A delegada titular de Cabo Frio (126ª DP) Flávia Monteiro apresentou, no início da noite desta quinta-feira (26), o suspeito de ter matado Natana Sanches Campos, de 20 anos, na madrugada de 1º de janeiro deste ano. O autônomo Antônio Carlos Silva Escudeiro, de 38 anos, teve a prisão preventiva decretada pela justiça na quarta-feira (25). Ele já estava preso desde o início deste ano em virtude de mandado de prisão por sequestro. 

Toni, como é conhecido, está no presídio Patrícia Acioli, em São Gonçalo. Ele é casado e confessou que Natana era sua amante, mas não confessou o crime ainda.

O corpo de Natana foi encontrado debaixo de uma moto, na manhã de 1º de janeiro deste ano, no Dormitório das Garças. A vítima tinha começado a trabalhar na Inter TV Alto Litoral como editora de imagens um mês antes de ser morta. As causas da morte ainda são desconhecidas.

A morte por acidente foi logo descartada pela titular da 126ª DP, e seis dias após o crime a titular da 126ª DP (Cabo Frio) disse que a jovem não estava sozinha quando morreu, dadas as circunstâncias do local onde o corpo foi encontrado.

"Achei tudo muito estranho. O local, além de estar abandonado há algum tempo, está em péssimas condições de acesso. O deck de acesso ao dormitório está irregular, com várias partes quebradas e uma pessoa sozinha não teria condições de passar por ali sozinha, ainda mais de moto. E outra: não é um local muito visitado, ninguém vai até lá com frequência. Lá também encontramos vestígios de usuários de drogas, deve ser um ponto que vem sendo usado por essas pessoas, que se aproveitam do abandono do local", disse Flávia Monteiro.

No decorrer das investigações, a polícia teve acesso a imagens de uma câmera de segurança de uma padaria que fica na rua onde o suspeito morava. Conforme a delegada, as imagens mostram Toni saindo de casa por volta das 3 da manhã de 1º de janeiro e voltando às cinco. Conforme o laudo cadavérico de Natana, ela foi morta por volta das 4 da manhã. 

"Dá para ver perfeitamente ele saindo de casa. Quando ele volta, antes de entrar em casa, a imagem mostra o suspeito descartando um chip de celular em um terreno baldio. Fomos até lá mas, infelizmente não encontramos o objeto", completou Flávia Monteiro. O celular de Natana não foi encontrado. Segundo familiares e amigos, na noite do réveillon ela saiu de casa com o aparelho.

Segundo Flávia, em depoimentos familiares, amigos e colegas de trabalho de Natana confirmaram o envolvimento amoroso de Toni com a vítima e disseram que a relação era quase "doentia", recheada de discussões e ameaças frequentes. "Alguns falaram em depoimento que o suspeito tinha personalidade de psicopata. E que quando isso acontecia Natana ameaçava contar tudo para a esposa de Toni", revelou a delegada.

Depoimentos de amigas bem próximas à vítima também deram conta que na noite do réveillon Natana teria discutido várias vezes com Toni, por telefone, naquela noite.

Em novo depoimento à polícia, Toni disse que havia ficado em casa na virada do Ano Novo, com a família (a mulher e o filho, de relação anterior). Em seguida, ele teria ficado assistindo a um seriado no computador e teria ido dormir por volta das 3 da manhã. A esposa dele disse que naquela madrugada ela teria ido dormir à 1h, e Toni estava em casa. Quando levantou, por volta das 6h, o marido estava dormindo.

 De livre e espontânea vontade, a esposa do suspeito entregou o computador do casal para ser analisado pela perícia. Ficou comprovado que em nenhum momento ele teria assistido ao tal seriado na fatídica madrugada. 

"O Ministério Público acatou também a decisão e a prisão preventiva foi decretada pelo juiz. Agora é aguardar o desfecho", finalizou a delegada de Cabo Frio, Flávia Monteiro.