FEMINICES / JULIANA MONTEIRO - O autocuidado e o consumo de moda em harmonia com a natureza

A crescente busca pelos cosméticos naturais com benefícios reais está trazendo pequenos produtores e agricultores para esse mercado, fazendo com que grandes empresas revejam seus conceitos. Criação de peças do vestuário de maneira sustentável também é discutida, mas está longe de ser um modelo de sucesso


-Saúde / Beleza-

Cuidados em harmonia com a natureza

Tenho uma boa notícia para passar! É que grande parte dos brasileiros tem repensado suas escolhas. Os produtos naturais, orgânicos e artesanais estão cada vez mais em destaque abrindo espaço para pequenos empreendedores. Essas escolhas conscientes fazem bem para o autocuidado e para o meio ambiente. Quando a matéria-prima é extraída de forma sustentável, sem testes em animais e a construção das fórmulas realizadas com produtos naturais, todos saem ganhando! É o corpo e a natureza longe de produtos químicos com parabenos (conservantes sintéticos que interferem no sistema endócrino) ou derivados do petróleo.

A crescente busca pelos cosméticos naturais com benefícios reais está trazendo pequenos produtores e agricultores para esse mercado, fazendo com que grandes empresas revejam seus conceitos. A empresa francesa L´Oreal busca esse equilíbrio lançando a coleção Aura Botânica com produtos livres de silicone e parabenos.

Segundo a dermatologista Flávia Ravelli, de São Paulo, “os parabenos podem desencadear alergias, irritações e sensibilidade cutânea devido à ação antibacteriana e antifúngica, que a substância possui. O acúmulo de parabenos no organismo, segundo estudos, também pode gerar doenças como câncer de mama e de pele, melanoma e afetar a fertilidade”, explicou.

Muitos dos produtos utilizados nesses cosméticos naturais são provenientes de óleos e manteigas brasileiras como cupuaçu, côco, abacate, castanha do Pará entre outros, trazendo benefícios cientificamente comprovados, assim como os óleos essenciais, extraídos pelo processo de destilação de troncos, caules, flores, folhas e talos. Originam a fragrância e possibilita diversos benefícios, como atenuar o processo oxidativo das células.

A utilização dos óleos essenciais como tratamento é a terapia do olfato, conhecida como aromaterapia. Visando equilibrar funções orgânicas, mentais e emocionais ela estimula a boa saúde e o bem-estar pessoal. A formulação tem matéria prima específica para cada tratamento, por exemplo:

Afrodisíaco: canela, gengibre, patchouli, pimenta preta, sândalo e ylang-ylang.
Analgésico: alecrim, cânfora, canela folha, cravo, lavanda e wintergreen.
Animadores: alecrim, cineol, anis estrelado, limão, mandarina, noz-moscada e
tangerina.
Antidepressivos: bálsamo do Peru, bergamota, gerânio, laranja, lima, manjericão,
manjerona, olíbano, petitgrain, sálvia, tomilho e vetiver.
Digestivos: anis estrelado, canela cássia, cardamomo, cravo, gengibre, laranja,
majericão, noz-moscada, menta brasileira e pimenta preta.
Emagracedores: cedro, gengibre, grapefruit, limão, patchouli e pimenta preta.
Estimulantes: alecrim qt. cineol, canela cássia, cardamomo, cravo, gengibre, hortelã
pimenta, manjericão, menta brasilei-ra, pimenta preta e tomilho.
Fungicidas: bálsamo do Peru, benjoim, cravo, gerânio e tea tree.
Insônia: laranja, lavanda, lavandin, manjerona, olíbano, petitgrain, sálvia e vetiver.
Hipertensores: alecrim qt. cineol, cravo e hortelã pimenta.
Hipotensores: lemongrass, manjerona, may shang, olíbano, wintergreen e ylang-ylang.
Rejuvenescedores da pele: cedro, cipreste, copaíba, gerânio, ho wood, mirra, olíbano,
palmarosa, patchouli, pau rosa e sândalo.
Relaxantes: benjoim, bergamota, citronela, eucalipto citriodora, gerânio, laranja,
lavanda, lavandin, lemongrass, manje-rona, may shang, palmarosa, pau rosa,
petitgrain e olíbano.
Respiratórios: alecrim, cineol, benjoim, cipreste, copaíba, eucalipto, hortelã pimenta,
lavandin, menta brasileira, olíbano, pinho da Sibéria e tea tree.

