Depois que mais de 60 turistas passaram mal, após mergulho na Praia da Tartaruga, em Armação dos Búzios, o secretário de Meio Ambiente e vice-prefeito da cidade, Carlos Alberto Muniz, está percorrendo a costa buziana nesta sexta-feira (21), em busca de respostas. A suspeita é que tal substância, ainda desconhecida, tenha intoxicado os banhistas. A maioria deles deu entrada no Hospital Municipal Rodolpho Perissé, na tarde de quinta-feira (21), em busca de atendimento médico.

Os sintomas foram os mesmos: ardência nos olhos, queimação nas vias respiratórias e enjoo. O turista gaúcho, Rivaldo Ramos Martins, foi um dos que passaram mal. Ele contou à imprensa que, após mergulho na Praia da Tartaruga, foi acometido por intensa irritação nos olhos e precisou de atendimento médico. 

“A água estava linda e limpa, minha esposa não mergulhou e minha filha não molhou a cabeça, mas não tive a mesma sorte. Estou há pelo menos 3 horas com irritação intensa nos olhos. Senti um gosto de ferro, limão, ácido, sei lá. Um gosto estranho na água do mar. Estou aqui no hospital já fui medicado com anti-alérgico e as vistas foram lavadas com soro fisiológico gelado. Além de mim pelo menos mais 14 pessoas estão aqui no hospital com os mesmos sintomas”, contou Rivaldo.

O analista de suporte Diogo Thompson, que mora na Pavuna e iria ficar em Búzios até domingo, foi outra vítima. Ele contou que, até 21h30m desta quinta, 63 pessoas, a maioria estrangeiros, tinham dado entrada no hospital de Búzios.

"Eu não consigo abrir os olhos, uma coisa horrível. O hospital não tinha estrutura para atender a tantos pacientes porque a cidade não esperava por isso.O prefeito disse que outros casos semelhantes já aconteceram no passado mas não foram divulgados. Estou voltando para o Rio porque não consegui um oftalmologista em Búzios", disse o analista, que voltou com a mulher Yvelize e os filhos.

Yveliza contou que ela e o filho também mergulharam na Praia da Tartaruga, por volta de 9h da quinta-feira (20), mas não tiveram problemas: "O Diogo mergulhou mais fundo, por isso foi contaminado. Os médicos não estavam sabendo dar o diagnóstico. Os sintomas são dores muito fortes na cabeça, olhos bem inchados e garganta e nariz congestionados. A praia teria amanhecido com uma mancha, como se fosse óleo", disse ela.

O prefeito de Búzios, o médico André Granado, afirmou que oficialmente 34 pessoas foram atendidas no hospital público de Búzios das 15h de quinta às 6h desta sexta devido à mancha no mar. Todos foram liberados. O prefeito está despachando no Hospital Municipal Dr. Rodolpho Perissé.

- Algumas pessoas foram afetadas por alergia na Praia da Tartaruga. Ainda não temos a causa do problema e sequer podemos afirmar se a contaminação foi na água. Existe a possibilidade de contaminação do ar ou algas. Decidimos impedir o banho na praia até que tudo seja esclarecido.

Funcionários do hospital informaram que muitos pacientes foram para hospitais particulares de outros municípios, principalmente Cabo Frio, porque Búzios não possui hospitais que atendem a associados de planos de saúde.

Na manhã desta sexta-feira, estão chegando a Búzios cerca de 400 turistas alemãs, canadenses e americanos que estão inaugurando o novo cais da Praia de Manguinhos.

Nesta quinta-feira (21), técnicos da Secretaria Municipal de Meio Ambiente interditaram a Praia da Tartaruga. De acordo com informações, até mesmo quem fica na areia está apresentando os sintomas, por causa do vento, que leva a substância tóxica até a areia.

De acordo com o secretário de Meio Ambiente de Búzios, na noite de quinta-feira, no canto esquerdo da praia, foi encontrada possa com grande quantidade de água contaminada.

“Primeiramente achamos que que poderia ser alguma alga tóxica, mas é muito mais do que isso. Andamos toda a extensão da Praia da Tartaruga de noite, pegamos várias amostras de água em vários pontos. No canto direito nenhum resíduo foi encontrado devido ao vento leste predominante no momento, o líquido foi para o lado esquerdo da praia, onde, em uma poça encontramos grande quantidade de água grossa misturada com algum componente químico. Recolhemos além de água, algas, areia e uma lata de refrigerante que estava enterrada pela metade. Nesta sexta-feira (21), vamos acompanhar a equipe do Inea e de barco percorreremos a Ilha Feia e a Costa Buziana ver se encontramos mais desse líquido. Pela corrente pode-se constatar que veio entre as ilhas Feia e Branca”, disse Carlos Muniz, completando que, ano passado aconteceu algo semelhante entre os meses de fevereiro e março.