Nesta semana em que celebramos o Dia dos Professores eu não poderia falar de outro tema diverso da educação, um assunto me toca de forma muito particular. Penso que uma das maiores bênçãos que tive na vida foi ter nascido filho de dois professores, Laura e Alfredo Barreto, apaixonados pela educação, que acreditavam que a educação era o meio de transformação da vida das pessoas, e que me transmitiram essa importante percepção do papel da educação na construção de uma sociedade melhor.
Não há uma categoria profissional mais aguerrida do que a dos professores. Acompanhei isso de muito perto na época em que meus pais militavam no Sindicado dos Profissionais da Educação. Minha mãe, grávida de mim, quase chegando a hora do parto, se dividia entre estar nas praças reivindicando os direitos de todos os professores, e a luta em sala de aula.
Por tudo isso que vi e vivi no exemplo dos meus pais, me indigna ver a ofensiva de alguns setores que tentam desqualificar a figura do professor, a tentativa de limitar o pensamento democrático e plural dentro do ambiente escolar. Como se não bastasse todas as pautas históricas que precisam avançar, temos este novo desafio que deve mobilizar as nossas atenções e forças, pois a estratégia de atacar o professor é a forma mais perversa de criar um sistema educacional incapaz de reverter o quadro social atual, pois desprestigia o pensamento.
A vida inteira vivenciei a luta dos profissionais da educação, e observo que muitas conquistas foram alcançadas. Mas ainda se faz necessário que os professores, e toda a sociedade, continuem mobilizados na luta por ampliação e manutenção de direitos. Me entristece ver que 49% dos professores não recomendariam a profissão para um jovem, segundo a pesquisa Profissão Professor da organização Todos pela Educação. A desvalorização, má remuneração e rotina desgastante foram as principais razões negativas que influenciaram a resposta. Quase um terço dos professores entrevistados afirmou que realizam alguma atividade para complementar sua renda, sendo que 71% responderam que são responsáveis pela renda domiciliar. Por tudo isso, a busca constante por melhorias e a inquietação com o status quo é uma característica dos educadores que deve contagiar a todos nós.
O dia 15 de outubro é uma data de celebração e especialmente de reflexão: precisamos comemorar as conquistas e pensar na educação que queremos. É importante ter clareza que sem a valorização dos professores, respeito aos direitos adquiridos, não é possível atingirmos os níveis que desejamos. Também é preciso investir na capacitação. Sobre isso, cabe ressaltar que em minha passagem interina de dois meses pelo Executivo de Cabo Frio, no ano passado, fiz questão de investir em cursos de qualificação em parceria com diversas instituições renomadas do país.
Encerro a coluna desta semana rendendo homenagem a todos os Professores, e reitero o meu compromisso de auxiliar na construção de melhores condições de trabalho e de valorização da categoria, bem como de todos os profissionais da educação.
*Aquiles Barreto é vereador em segundo mandato (2013 a 2016 / 2017 a 2020), ex-presidente da Câmara Municipal de Cabo Frio (2017/2018) e ex-prefeito interino do município (maio a julho de 2018). É formado em Administração pela Universidade Estácio de Sá, e em Comércio Exterior pela UFRJ.
