COLUNISTA RC24H / MARISTELA OLIVEIRA - Até que ponto o uso da tecnologia pode prejudicar o desenvolvimento cognitivo?

"A tecnologia tem causado mudanças significativas na capacidade de as crianças prestarem atenção (...) isso pode acarretar problemas cerebrais e físicos futuramente"


Nascidos no período em que a internet é tão comum quanto à televisão — até mais, no universo de alguns deles —, os pequenos se assustam quando algo não pode ser acionado apenas com o indicador e dão baile nos pais quando estes sofrem para conseguir encontrar alguma funcionalidade naquele aparelho de última geração.

O imediatismo e a falta de tempo dos pais fazem com que atividades e conceitos importantes para o desenvolvimento intelectual do indivíduo sejam postos de lado. Por conta disso, e também do consumismo, as brincadeiras ao ar livre e a companhia de amigos está dando lugar à atividade solitária. 

Segundo apontou um relatório divulgado em 2014 pela Public Health England, agência responsável por definir os parâmetros do sistema de saúde público britânico, crianças que passam muito tempo na internet estão desenvolvendo problemas de saúde mental. As que passam mais de quatro horas conectadas diariamente são as que mais correm riscos, que vão desde problemas sociais, passando por depressão, ansiedade e baixa auto-estima. São dados considerados alarmantes e reforçam o temor de pais e educadores quanto à dificuldade em fazer com que as crianças consigam se desligar desses aparelhos.

A tecnologia tem causado mudanças significativas na capacidade de as crianças prestarem atenção. Existem quatro fatores que melhoram o desenvolvimento dos pequenos: movimento, toque, conexão e natureza. E ela priva a criança do envolvimento com esses fatores. E, em algumas delas, isso pode acarretar problemas cerebrais e físicos futuramente.

De acordo com Christian Müller, neuropediatra, membro da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) "Dores de cabeça, alterações posturais, prejuízos na visão, tudo isso já foi pesquisado. Sem falar no prejuízo na hora de dormir, já que a luz emitida por eles altera a liberação da melatonina, hormônio que regula o sono e que só é liberado no escuro”.

Portanto, muito mais do que olhar para os filhos usando os equipamentos, os pais precisam, perceber que tipo de relação estabelece com eles. Mesmo sabendo que a criança de hoje é diferente, o que se deve ser questionado é a convivência entre pais e filhos. Será que estes estão dedicando tempo suficiente aos filhos? O que vai importar realmente, sempre, é a qualidade da presença que está sendo oferecida a essas crianças.

 

*Maristela Oliveira – Professora e Psicodedagoga, Especialista em “Estudos da Língua Portuguesa”,  Pós-graduanda em Neuropsicopedagogia Clínica e Reabilitação Cognitiva (Instituto Sinapses). Contatos: Tel/whatsapp (22) 992323366 – e-mail: maristelapsiconeuro@gmail.com

Categorias: Comportamento

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