Depois de muita discussão - não só no âmbito político mas, principalmente, em toda a comunidade de moradores - o bairro de Maria Joaquina, que pertencia a Cabo Frio - agora é território buziano. Por 47 votos a zero, os parlamentares da Alerj derrubaram o veto do governador quanto à transferência da administração do bairro. 

O projeto, de autoria do deputado Paulo Ramos (sem partido), foi aprovado em segunda discussão no dia 5 de dezembro por 47 favoráveis, um contrário e uma abstenção. A aprovação foi vetada por Pezão em janeiro. Para que o veto fosse derrubado eram necessários, pelo menos, 36 votos.

O deputado justifica que os moradores de Maria Joaquina já trabalham, estudam, recebem atendimento médico e realizam atividades recreativas em Búzios. O texto do projeto altera a Lei 2.498/95. O bairro fica a cerca de 15km de distância de Búzios e a 30km do centro de Cabo Frio.

A deputada Marcia Jeovani (DEM), postou na sua págiuna da rede social, logo depois que votou. "Tenho certeza que fizemos a vontade da população. Com certeza não só a comunidade de Maria Joaquina como toda Búzios está em festa", disse a parlamentar.

E parte dessa comunidade, como algumas lideranças políticas, foi à Alerj para acompanhar de perto. 

Para o deputado Silas Bento (PSDB), é uma justiça que se faz com os moradores de Maria Joaquina que estudam, recebem atendimento médico e realizam suas atividades de lazer em Búzios, e que sentem que pertencem ao município vizinho. "Eles foram abandonados por Cabo Frio há décadas, tanto por governos anteriores como pelo atual, que também nunca fez nada por aquela comunidade".

O bairro possui apenas uma única escola que só abrange crianças do primeiro ano até o quarto ano. Para realizar o curso de educação de jovens e adultos os moradores precisam, por exemplo, se deslocar para Búzios. Maria Joaquina também não possui identificação de ruas e não tem CEP. Com uma população de 12 mil habitantes só há uma creche no bairro, o único posto de saúde tem apenas um médico e muitas ruas não tem acesso a energia elétrica. Não há também geração de renda nem de empregos oriundos de Cabo Frio.

"Os moradores de Maria Joaquina não aguentam mais viver desta forma. É muito sofrimento e dificuldade. Estão sempre abandonados e nunca foram reconhecidos por Cabo Frio. Estou deputado há apenas um ano. Se eu fosse deputado há mais tempo teria sido o autor ou assinaria junto com o autor o projeto de Lei", concluiu Silas Bento.