A intervenção decretada pelo Governo Federal na segurança pública do Rio de Janeiro tem gerado várias discussões sobre os impactos da medida de combate a violência no estado. Temos ouvido várias críticas de especialistas a cerca da iniciativa, mas a verdade é que, do jeito que a violência no Rio de Janeiro tem se propagado, alguma medida deveria realmente ser tomada. A população esperava por uma resposta.
A meu ver não se trata de uma medida “sem sentido” como muitos falam. Essa intervenção era necessária diante da situação de descontrole que vivemos. Além disso, o emprego das Forças Armadas na segurança pública tem dado resultados positivos pelo Brasil.
O problema agora é com os efeitos da medida do governo e o que será feito para evitar a fuga de criminosos da capital para as cidades do interior, como Saquarema, Araruama, Iguaba Grande, São Pedro da Aldeia, Cabo Frio, Arraial do Cabo, Rio das Ostras, Casimiro de Abreu e Macaé. Sim, as cidades da Região dos Lagos e da Baixada Litorânea estão na mira dos bandidos, porque com a segurança do estado nas mãos de um general do Exército, esses bandidos vão buscar abrigo nesses municípios.
Não acredito que os criminosos se desloquem para outros estados como muitos afirmam. O mais provável é que eles busquem locais próximos às suas áreas de atuação. Então o que devemos discutir neste momento? É necessário que se faça um planejamento das ações para evitar qualquer prejuízo oriundo da intervenção.
Essa não é a primeira vez que as Forças Armadas atuam na segurança pública do Rio. Uma vez ou outra as Forças Armadas aparecem para dar uma sensação maior de segurança ou apoio a operações policiais. Foi assim em 2008 com o início de instalação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPS); em 2010, na ocupação do Complexo do Alemão; em 2013, na Jornada Mundial da Juventude; em 2014, na Copa do Mundo e nos Jogos Olímpicos de 2016. Em todos esses casos a presidência da República emitiu a Garantia da Lei e Ordem (GLO) para que as Forças Armadas pudessem apoiar a segurança no Rio, e com o Exército sufocando a criminalidade na capital, os índices de violência nesses munícipios cresceram.
Estou preocupado com o deslocamento desses criminosos. Precisamos policiar as entradas e saídas desses municípios. Acho que devemos fazer uma política especial neste sentido. Precisamos criar barreiras para impedir que essas cidades sejam invadidas pelo crime.
Estou solicitando a presença do general Walter Souza Braga Netto na tribuna da ALERJ para que possamos entender melhor o alcance dessa intervenção, além de conhecer como será executado o plano de contingência com a Polícia Militar e Polícia Civil e a participação das secretarias de segurança dos municípios da nossa região, a fim de evitar danos maiores do que aqueles que já vivemos no nosso dia a dia.
*Silas Bento é empresário, teve cinco mandatos de vereador; foi duas vezes presidente da Câmara de Cabo Frio e vice-prefeito do município cabo-friense e atualmente é deputado estadual pelo PSDB e presidente da comissão de Turismo da Alerj.