Colunista RC24h - Alexandre Costa - Violência contra a mulher: O que fazer diante desta situação?


A violência de um homem contra uma mulher é algo que costuma chocar e provocar indignação, mas muitos perguntam-se: "por que uma mulher se permite deixar ser agredida? Por que ela não vai embora ou reage de alguma forma?"


Estas perguntas se formam, não considerando as múltiplas questões que circundam o histórico de vida destas mulheres e todos os fatores que as levaram a se encontrar nesta condição de violência. E em muitos casos, existem pessoas que ainda invertem os papéis e colocam as vítimas no lugar de responsáveis, relutando estas mulheres agredidas como "mulheres de malandro que merecem apanhar". Este tipo de ideia é tão comum e forte em nossa sociedade, que em alguns casos geram pensamentos distorcidos que fazem com que a própria mulher agredida acredite que ela merece sofrer e apanhar.


O que estas ideias, perguntas e afirmações do senso comum não levam em conta, são os fatores psicológicos que também compõe a violência doméstica e que pode destruir a autoestima de uma mulher de tal maneira que acabe a deixando incapaz de sair da relação e a torna-se refém emocional do agressor.


Quando o homem (namorado, marido, amante) agride, não apenas fisicamente, mas também depreciando, acusando e ameaçando a mulher, esta vai aos poucos tendo sua autoestima destruída, ate chegar ao ponto de não ter mais condições de reagir, passando a se submeter a tudo o que seu agressor fizer. 


À medida que a violência aumenta, os sentimentos de depressão e culpa vão ganhando cada vez mais força, fazendo estas mulheres se isolarem cada dia mais e a acreditarem que não há nada nem ninguém que possa mudar sua situação. 


O pensamento distorcido de culpa que estas mulheres sentiram ou sentem (culpa por não ter sido uma mulher suficiente, culpa por ter permitido ser agredida, etc), podem deixar marcas permanentes caso não sejam tratadas adequadamente, mesmo quando estas conseguem se livrar do agressor.


Estes pensamentos, tanto dos que estão presenciando de fora, quanto da própria mulher, interpretam erroneamente que a mulher agredida, teve pleno livre arbítrio para escolher voluntariamente por cada atitude que teve durante sua relação. Na verdade, tais "escolhas" foram condicionadas pelas agressões psicológicas e o medo que lhes foi imposto.


Quando uma mulher começa a ser vítima de violência, deixa de ser uma participante voluntária da relação. É uma vítima de uma angústia terrível que a acorrente submetendo-a a coisas terríveis.


Se você está sofrendo este tipo de violência, busque ajuda. Por mais que pareça que não tem saída, há saída sim! Existem leis e pessoas dispostas a ajudá-la. 


E se você conhece alguém que está passando por situações deste tipo, denuncie. Na maioria das vezes as vitimas não tem condições psicológicas para buscarem ajuda por conta própria.

 

 

*Alexandre Costa – Colunista do RC24h, Psicólogo, especialista em sexualidade humana e bacharel em Teologia. Psicólogo Clínico Comportamental na Clínica Oficina do Corpo e componente da equipe multidisciplinar do Programa Vivendo e Aprendendo da SEPRED – Coordenadoria de Prevenção ao Uso de Drogas de Cabo Frio.

 

Categorias: Comportamento

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