Audiência pública aprova maricultura na Praia do Peró, em Cabo Frio

Iniciativa deve gerar cerca de dois mil empregos na região


A instalação da Fazenda de Maricultura na Praia do Peró, em Cabo Frio teve aprovação unânime dos pescadores de Cabo Frio e de Búzios, durante a "Audiência Pública sobre o Impacto da Fazenda de Maricultura no Peró", convocada pelo Ministério Público Federal, nesta quinta-feira (23).

O empreendimento, que já tem a licença liberada pelo Instituto Estadual do Ambiente (INEA), tem previsão de início em julho, com um investimento total de R$ 414 milhões e geração de 500 empregos diretos e 1500 indiretos.

Conforme o procurador da República, Leandro Mitidieri, a audiência foi convocada porque o empreendimento será instalado no mar, em área do patrimônio da União. Ele lamentou não ter sido realizada uma discussão sobre a instalação da fazenda antes da licença ser emitida pelo INEA.

"Empreendimentos deste porte precisam ter total transparência. Todas as dúvidas que sugiram nesta audiência pública foram ou serão esclarecidas pelo empreendedor. O MPF também está colhendo estudos para que não se deixem perguntas em aberto, sem resposta", disse o procurador Mitidieri.

Os pescadores fizeram um estudo do projeto da fazendo e aprovaram o empreendimento, segundo o Presidente da Colônia de Pescadores Z-a, de Cabo Frio, Alexandre Marques Cordeiro, que teve o apoio da colônia de Chita, em Búzios. 

Alexandre refirma que a pesca será liberada para pescadores artesanais na área da fazenda, o que vai colaborar na produção de peixes na região do Peró.

"Nós não queremos que os pescadores virem salineiros, que passaram fome com o fim das salinas. O futuro da pesca artesanal está neste empreendimento. Vamos poder trabalhar lá dentro e os barcos atuneiros (que arrasaram a pesca no Peró) serão proibidos de navegar por ali".

O empreendimento não deve provocar nenhum impacto ambiental na Praia do Peró, além de gerar novos empregos e estiular o turismo gastronômico em Cabo Frio, de acordo com o responsável técnico da empresa hispano-brasileira Mexilhões Sudeste do Brasil (MSB), o oceanógrafo Júlia Avelar. 

"Além dos aspectos econômicos, a fazenda de maricultura terá um foco social, na formação técnica de jovens, e espaço aberto para a pesquisa científica. Não se trata de uma aventura. A fazenda servirá como protótipo de empreendimentos semelhantes em outras partes do mundo. Na Galícia, onde existem várias praias com Bandeira Azul, as fazendas marinhas produzem cerca de 300 toneladas de marisco. O programa tem o apoio da FAO, que combate a fome no mundo", observou o técnico.

Representantes do movimento 'Salvem as Dunas do Peró" foram contra a instalação do projeto, defendendo que serão causados danos ambientais à praia. Um relatório com a opinião técnica de três biólogos foi encaminhado ao procurador. 

"Não há emprego na Região dos Lagos. Não podemos virar as costas para um empreendimento gigantesco que não trará impactos. Não vamos interromper um projeto como fizeram com o Clube Med, que traria muitos empregos. Hoje o local onde seria o hotel virou um lixão", lamentou Alexandre Guilherme, líder comunitário do bairro Colinas do Peró.

De acordo com o diretor administrativo da MSB, Perez Diaz, o empreendimento dará todo apoio ao projeto Bandeira Azul. "Assim como na Espanha, onde as fazendas marinhas convivem com as praias Bandeira Azul, o mesmo ocorrerá aqui. Os projetos são muito ligados porque fazendas marinhas exigem água de alta qualidade, que em geral só existentes em praias com Bandeira Azul", explicou.

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