CPI do Hospital da Mulher de Cabo Frio ouve atual diretoria. Secretário de Saúde não comparece

Márcio Mureb tinha cirurgia agendada e sua ida à Câmara foi remarcada para a próxima segunda-feira (20)


A nova diretoria do Hospital da Mulher de Cabo Frio participou nesta quarta (15) da oitiva promovida pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara de Cabo Frio para investigar a morte de nascituros na unidade de saúde. A diretora-geral da unidade, Tânia Lydia Matosinhos; a diretora técnica, Cristina Vale Faria e a diretora administrativa, Simone Sant'Anna, responderam perguntas feitas pelos vereadores sobre a morte de bebês na unidade.

O secretário de Saúde, Márcio Mureb, que é médico, também foi convidado para a oitiva, mas por ter cirurgias agendadas para esta quarta-feira (15), remarcou o compromisso com a Câmara para a próxima segunda-feira (20).

Com relação ao protocolo adotado pela atual gestão, a diretora geral informou que o novo modelo visa ter um olhar atento às necessidades da paciente e bom senso no encaminhamento de cada caso. "A gestação é um período naturalmente conturbado, em que muitas vezes a paciente apresenta um quadro influenciado por medo ou outras questões que acabam interferindo no seu estado. Por isso, fazemos o que for necessário para tranquilizá-la e constatar o seu real estado de saúde. E, após todas as constatações, decidir se é caso de internação ou de alta médica", explicou.

Ao ser questionada pelas conclusões da Comissão de Verificação de Óbitos, à qual Tânia fazia parte antes de integrar a diretoria do hospital, informou que houve um grande número de óbitos provenientes de sífilis, uma doença sexualmente transmissível, e de infecções graves.

"A situação epidemiológica do município nos preocupa. Cabo Frio e também os municípios vizinhos apresentam alto índice de casos de sífilis. Os números que apresentamos são encaminhados para a Saúde Coletiva, e as ações de Saúde acontecem a partir de lá", explicou.

Ainda segundo ela, para tentar minimizar o problema, o Hospital está se reunindo com as unidades de ESF (Estratégia Saúde da Família), onde são feitos os acompanhamentos pré-natais e com o Departamento de Saúde Coletiva, que está realizando capacitação das equipes de enfermeiros, para que estejam aptos a realizar todos os exames necessários na primeira consulta e no primeiro trimestre de gestação. Outra iniciativa, junto com o Departamento de Vigilância Epidemiológica, é a realização de ações de conscientização, em consonância com a secretaria de Estado, para que não só a mãe fique ciente dos riscos, mas também o pai.

Causa dos óbitos

Além da sífilis e das infecções graves, outros motivos identificados como causa dos óbitos foram: má formação congênita, circulares de cordão e ainda hábitos e condições de higiene desfavoráveis, entre outros.

A diretora explicou ainda que apesar de todo o esforço da nova diretoria para oferecer um tratamento mais humanizado e intensivo às mulheres, a equipe enfrenta dificuldades de acompanhar a paciente no período da gestação e também no pós-parto. Isto porque um grande número apresenta endereços falsos e também porque a cidade está recebendo um grande fluxo migratório de pessoas provenientes de outras localidades do estado, que ainda não definiram moradia.
 
"Nosso objetivo é fazer uma busca ativa das pacientes, tanto para o acompanhamento da gestação como depois do nascimento, mas nem sempre é possível devido a esses fatores", afirmou Tânia.

Informatização da área administrativa

Ao ser perguntada sobre a informatização da área administrativa, em especial a recepção, a diretora administrativa Simone Sant´Anna informou que nesses dois meses da nova gestão já identificou a necessidade de equipar e informatizar alguns setores administrativos, o que já foi solicitado à Secretaria.

A respeito da entrega dos prontuários médicos, a diretora administrativa explicou que o documento é entregue à paciente quando fica pronto, no prazo de até cinco dias após a alta médica.

Capacitação

Outra iniciativa que visa à melhoria é a capacitação dos funcionários desses setores, cujo objetivo é oferecer um atendimento humanizado do início ao fim.

As diretoras afirmaram que o maior desafio da nova gestão é desfazer uma imagem que foi amplamente reproduzida sobre o Hospital e que gerou medo e insegurança na população.

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