CABO FRIO / Setores ligados ao Turismo avaliam primeiras semanas do verão e cobram melhorias para o Carnaval

Mobilidade urbana, presença massiva de flanelinhas, falta d'água e insegurança na orla da Praia do Forte foram alguns dos pontos negativos da alta temporada. Poder público se articula para contornar a situação


Cabo Frio depende diretamente do turismo para movimentar sua economia, mas a alta temporada no município também traz a tona problemas que acabam impactando diretamente a vida dos moradores e a viagem de lazer dos visitantes.

Enfrentar retenções no trânsito, a presença massiva de flanelinhas, brigas na orla e a falta de água foram alguns dos contratempos citados pela população e por representantes do trade turístico de Cabo Frio em uma avaliação sobre as primeiras semanas do verão.

Carlos Cunha, presidente do Sindicato Patronal de Meios de Hospedagem, Bares e Restaurantes (SEHR CABO Frio), e que também administra um hotel no Peró, destaca o fechamento da orla do bairro e a atuação mais efetiva do Ministério Público em relação ao ordenamento das praias como alguns dos principais aspectos positivos das primeiras semanas da alta temporada.

Ele também observou o aumento na frequência de turistas com maior poder aquisitivo, principalmente do interior de São Paulo e Minas Gerais, e as melhorias realizadas na infraestrutura de pontos turísticos como o Forte São Matheus e o Morro da Guia.

“Tivemos avanços do ponto de vista turístico, mas ainda é preciso resolver problemas como a falta d’água, que atingiu diversas localidades da região, e melhorar nossa mobilidade urbana. O problema do trânsito talvez não atinja o turismo por enquanto, pois nos anos anteriores, este problema não foi tão acentuado. Porém, se estes defeitos se repetirem nos próximos feriados e no verão 2020, aí sim começaremos a perceber uma fuga de turistas pra cidades mais organizadas. Outro ponto que chamou atenção negativamente e que deve foi a falta de segurança na orla da Praia do Forte, com brigas, assaltos e verdadeiros bailes funk” – pontuou.

Carmem Barreto, responsável por uma agência de Turismo em Cabo Frio, afirma que muitos visitantes reclamam do abandono da cidade, mas observa que grande parte dos problemas enfrentados na região são acentuados pela falta de consciência dos turistas:

“Trabalho com turistas de todas as partes do Brasil e de perfis totalmente distintos. Do ponto de vista de alguns, a cidade parecia abandonada durante a virada de ano, mas há outros que não estão nem aí, e são geralmente esses que cometem irregularidades e não respeitam o perfil e rotina de cada cidade. Quem sofre com isso são os moradores e os bons turistas, que acabam pensando duas vezes antes de retornarem. Cabo Frio tem muito potencial, mas esse ciclo de problemas pontuais acabam afastando a cidade do tão sonhado turismo de qualidade" - observou. 

O secretário de Turismo de Cabo Frio, Radamés Muniz, afirmou que acompanha de perto todas as ações realizadas pelo poder público com impacto direto e indireto ao turismo, e que também leva em conta os anseios e reclamações da população para tentar solucionar problemas pontuais que ocorrem durante a alta temporada.

"Estamos com todos os registros de ocorrências feitas por outras secretarias, como apreensões, multas e reboques de carros, notificações à estabelecimentos comercias por poluição sonora ou venda de bebidas à menores, invasões ambientais, irregularidades em barracas e quiosques na orla, entre outros, pois precisamos monitorar esses dados para melhorar as soluções visando um turismo de qualidade, tanto para os visitantes, quanto para os moradores" - disse Radamés.

O secretário de Turismo observa que "grande parte dos problemas enfrentados nas últimas semanas não são novidade pra ninguém", e que somente medidas de fiscalização severas e constantes poderão mudar a mentalidade de quem visita a cidade e criar um novo patamar de turismo:

"Problemas com ambulantes irregulares e flanelinhas, por exemplo, são mais do mesmo, ocorrem há anos durante a alta temporada. Desde que assumi a pasta do Turismo, tenho ressaltado que precisamos de fiscalização severa e constante para contermos os abusos. O governo tem trabalhado para criar um maior efetivo da guarda por concurso, com melhores condições de trabalho, além de novas viaturas e equipamentos. Temos Fiscais de Posturas com efetivo treinado para abordagem trabalhando em conjunto com as secretarias pertinentes para melhorar nossa atuação, assim como também ocorre no Meio Ambiente e Guarda Marítima. Temos exigido da Procuradoria e Câmara Municipal novas leis para o desenvolvimento do município e menos politicagem, e que todos os envolvidos na gestão pública tenham comprometimento com suas funções" - declarou Radamés Muniz.

