ATÉ QUANDO? Ato vai cobrar explicações sobre as mortes no Hospital da Mulher, em Cabo Frio

Será na próxima quinta-feira (24), às 17h. Vereadores da cidade também se mobilizam


A morte de bebês prematuros no Hospital da Mulher (HM), em Cabo Frio, na última semana, gerou uma situação de indignação na cidade, pois as famílias acusam a unidade de demora no atendimento às parturientes e negligência médica. O hospital, por sua vez, enumera justificativas que indicam que as próprias mães seriam as responsáveis pelos problemas (leia nota do HM ao final da matéria). Como a situação não se resolve e o governo municipal não toma providência, ações começam a ser desenhadas. Políticos e sociedade já se mobilizam para reverter o cenário. 

A situação não é de hoje, e há mais de dois anos o Portal RC24h vem fazendo matérias sobre a problemática, que se agravou bastante nos últimos tempos.

Tanto é que na próxima quinta-feira (24), às 17h, vai acontecer um ato na frente do hospital, organizado pelo PSOL cabo-friense. A mobilização Quantos Mais Terão Que Morrer, Hospital Da Mulher? quer "pedir um basta" a estes acontecimentos e exigir atendimento digno e humanizado. A coordenadora do Setorial de Mulheres do PSOL em Cabo Frio, Carolina Werkhaizer, explica que o aumento no número de relatos de mortes naquela unidade de saúde mostra o quão grave é a relidade por que estão passando as mulheres que chegam lá para serem atendidas.

Uma ouvidoria também está sendo estruturada. "Estamos coletando as denúncias das mães que passaram por violência obstétrica, que perderam seus bebês. E não é só o óbito em si, o obito é o ápice da situação. Para que ele aconteça, na frequência em que ele acontece, é porque muitas violações antes dele aconteceram também", comenta Carol. Ela frisa que a "estrutura para baixo", ou seja, tudo o que aconteceu antes dos bebês morrerem, é problemática. 

"Temos que saber se estão sendo cumpridos os protocolos, as diretrizes de parto - que são emitidas pelo Ministério da Saúde. Tudo isso vai ser verificado através dos relatos registrados e assinados pelas famílias, com documentações anexadas, que comprovam que essa nota do hospital não é tão verídica quanto deveria ser. Muito complicado quando o HM tem postura antiética de culpar e acusar as mães de coisas tão graves quanto as que eles acusaram", disse Carol.

Para denunciar, as mães ou parentes devem fazer um primeiro contato pela página do PSOL Cabo Frio no Facebook, mas em breve será colocado um telefone à disposição dessas mulheres. "Mulheres que estiverem se sentindo desconfortáveis com o atendimento, e também as que têm sido vitimas de violência obstétrica ou má conduta por parte do Hospital da Mulher, que nos procurem para registrar essas denúncias. Porque a denúncia formalizada é muito melhor que somente falada".

As denúncias, inclusive, serão todas registradas no Ministério Público e nas comissões de Direitos Humanos e da Mulher da Assembleia Legislativa do Estado (Alerj).

Segundo Carolina, que vai atuar também junto ao deputado federal Marcelo Freixo como assessora parlamentar, o partido não descarta a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), através da deputada estadual Renata Souza.

VEREADORES SE MOBILIZAM

Antes mesmo do ato contra o HM ser marcado, dois vereadores se manifestaram sobre o assunto. Na última sexta-feira (18), Rafael Peçanha (PDT, foto) protocolou ofício junto à secretaria de Saúde cobrando explicações sobre as mortes no Hospital da Mulher e no Hospital do Jardim Esperança, além da falta de material e da demora de 24 horas em atendimentos."Quero saber também por que o secretário não aderiu ao processo seletivo de contratação de pessoal. Estou disponibilizando a partir de hoje meu telefone pessoal, criando uma Linha Direta para receber denúncias sobre o Hospital da Mulher pelo WhatsApp. É muito dinheiro de um lado; muito descaso e gente morrendo de outro", disparou Rafael.

No domingo (20), Vanderlei Bento (PMB) disse na rede social que não se pode admitir essas mortes e defendeu que haja rigor na apuração dos casos e "punição exemplar dos responsáveis". "As queixas tem se avolumado, principalmente quanto aos óbitos no Hospital da Mulher, que sempre foram alvos de reclamações ao longo dos últimos anos. Defendo que a saída é também política, para isso estou apresentando na Câmara Municipal de Cabo Frio a criação da Comissão de Saúde, que funcionará como canal de diálogo para os usuários do SUS".

A reportagem do Portal tentou falar com o secretário municipal de Saúde, Márcio Mureb, mas sem sucesso.

NOTA DO HOSPITAL DA MULHER

"A Diretoria Administrativa do Hospital Municipal da Mulher informa e esclarece que os recentes óbitos de nascituros entre 1º de Janeiro de 2019 até a presente data, ocorreram por diversos fatores: ausência de pré-natal, doenças sexualmente transmissíveis contraídas pelas genitoras e a o consumo de substâncias entorpecentes.

Diante do lamentável quadro, o Secretário Municipal de Saúde, Dr. Márcio Mureb e o Prefeito Adriano Moreno já estão elaborando plano de ação contendo medidas preventivas que perpassam pelo incentivo ao acompanhamento adequado do pré-natal das gestantes, bem como a ampla conscientização da importância dos exames prévios e das vacinas.

Ressalte-se que os falecimentos foram devidamente notificados aos órgãos oficiais, a fim de ratificar a iniciativa de programas sociais de prevenção sobre as causas de mortalidade materno fetal. 

Importante frisar que nova gestão do Hospital da Mulher está totalmente comprometida com a melhoria dos serviços oe prestados à população e se coloca à disposição para maiores esclarecimentos".

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