Apesar da desvalorização da escrita à mão, como não mais necessária na ‘Era Digital’, muitas pesquisas recentes apontam para sua importância no desenvolvimento de diversas habilidades nas crianças. Ler e escrever são aptidões essenciais para o sucesso na vida escolar ou profissional. Ter a letra legível traz benefícios em todos os aspectos como também leva a criança a ler mais rapidamente, perceber melhor as informações, ter um maior reconhecimento de palavras e conhecimento lexical.

Por anos a escrita a mão não foi só importante, mas predominante. Com o passar dos anos o hábito vem sendo substituído pelo uso desenfreado de aparelhos eletrônicos sendo estes muitas vezes a primeira experiência de escrita dos pequeninos. Alguns países como os Estados Unidos estão caminhando para a erradicação da escrita de próprio punho a partir do segundo ano do fundamental, mas muitos pesquisadores são contra. Eles defendem que durante o processo, áreas do cérebro são ativadas, tais como, planejamento, controle motor, áreas perceptivas visuais e processamento da linguagem, sem falar das informações armazenadas na memória (o córtex pré-frontal), o que tem conexão direta com a elaboração e a ex­pressão de ideias. A escrita manual requer a reprodução da forma de cada letra enquanto nos meios eletrônicos nenhuma atividade grafo-motora está associada.

Em um estudo publicado no The Wall Street Journal, a professora de Psicologia da “University of Washington” Virginia Berninger monitorou a atividade cerebral de um grupo de crianças na atividade de escrita à mão em cursiva e com o teclado. Os resultados mostraram que as duas áreas do cérebro estimuladas durante as duas tarefas eram completamente diferentes. Não se pode deixar de lado o fato da escrita também mostrar a identidade pessoal e histórica. Através dela pode-se perceber se a pessoa consegue organizar seus pensamentos e até mesmo demonstrar seus sentimentos.

Exames cerebrais mostram que a rede neuronal ativada durante a leitura inclui áreas relacionadas a processos motores o que sugere que o processo cognitivo da leitura também está conectado ao processamento motor de formação das letras.

Habilidades sensório-motora, grafo-motora e viso-motora, coordenação motora fina e processamento visuo-espacial são algumas das aptidões desenvolvidas com a prática da escrita a Mao. E antes de dizermos se abolimos ou não das nossas vidas, precisamos conhecer os benefícios e aliar o antigo ao novo agregando assim novos conhecimentos.

Maristela Oliveira – Professora e Psicodedagoga, Especialista em “Estudos da Língua Portuguesa”,  Pós-graduanda em Neuropsicopedagogia Clínica e Reabilitação Cognitiva (Instituto Sinapses). Contatos: Tel/whatsapp (22) 992323366 – e-mail: maristelapsiconeuro@gmail.com