Puseram a bola na marca do penalty, mandaram o goleiro
passear e chamaram Renan Calheiros para cobrar. Penalty sem goleiro.
E assim, de mancada em mancada do governo Dilma, Renan vai
se regenerando e tentando fazer esquecer a imagem de bandoleiro do Velho Oeste,
embora ele seja de Alagoas. Aliás, o estado mais violento do Brasil. Lá se mata
barata com 38...
A jogada de marketing é a seguinte: Renan "foi
convencido"- possivelmente por Henrique Alves, presidente da Câmara, e
Michel Temer, vice-presidente da República (aprovado em convenção do PMDB mais
uma vez como vice de Dilma nestas eleições) a "pegar em armas" para
detonar o decreto malsinado 8.243 que cria os tais conselhos populares que
passariam a ditar o que governo deve fazer. Chato para o Congresso, não? Sim,
porque se o decreto colar, o Congresso terá que ter pendurado na porta de
entrada um cartaz dizendo "Fechado para Balanço" ou "Sob nova
direção"...
Vamos aos detalhes.
Segunda-feira passada, dia morno, Renan foi recebido por Dilma e deu o primeiro disparo. Criticou a decisão de criar os conselhos por decreto.
O atalho sugerido pelas velhas raposas é o governo enviar ao Congresso uma
Medida Provisória ou projeto de Lei sobre o tema.
Dilma teria respondido:
- Os conselhos não ferem a competência do Legislativo.
Não? E por que levantou tanta celeuma e polêmica?
O PT (o governo) quer criar assuntos novos para distrair a
atenção da galera das arquibancadas que estaria se bandeando para Aécio?
Dilma não pensa em recuar. Renan também não vai. Prometeu
para terça-feira (ontem) um discurso no Senado descendo a lenha no fato
(aparentemente irreversível) de os conselho nascerem por um decreto
presidencial, goela abaixo do Legislativo. Bom senso, Dilma, será pedir muito?
Este novo herói da resistência vai cobrar o penalty de
costas.