CMT, Os responsáveis pela mobilidade urbana de Cabo Frio informaram que não há nada planejado para organizar a desordem no trânsito nos bairros Gamboa e Jacaré, que ligam o Centro ao Peró/Ogiva. O roteiro também é usado para os turistas que fazem a rota Arraial-Cabo Frio-Búzios e vice-versa.

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