O Brasil já possui algumas marcas com produtos naturais e orgânicos, numa linha que vai de sabonetes, shampoos, esfoliantes, hidratantes, tônicos, óleo para massagem, anti-idade, desodorantes, máscaras de tratamento, batons... Até a linha para casa, como difusores e saches perfumados. Inclusive encontrei alguns no shopping de Cabo Frio que valem muito a pena serem testadas. Afinal “as pessoas querem aumentar a autoestima principalmente quando a vida está mais dura”. O melhor é se cuidar enquanto essa tempestade estranha que cobre nosso país não passa, não é mesmo!?


-Moda-

Moda Sustentável

A criação de peças do vestuário de maneira sustentável também é discutida, mas está longe de ser um modelo de sucesso. Quando auferimos a informação que a Nike passará a utilizar apenas a energia renovável até o final deste ano ou que algumas fábricas de jeans inseriram sistemas para o reaproveitamento de água é comovente, mas poucas são as marcas que de fato mergulham nesse universo.

O investimento é alto para pesquisa e produção de novos materiais sustentáveis ou biodegradáveis, desde o princípio de uma coleção até seu descarte. Mesmo assim percebemos que muitas marcas se preocuparam com o meio ambiente e acabaram inovando seus produtos. São marcas de óculos que investiram em hastes de madeira, ou peças que são confeccionadas com material orgânico e existem também marcas que trabalham com algodão cru sem o uso de tingimento.

Falar de moda sustentável e não citar Chiara Gadaleta é impossível. Sua história na moda inclui anos como modelo, diretora criativa dos desfiles de Vogue, empresária da marca Tarântula e hoje seu grande foco é a Ecoera. Seus cursos e estilo de vida levaram a criação de um portal onde empresas e consumidores se encontrassem com o mesmo objetivo; O comprometimento com o consumo e produção consciente.

“Nós pesquisamos e ajudamos a criar junto com diversas marcas formas de transformar seus produtos em peças sustentáveis, como por exemplo, um óculos feito em madeira, uma camiseta fabricada com produto orgânico. No início, eu comecei a fazer um mapeamento para provar que existem soluções e que não era uma loucura da minha cabeça. Tem como ser sustentável, sim! Isso já existe há muito tempo na Alemanha, Inglaterra, Áustria, Noruega. Mas aqui, cadê?”, questiona Chiara.

O boom do consumismo acendeu com a criação do Fast fashion, onde pequenas coleções semanais estão à disposição com preços bem mais baixos. A indústria brasileira acaba produzindo cerca de 120 mil toneladas de roupas por ano. Desse montante, apenas 20% é reaproveitado, o restante vai parar em aterros com outros tipos de lixo. Mas a boa notícia é que muita coisa descartada acaba se transformando em algo novo!

A estilista israelense Dana Cohen mostrou que é possível fazer peças bacanas com produtos descartados.

Na Índia grande parte do material reciclado se transforma em cobertores para a população.

No Brasil já temos alguns nomes que aderiram ou se comprometeram a encontrar soluções sustentáveis para a confecção, que vão desde o plantio e colheita do algodão, confecção, uso e descarte. Existe uma marca de sapatos, chamada Insecta, que trabalha com material descartado e também aceita doações de sapatos sem uso para dar um bom final para eles, contribuindo para uma economia circular.

Como tudo que jogamos fora vai parar em algum lugar, devemos nos preocupar e conscientizar-se. Depois da geral no guarda-roupas, o melhor a fazer é doar o que não se usa, afinal sempre tem alguém precisando. Mas caso você ainda tenha peças para descartar, o movimento PNRS (Política Nacional de Resíduos Sólidos) responsabiliza empresas pelo pós consumo. A loja C&A por exemplo, faz parte do movimento reciclo e arrecada peças em suas lojas.

As Havaianas é outra empresa que utiliza sandálias velhas para confeccionar tapetes de borrachas e serve como matéria prima para artesãos.

 

Vamos fazer nossa parte! Na hora de comprar pergunte se você realmente precisa e dê preferência para roupas com maior qualidade que possam durar mais. Peças de pequenos produtores, você contribui com a diminuição do trabalho escravo no mundo têxtil. Aproveite para acompanhar um projeto lindo nascendo, em parceria com várias empresas (inclusive Chiara, logico!) “A Moda pela Água” e vamos contribuir para um planeta mais saudável!

 


*Juliana Monteiro atua na área da moda desde 2001, com especializações em design de moda na Universidade Bandeirantes e no ramo gastronômico, com ênfase na preservação do meio ambiente. Empreendeu criando a própria marca de moda praia e sapatilhas. Agora compartilha o olhar experiente e profissional na coluna Feminices. / Contatos: *(22) 98151-7330; *e-mail: feminices.borboletas@gmail.com; *insta: @feminices.borboletas

Categorias: Comportamento

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