FEMINICES/ Juliana Monteiro - Magreza tem limite

'A anorexia não é fashion, é um distúrbio tão grave que a pessoa não aceita o próprio corpo'


Parece ser comum encontrar alguém acima do peso e logo deduzir que a pessoa pode estar com algum problema de saúde. Seja hormonal, distúrbios emocionais ou genética, já pensamos na obesidade e seus problemas. Mas já parou para pensar que o excesso de magreza também não é saudável!? 

Esta semana fiquei bastante chocada ao ver a magreza de Celine Dion e resolvi falar desse assunto. Ela diz que está tudo bem, mas muitos cogitam que o motivo da perda de peso tão rápida foi a depressão decorrente da perda de seu marido.

Em poucas décadas, o sonho de consumo de muitas mulheres passou a ser ter um corpo magro e longilíneo. Acredito que os grandes vilões dessa inspiração vieram da mídia, da publicidade e da nossa sociedade, sempre enaltecendo o corpo magro como sendo o perfeito.

Mas antes de falar sobre magra demais ou gorda em excesso, vamos entender essa conta. O índice de massa corporal (IMC), que se obtém dividindo o peso pela altura ao quadrado, resulta na classificação. Entre 25 e 29 indica que o adulto está gordinho; acima de 30, é classificado como obeso e abaixo de 19 é considerado magro. A magreza começa a causar preocupação quando o IMC é menor do que 17.

O mundo da moda deve gerar os maiores danos quando o assunto é magreza. Modelos forçadas a emagrecer demais, acabam fazendo suas dietas malucas ou até mesmo deixando de comer. Tudo em nome da beleza. Mas a magreza em excesso é sinal que muitos nutrientes estão em falta, podendo ocasionar a anorexia, anemia, inchaço por falta de proteínas, quedas da pressão arterial, defesas do organismo diminuídas, e assim são mais suscetíveis a infecções. A morte do modelo Tales Cotta em plena passarela da São Paulo Fashion Week, em 27 de abril deste ano, e o show não parar foi a maior prova de que as empresas priorizam apenas seus lucros, deixando de lado a humanização de outras pessoas envolvidas no projeto.

A anorexia não é fashion, é um distúrbio tão grave que a pessoa não aceita o próprio corpo. Mesmo estando magra, se acha gorda. Isso faz com que force vômitos depois de se alimentar, use laxantes e diuréticos em excesso. A menstruação chega a ser interrompida durante alguns meses, surgem problemas psicológicos graves como depressão, e ocorre ainda desgaste muscular, perda da resistência óssea e anemia, que indica que a quantidade de ferro no organismo está abaixo do normal. Há tratamento, mas se não for diagnosticado a tempo pode matar.

"O que merece atenção especial atualmente é o culto à magreza excessiva, evidente no dia a dia dos consultórios e estimulado pela moda que transformou em paradigma de beleza as manequins com índice de massa corpórea muito abaixo do desejável. Daí à instalação de doenças graves como bulimia e anorexia nervosa, o limite é muito tênue", conclui Marcello Bronstein, endocrinologista e professor livre-docente do HC da FMUSP e membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia.

Magreza em excesso não é normal! Devemos cuidar do nosso corpo, pele, cabelos, mas sempre realçando o que temos de mais bacana. Nada de paranoia! Se identificar com alguma famosa ou desejar ter um corpo bacana pode virar um problema se planejamento para obtê-lo não for realizado de maneira sadia. Por isso, atividades, uma boa alimentação e visita ao médico para saber como andam nossos nutrientes é o melhor caminho. Se cuidar sim, mas nada em excesso combinado!?

 


*Juliana Monteiro atua na área da moda desde 2001, com especializações em designer de moda na Universidade Bandeirantes e no ramo gastronômico com ênfase na preservação do meio ambiente. Empreendeu criando sua própria marca de moda praia e sapatilhas e agora compartilha seu olhar experiente e profissional na coluna Feminices. / Contatos: *(22) 98151-7330; *e-mail: feminices.borboletas@gmail.com; *insta: @feminices.borboletas

Categorias: Comportamento

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