Delegado da PF de Macaé nega envolvimento com políticos após inquérito aberto pelo MPF: 'Sou ficha limpa'

Indicado para o cargo de superintendente da Polícia Federal do Estado, Felício Laterça se defende em entrevista coletiva nesta sexta em Macaé


O delegado Felício Laterça, indicado para o cargo de superintendente da Polícia Federal do Estado do Rio, nega que tenha ligações com políticos após o Ministério Público Federal (MPF) abrir um procedimento para apurar o caso. A afirmação foi feita durante uma entrevista coletiva na manhã desta sexta-feira (2) na sede da PF em Macaé.

Delegado titular da delegacia da PF em Macaé, ele ainda negou que esteja sendo investigado pelo MPF.

"Minha indicação ao cargo máximo da PF no Rio trouxe desconforto entre os colegas da própria PF. O MPF não está investigando nada. Não há denúncia sendo investigada. Tenho 28 anos de carreira. Sou ficha limpa. Não há nada anotado no meu histórico", disse Laterça, que concedeu a entrevista ao lado do prefeito de Macaé, Dr. Aluízio Júnior (PMDB).

De acordo com o documento do MPF enviado à PF, a indicação do delegado ao cargo precisa ser investigada pois já existe um outro procedimento desde setembro do ano passado questionando o contrato de aluguel do imóvel onde funciona a delegacia da PF em Macaé.

"Na época da mudança no prédio (2016), houve uma denúncia anônima. Os corregedores apuraram e enviaram os pareceres para o MPF e foi decidido que não iriam dar continuidade por falta de provas. Repito que não há investigações nenhuma do MPF", reforçou Laterça.

Segundo o documento, o prédio é da Prefeitura e investigações apontam que o contrato teria sido fechado em uma troca de favores onde o irmão do delegado, Rodolfo Laterça, conseguiu um cargo no gabinete do então deputado estadual Farid Abrão (PTB), por intermédio de indicação do prefeito de Macaé, Dr. Aluízio (PMDB). Atualmente, Farid é prefeito de Nilópolis.

"Cheguei aqui em 2015 e meu irmão já estava na Alerj. É mentirosa a informação que meu irmão foi beneficiado com a mudança do prédio. Meu irmão foi cedido à Alerj com o próprio salário e não recebia salário da Alerj. Um próprio relatório do MPF revela a necessidade de mudança do prédio. Onde a PF estava, não havia a menor condição de trabalho. Por isso estamos aqui".

Em nota, a Prefeitura de Macaé informou que o imóvel onde funciona a delegacia da PF foi alugado em 2006, antes da gestão de Dr. Aluízio. Ainda de acordo com a nota, a Prefeitura celebrou um Termo de Comodato com a Polícia Federal, transferindo a delegacia da antiga sede, também paga pelo Governo Municipal, para o novo prédio.

"A elaboração do contrato de locação da prefeitura para ceder o espaço para a PF existe desde 2006. Em 2009, isso foi reconhecido oficialmente. Em 2016, foi assinado o comodato do prédio em questão", disse o prefeito de Macaé, Dr. Aluízio Júnior, que negou ter intermediado um cargo para o irmão do delegado no gabinete de Farid Abrão.

"Farid Abrão eu não conheço. Nem por foto. Não conheço o Rodolfo Laterça, nem por foto", disse ele.

Felício Laterça ainda informou que estuda nomes para cargos durante a sua posse como superintendente da Polícia Federal no Rio. O Ministério da Justiça, no entanto, informou que precisa dar o aval para a nomeação do Superintendente da PF, mas afirmou que ainda não foi notificado sobre a indicação de Felício Laterça.

"já tenho nomes para estarem comigo na frente da superintendência da PF do Rio. São pessoas comprometidas em combater qualquer tipo de irregularidade. Na superintendência da PF do Rio eu vou combater a corrupção", encerrou o delegado.

Farid Abrão ainda não se manifestou.


*Matéria do G1 Região dos Lagos

Categorias: Política

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