Passada a folia, chega a hora dos setores ligados ao turismo realizarem suas avaliações sobre um dos períodos mais esperados por quem atua no ramo. De acordo com o levantamento da Prefeitura de Cabo Frio, cerca de 500 mil pessoas escolheram o município como destino, número cerca de 25% menor do que a previsão inicial, que era de 700 mil pessoas.
Carlos Cunha, presidente da Associação de Hotéis, Gastronomia, Comércio e Turismo de Cabo Frio (ACF), afirma que a taxa de ocupação ficou em 75% durante os 5 dias de folia, com picos de 90% no sábado (2), domingo (3) e segunda (4). De acordo com ele, foi a pior taxa de ocupação registrado nos últimos 10 anos, quando ficava na média em 85%, e nem de longe lembra a fase áurea do turismo em Cabo Frio, quando todas as vagas eram reservadas com meses de antecedência.
"Esta queda confirma a tese já levantada anteriormente por esta entidade de que o hábito do consumidor de permanecer os 5 dias no mesmo destino mudou, preferindo a permanência de apenas três diárias, tentando assim fugir dos históricos engarrafamentos de sexta e quarta-feira de cinzas. A baixa ocupação também foi reflexo do mal tempo anunciado para o Carnaval, o que também comprova que um destino turístico não pode depender apenas da praia para atrair turistas. Se faz necessário ter outros atrativos, sejam estes históricos, culturais, religiosos e ambientais" - observou, complementando:
"Os problemas recorrentes de segurança, desordem e infraestrutura também contribuíram com a baixa ocupação deste ano. Além desta queda, os preços das diárias também tiveram que ser reajustados, praticando valores menores aos praticados na mesma época do ano passado. Nos restaurantes da cidade o movimento registrado também foi insatisfatório, levando inclusive alguns estabelecimentos à fechar as portas durante o período para amenizar os prejuízos" - lamentou Carlos Cunha.
Andreia Moreira, proprietária do Restaurante Vilage e do Quisoque Costa do Sol, afirma que nunca viveu um Carnaval tão fraco do ponto de vista empresárial nos 25 anos que atua em Cabo Frio.
"Tivemos uma venda bem baixa, 40% a menos em comparação ao ano passado. Estamos aqui há 25 anos e nunca vi isso. Esse foi um dos piores, senão o pior Carnaval em termos de lucro. Para piorar, ainda tivemos o problema das chuvas durante a noite, que afastava todo mundo. A gente fez um estoque grande, contratamos empregados, e acabamos ficando no prejuizo. O Radamés (secretário de Turismo) se esforçou, esteve presente na orla, e acho que agora é mais questão de planejamento para alavancar o Carnaval de Cabo Frio, tentar parcerias com empresas e outras soluções para que o Carnaval de 2020 seja satisfatório" - declarou a empresária.
Para o secretário de Turismo, Radamés Muniz, algumas situações explicam os números abaixo do esperado:
“Historicamente, quando o carnaval acontece no mês de março, há uma menor movimentação na cidade e quem é do setor de hotelaria, como eu, sabe bem disso. Mas este ano tivemos alguns outros fatores que contribuíram ainda mais para a redução de turistas não só em Cabo Frio, mas em todas as cidades da região: as fortes chuvas que castigaram vários municípios, obrigando muitas pessoas a cancelarem suas reservas, e o fato do quinto dia útil do mês ser depois do carnaval, o que fez com que muitas pessoas desistissem de viajar por falta do pagamento e curtissem a folia em suas próprias cidades” - explicou.