CPI do Hospital da Mulher na Alerj ouve diretores da instituição

Comissão convidará para esclarecimentos o secretário municipal de Saúde, Márcio Mureb, e estuda convidar o prefeito Dr Adriano


A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) que investiga a morte de nascituros e recém-nascidos no Hospital da Mulher, em Cabo Frio, se reuniu nesta terça-feira (2) para colher os depoimentos dos diretores da instituição. Desde julho de 2018, Paul Herbert Dreyer e Lívea Natividade são, respectivamente, diretores médico e administrativo da instituição, onde foram registrados 16 mortes de bebês nos três primeiros meses do ano. Eles responderam aos questionamentos dos membros da comissão em relação às mortes e sobre procedimentos técnicos e administrativos adotados pelo hospital.

O diretor Paul Herbert alegou que as mortes registradas estão relacionados a doenças, como sífilis e hipertensão, e ao consumo de drogas ilícitas. Ele disse que a ausência ou a má realização do acompanhamento pré-natal também foi um fator decisivo. "Eram fetos que já estavam em um sofrimento crônico que não havia sido diagnosticado. As mulheres chegavam no hospital e não podíamos operá-las imediatamente. Segundo o protocolo, era preciso estabilizá-las primeiro e, muitas vezes nesse intermédio, os filhos faleceram porque eles já estavam em sofrimento fetal", justificou.

No entanto, para a presidente da comissão, deputada Renata Souza (PSOL), a justificativa de Herbert não condiz com os relatos e os documentos apresentados pelas mães que perderam seus bebês. "Culpabilizar a vítima por perder o seu filho é um equívoco. A gente precisa saber se foi antes, durante ou depois do parto que esses bebês tiveram um sofrimento que os levaram à morte. Nós tivemos acesso a diversos exames pré-natal dessas mulheres e todas tinham a indicação de que seus filhos nasceriam saudáveis. A gente precisa saber o que está acontecendo", declarou.

A parlamentar solicitou ao hospital o envio de documentos, entre eles os prontuários dos 16 casos de falecimento, que serão analisados por uma equipe técnica de apoio à CPI. Renata Souza também solicitou o livro com os registros de entrada na instituição desde novembro de 2018, o relatório de fiscalização do Conselho Municipal e as atas das reuniões da comissão interna do hospital que atestou a causa das mortes. A comissão convidará para esclarecimentos o secretário municipal de Saúde, Márcio Mureb, e estuda convidar o prefeito de Cabo Frio, Adriano Moreno.

O Hospital da Mulher realiza de 150 a 200 partos por mês e, segundo o diretor Herbert, a taxa de óbitos dos primeiros meses de 2019 se assemelha ao registrado em anos anteriores, sendo 50 mortes em 2017 e 53 em 2018.

DILIGÊNCIA E CONDIÇÕES DE ATENDIMENTO

Nesta segunda-feira (1º), os deputados da CPI estiveram em Cabo Frio para realizar uma visita ao hospital. Lá, encontraram um ambiente "maquiado", como afirmou a deputada Renata Souza. 

Ela ouviu relatos de pacientes que tiveram de levar sua própria roupa de cama e até mesmo ventiladores. "É uma contradição. A administração do hospital ficou sabendo da nossa visita, mas a gente conseguiu ver como as famílias não tinham acesso a insumos básicos, como lençóis e ventiladores, e como era ruim a relação entre os pacientes e a instituição", disse a deputada.

A diretora administrativa, Lívea Natividade, justificou que muitas das pacientes decidem levar por escolha própria os seus pertences e afirmou que vem adotando uma série de procedimentos para melhorar a qualidade no atendimento, como o controle da rouparia de cama e a qualificação das equipes de limpeza. "Havia um índice de retorno de pacientes por conta de infecções e, depois desses procedimentos, estamos há três meses sem esse tipo de retorno", exemplificou.

Estiveram presentes os deputados Subtenente Bernardo (PROS), Enfermeira Rejane (PCdoB), relatora da comissão, Doutor Serginho (PSL), Martha Rocha (PDT), Max Lemos (MDB) e Renan Ferreirinha (PSB).

*Com informações da Alerj

Categorias: Cabo Frio Política

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