Foi dada a largada no combate à violência contra a mulher. A abertura da segunda edição da "Semana da Justiça pela Paz em Casa" foi feita nesta segunda-feira (3), com a meta de realizar 1.439 audiências de instrução e julgamento em todo o Estado, além de oito julgamentos de crimes de feminicídio no Tribunal do Júri até o dia 7 de agosto.
A campanha, liderada pela ministra Cármem Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), almeja resolver o maior número possível de casos de violência de gênero.Segundo um levantamento feito pelo Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJRJ), de janeiro a junho deste ano, 34.800 processos relativos ao tema já receberam sentença em todo o estado.
De acordo com a coordenadora do evento, a juíza auxiliar da Presidência, Adriana Ramos de Mello, o estado do Rio tem 200 mil ações de crimes de violência contra a mulher tramitando no Judiciário. Em 2014, foram 306 mil inquéritos policiais gerados no país inteiro.
No evento foi lançada uma cartilha para orientar mulheres vítimas de agressões, estimulando-as a sair do silêncio e procurar a polícia ou o Disque-Denúncia.O evento também contou com a presença de Nadine Gasman, representante da ONU Mulheres, entidade das Nações Unidas para a Igualdade de Gênero e o Empoderamento das Mulheres. Ela disse que o Brasil é um exemplo a ser seguido. "Em uma semana mais de mil casos sendo analisados não é uma coisa que acontece sempre. Por isso, é um exemplo a ser seguido", elogiou Nadine, ressaltando que ainda temos muito o que avançar para que a violência contra a mulher seja erradicada.
O presidente do TJRJ, desembargador Luiz Fernando Ribeiro de Carvalho, destacou que muitas mulheres não denunciam seus agressores por medo, vergonha ou falta de credibilidade na Justiça. No entanto, após a criação dos juizados especiais e a promulgação da Lei Maria da Penha (Lei N° 11.340) há exatos nove anos, esse panorama tem mudado. "O grande passo foi enquadrar o feminicídio na lei de crimes hediondos. Para o ritmo se acelerar ainda mais precisamos que as principais interessadas, que são as mulheres, participem da luta ativamente. A violência contra a mulher é a face horrenda da barbárie e da selvageria contra a vida humana", condenou o desembargador, destacando que no TJRJ as mulheres já constituem maioria, já que elas ocupam a primeira e segunda vice-presidências, com as desembargadoras Maria Inês da Penha Gaspar e Nilza Bitar, além da corregedora-geral da Justiça, desembargadora Maria Augusta Vaz.