Os comerciantes da Praia do Forte, em Cabo Frio, se dizem decepcionados com o fraco movimento registrado durante as férias de meio do ano. De acordo com donos de restaurantes, quiosqueiros e ambulantes, as vendas não chegaram a ser ruins, mas foram muito abaixo do esperado e do que foi registrado no mesmo período do ano passado.
A grande maioria apontou a crise financeira do país como a grande responsável pela debanda dos turistas, mas a sequência de feriados prolongados do segundo semestre e a realização de eventos na praia não afastou de vez o otimismo.
Cleverson Ribeiro, 26, subgerente do Restaurante Farol do Forte, disse que o baixo movimento surpreendeu a todos. No entanto, ele espera que a situação melhore com os eventos que serão realizados na Praia do Forte.
- O baixo movimento no comércio durante essas férias tem sido um assunto bastante comentado por todos. A prefeitura planeja trazer mais eventos para a Praia do Forte, assim como fez com o Encontro de Motos, e vamos ver se isso irá atrair mais clientes – disse.
De acordo com Fábio Luiz de Moraes, 27 anos, sócio proprietário do Quiosque Sol e Sal, o mês de junho deste ano foi um dos piores que ele presenciou no comércio.
- O mês de junho foi irreconhecível. A situação só melhorou nos finais de semana de julho. Mesmo assim, o movimento ficou muito abaixo do esperado. Todo mundo está sem dinheiro, e quem tem, está segurando ao máximo. Há uma expectativa de que as pessoas que normalmente viajam para o exterior venham para o litoral. Outro fato que tem atrapalhado nossas vendas é a concorrência desleal. Nós trabalhamos somente com pratos A La Carte, e alguns quiosqueiros tem vendido pratos executivos por cerca de R$ 10. No entanto, nem mesmo esses comerciantes estão conseguindo clientela – lamentou.
O gerente do quiosque Burgers In Beach, Samuel Almeida, estimou uma queda de 40% nas vendas em comparação ao mesmo período do ano passado. Ele acredita que a crise financeira tenha interferido diretamente no turismo.
- O país está passando por uma crise e não há como negar isso. Nem mesmo os mineiros, nossos principais clientes, vieram em peso durante essas férias. Mesmo assim, tenho fé que vai melhorar. Prefiro acreditar que muitos deixaram de vir para cá nos últimos meses para aproveitar os feriados prolongados do segundo semestre – declarou.
Jefferson Miranda, 25, gerente da Barraca do Jeffinho, também lamentou a falta de clientela. De acordo com ele, a tendência dos turistas trazerem tudo o que forem consumir de casa, se consolidou com a crise financeira.
- A situação esse ano só não foi pior porque nossa praia é maravilhosa, não tem como ficar totalmente vazia. Mesmo assim, não dá nem para comparar com as férias do ano passado, que coincidiu com a Copa do Mundo. Cada vez mais, os turistas que chegam em excursões já trazem tudo de casa, e isso acaba diminuindo drasticamente o lucro de todo o comércio. Trabalhamos todos os dias, de janeiro a janeiro, faça chuva ou faça sol, e ficamos tristes com essa situação. Mesmo assim, não perdemos o otimismo e continuamos na luta – decretou.
Eduardo Moreira, 40 anos, vendedor de açaí, disse ter ficado surpreso com o baixo movimento de turistas durante o último bimestre.
- Nos anos anteriores, nossa preocupação para as férias do meio do ano era somente a possibilidade de chuva, já que normalmente os turistas somem de agosto a outubro, quando começa a época dos ventos. São Pedro colaborou com a gente esse ano, mas os turistas não – lamentou.
Quem também prevê queda ainda maior no movimento da praia é a vendedora de bebidas Heloisa Henriques, de 29 anos.
- Quando começar a ventania de agosto, vou ter que arrumar outro emprego. Do jeito que as coisas estão, não dá pra viver só com as vendas da praia – queixou-se.