 

PODER PÚBLICO SE ARTICULA PARA QUE PROBLEMAS DO RÉVEILON NÃO SE REPITAM NO CARNAVAL

Entre os maiores problemas detectados durante a virada de ano, os flanelinhas foram destaque. A profissão é regulamentada pela Lei Federal nº 6.242 de 1975, e coloca duas condições para que eles exerçam essa profissão: serem registrados na Delegacia Regional do Trabalho, ou em órgão do Poder Público indicado por parceria com essa Delegacia, e atuar somente em locais indicados pela autoridade municipal. Como em Cabo Frio não existem locais liberados para atuação dos flanelinhas, a profissão torna-se ilegal, e dezenas acabaram detidos durante a virada de ano. Durante o Réveillon, pelo menos 50 foram autuados pela Coordenadoria Geral de Ordem Pública por exercício ilegal da profissão, e levados para a delegacia da cidade.

Coibir a ação dos flanelinhas impacta diretamente em várias situações, entre elas a questão do trânsito, uma vez que eles fazem com que motoristas estacionem em locais proibidos como esquinas e garagens, e a segurança, porque muitos usam de violência quando contrariados, e até partem para ameaças contra moradores e turistas” - comentou o coronel Fábio Carvalho, coordenador de Ordem Pública, lembrando que já solicitou à delegacia de Cabo Frio cópia dos registros de ocorrência de todas as detenções realizadas na virada de ano.

“A ideia é que, após detenção, eles passem a ser réus primários, e em caso de reincidência sejam punidos e respondam na Justiça, coibindo, assim, novas ações por parte de outras pessoas que estejam pensando em atuar como flanelinhas aqui na cidade” - disse o coordenador de Ordem Pública, que revelou que foi sugerida a criação de um decreto determinando que toda área pública de Cabo Frio seja de responsabilidade da Coserp (Coordenadoria de Operação do Sistema de Estacionamento Rotativo Pago), reforçando a ilegalidade dos flanelinhas em todo e qualquer ponto do município;

“Esta seria uma solução a curto prazo e que teria um impacto direto e imediato em toda a cidade” - observou o coronel Carvalho.

Para tentar resolver o nó no trânsito de Cabo Frio e melhorar a mobilidade urbana da cidade, a Prefeitura pretende pintar faixas demarcando a distância de 5 metros das esquinas, reduzir ainda mais o número de ruas com mão dupla no Centro da cidade e fazer alterações no trânsito após a ponte Feliciano Sodré, transformando a Gamboa em mão única para quem segue em direção ao Centro, e o Jacaré em sentido obrigatório para quem vai ao Peró, Guriri e Gamboa.

“Essa foi uma das sugestões apresentadas em uma reunião realizada com o prefeito e os secretários, e que teremos que testar antes de colocar em prática de forma definitiva. Mas de antemão, achamos que ela pode, sim, ser uma solução, tendo em vista a existência da balsa fazendo a travessia Centro x Gamboa” - explicou o secretário de Mobilidade Urbana, Marcelo Cardoso.

Ainda com relação ao trânsito, outro ponto considerado vulnerável é a questão dos ônibus de excursão. Uma das ideias é criar barreiras de fiscalização em todas as entradas da cidade, numa ação conjunta da Posturas, Guarda Municipal, Mobilidade Urbana e Governo do Estado.

Sobre o ordenamento da orla, ações envolvendo alguns setores da Prefeitura serão realizadas durante as próximas semanas, com fiscalização e notificação dos barraqueiros e quiosqueiros que ultrapassam o limite de mesas e cadeiras determinado pelo governo, e que insistem em cobrar consumação mínima.

“Tivemos algumas denúncias com relação a esses dois problemas, tanto na Praia do Forte quanto nas praias do Peró e Conchas. A ideia é fiscalizar e notificar, e em caso de reincidência, cassar o alvará” - explicou o secretário de Desenvolvimento da Cidade, Felipe Araújo. A limpeza da orla e ação contra som alto, seja por carros ou caixas de som, também ganhará reforço.

*Texto: Alex Tavares / Portal RC24h

Categorias: Cabo Frio Turismo

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